‘Rebelde’ promete muito, mas tem texto irregular

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A Record aposta muitas fichas em Rebelde, adaptação nacional do sucesso homônimo mexicano. Margareth Boury, a autora, garante que os investimentos são altos – sem revelar valores – e a TV faz sorteios de notebooks, iPads e carros zero quilômetro durante a exibição dos capítulos para tentar prender o público. Mas a verdade é que, até agora, as cenas revelam que a emissora entrou em um jogo de alto risco. Principalmente pelo texto, que não mostra o tom certo para prender os jovens. Muito menos para agradar à família inteira, como a direção da Record defende. Às vezes, é formal demais.

E, em outras, infantilizado em excesso. Por isso mesmo, não chega a ser uma surpresa que, ao concorrer com a estreia de Morde & Assopra, tenha perdido a disputa por 21 pontos no primeiro capítulo. A Record teve de se contentar com nove, enquanto a Globo pôde comemorar 30 pontos conquistados com sua história de dinossauros e robôs. Um assunto que também gera bastante interesse no público infantojuvenil, diga-se de passagem.
Primeira novela em alta definição da Record, Rebelde abusa das cores em seus cenários. E tudo é luxuoso demais, repetindo os mesmos erros de outros programas focados nos jovens que reproduzem realidades bem diferentes das vividas pela maior parte dos telespectadores, como a velha conhecida Malhação. O regime de colégio interno já é estranho para os brasileiros.

Ainda mais quando se ouve da boca do diretor da escola, o Jonas, interpretado por Floriano Peixoto, que os alunos podem ser impedidos de voltar para casa nos finais de semana. Uma espécie de castigo imposto pelo colégio tido como o mais concorrido na sociedade retratada no texto. Nenhum internato goza dessa reputação no Brasil.

O grupo dos seis “rebeldes”, ao que parece, foi bem escolhido. Sophia Abrahão, Mel Fronckowiak e Lua Blanco se saem bem em quase todas as cenas, mesmo com tintas carregadas com tanto exagero no discurso da popular Alice, da anoréxica Carla e da revoltada Roberta, respectivamente.

Entre os meninos, Arthur Aguiar é o que parece mais preparado, mas o intérprete do adolescente alcoólatra Diego não tem o mesmo carisma do ídolo “teen” Chay Suede, revelado na última edição do Ídolos, na própria Record. Na pele do mulherengo Tomás, o aspirante a cantor sabe aproveitar bem sua ginga musical. Só Micael Borges, que já foi mocinho de Malhação, ainda está longe de convencer na pele do justiceiro Pedro. Mas é inegável que é ele o mais famoso do grupo, o que pode ajudar a atrair mais telespectadores.

Margareth Boury diz ter nas mãos um trunfo que pode agradar os jovens: o uso das mídias sociais. A ideia é fazer com que alguns personagens, em tempo real, se comuniquem com os telespectadores através do Twitter ou do Facebook. Um instrumento que pode até funcionar, já que o acesso a esse tipo de tecnologia vem se popularizando cada vez mais. Porém, não adiantam ações pontuais para garantir o sucesso de um programa que, pela vontade da emissora, já começa com um planejamento de 222 capítulos.

A intenção, eles dizem, é dobrar a duração. Mas vale lembrar do que aconteceu com Alta Estação. Quando a primeira aposta da Record em teledramaturgia “teen” foi lançada, falava-se em quatro temporadas, cada uma de aproximadamente um ano. Mas a novelinha não chegou a nove meses de exibição, encerrada com 162 episódios.


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