Homossexuais com limitações físicas revelam ter uma vida sexual ativa e prazerosa

Nos cinemas brasileiros desde a última quinta-feira (10), o filme “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” conta a história de Leo (Guilherme Lobo), um jovem cego que se apaixona pelo colega de escola Gabriel (Fábio Audi). Premiado internacionalmente, o longa coloca em evidência os relacionamentos afetivos dos homossexuais que lidam com limitações físicas em seu dia a dia. Com paralisia cerebral, o ator carioca Pedro Azevedo Fernandes, 22, é um deles.
“Nasci de cinco meses. Na hora do parto, faltou oxigenação no cérebro. Minhas funções cognitivas foram preservadas, minha paralisia não afetou nem fala nem intelecto, só a parte motora”, explica Pedro, que namora há cinco meses o técnico de informática Thiago Matias de Oliveira, 28.
Thiago revela que se encantou com o agora namorado logo que viu uma imagem dele na internet. “Conheci o Pedro pelo Instagram, vi uma foto dele e fiquei apaixonado. Perguntei a um amigo quem era ele e depois nos adicionamos no Whatsapp. Conversamos por quase dois meses”, relata o técnico de informática.
Por conta de suas limitações físicas, Pedro se mostrava reticente nas conversas, mas o técnico de informática não desanimou. “Ele tinha preocupações de me ver o ajudando em algumas necessidades como tomar banho. Dizia que não queria que eu fizesse certas coisas por ele e foi me preparando para tudo. Mas não pensei muito a respeito disso. Sempre fiz tudo por ele de boa”, conta Thiago.
Os receios de Pedro não eram sem motivo e vinham de experiências anteriores. “Eu saia pra balada, ficava com um e outro, mas sentia muito preconceito. As pessoas não se aproximavam por medo, por não saber como lidar. Cheguei a ouvir frases como ‘ele é até bonito, mas não vou ficar com ele porque é cadeirante’”, descreve o ator.
Com o namoro, Thiago também passou a enfrentar situações de preconceito. “As pessoas falam coisas do tipo: ‘Credo, como ele tem coragem de ficar com um cadeirante?’ e ‘Imagina as posições limitadas deles?’. Mas nós tiramos isso de letra, não damos ouvidos a esse tipo de comentário”, diz o técnico, ressaltando, no entanto, que também recebe mensagens de apoio. “As mulheres no geral acham a gente um casal fofo e falam que somos lindos.”
CARA DE COITADO
Hoje com 40 anos, a funcionária pública Selma Rodeguero ficou paralitica aos 17 anos em um acidente automobilístico. Já tendo consciência de que era lésbica, ela só se assumiu no ano seguinte ao que ficou com a deficiência. Também passando por situações de preconceito, Selma sente que o fato de ser cadeirante incomoda mais os outros do que a sua orientação sexual.
“Sou muito bem resolvida, então não estou nem aí. Quero mais que me olhem e saibam que eu sou sapatão. Agora em relação a ser cadeirante é pior, as pessoas acham que a gente não faz sexo, que não consegue fazer nada sozinho. Olham com aquela cara de que a vida acabou. Cara de coitado, sabe?”, desabafa Selma.
Mas Selma rejeita o indesejável título de ‘coitada’, confessando ainda que a sua vida afetiva e sexual é mais do que satisfatória. “A mulher lésbica lida muito bem com isso, impressionante como elas gostam, acho que é o lado materno. Homens são muito encanados com a aparência, mas mulher não.”

Fonte MHbIG