CRÍTICA: Elencos desgastados na televisão

Herson Capri como Alberto em "Aquele beijo"

“Dancing with the stars” lidera hoje a lista dos programas mais populares da televisão americana. A informação está no ranking publicado esta semana no “TV Guide” (www.tvguide.com). Outra referência ao reality saiu nos últimos dias no “The New York Times” e chama a atenção. Segundo o jornal, os professores de dança do “Dancing with the stars” têm hoje mais fãs do que as celebridades participantes. A explicação para esse fenômeno estaria na constância com que eles aparecem no ar. Enquanto as celebridades variam a cada edição, os bailarinos se mantêm firmes no palco há seis anos. A análise do “NYT” prova que instrutores de dança, ao ocupar por muito tempo um posto, não cansam o público. Pelo contrário: reforçam o respeito que já existe implícito em sua condição de professores.

O oposto ocorre com os atores quando eles se tornam presenças permanentes no vídeo. Nas novelas da Globo, vem ocorrendo um abuso nas escalações recorrentes. O intérprete, às vezes, volta ao ar tão rapidamente que ressurge inexoravelmente impregnado de seu personagem anterior. Um exemplo é Herson Capri, que na recentíssima “Insensato coração” fez o vilão Cortez. O banqueiro era um daqueles tipos que ninguém esquece. Mesmo assim, passado pouco mais de um mês, Capri já está no ar em “Aquele beijo”. O ator declarou que os personagens são completamente diferentes, por isso aceitou o convite de Miguel Falabella. Mas este argumento não basta. É confiar demais na capacidade amnésica do espectador, que passa a não acreditar nos enredos.

Por outro lado, sempre que uma produção aposta em elencos bissextos, há boas surpresas e frescor. Para citar de memória, isso aconteceu em “A favorita”, em “A cura”, em “Tudo novo de novo”. Finalmente, em “A vida da gente”, no ar atualmente, há ótimas surpresas, como Maria Eduarda, num bom papel. Todo mundo reclama que o trabalho de escalação é um quebra-cabeças. É mesmo. Por esse motivo é preciso quebrar mais a cabeça para ir mais longe ao buscar cada peça.

O ator como Cortez, em "Insensato coração"