Lutando contra as misérias do clichê, o filme ‘Reis e Ratos’, de Mauro Lima — nos cinemas dia 17 —, investe na desconstrução da imagem de seus atores. Com um elenco numeroso, que traz Selton Mello, Otávio Muller, Rafaela Mandelli, Rodrigo Santoro e Cauã Reymond, o longa chama atenção pela riqueza da composição de alguns tipos. Em especial o deHervê Gianini, radialista médium e homossexual, vivido por Cauã.
Como Hervê, ator põe para fora seu lado feminino emostra talento para comédia no filme de Mauro Lima
“É gay, mas sutil. Tipo aquele cara que você olha e comenta: ‘Esse ainda não percebeu o que é. Alguém precisa dizer a ele’. E tem humor também. No começo da minha carreira, fiz umas coisas que não sabia se eram comédia ou não, mas engraçadas. Tipo ‘Malhação’”, gargalha Cauã, que surge na tela até de toalha enrolada na cabeça e desmunhecando direto. “Tem uma cena em que eu fico girandoumaespada. Uma hora a lâmina soltou e deiumgritinho daqueles”, confessa ele.
Mas a parte mais complicada para o ator foi lidar comolado espiritual do personagem. “Eu sou um cagão. Morro de medo.Seouçobarulhos,começo a rezar”, revela ele. “Hervê também não sabe lidar com sua mediunidade”, compara Cauã, que já passouumanoite colado à mulher,GraziMassafera, por conta de seu pânico de almas penadas. “Tinha voltado de uma externa à noite. Cheguei em casae colei nela, de conchinha, meio nervoso. Grazi disse: ‘Você também ouviu?’. Eu respondi: ‘Ufa! Você também está acordada?’. Rimos e relaxamos”, entrega. Apesar de não ser a primeira vez que interpreta um personagem homossexual na telona— ele também viveu um DJ gay no filme ‘Estamos Juntos’ —,Cauãconfessa ter dificuldade para encontrar seu lado feminino. “Da outra vez, fui até a uma terapeuta reichiana. Andei pela noite paulistana gay e cheguei de personagem lá. Ela vai te perguntando coisas com uma lanterna e você projeta o globo ocular na luz. Isso me ajudou a construir o interior do Murilo”, conta ele sobre o trabalho anterior.
Já para viver oafeminado locutor, Cauã fez sessões de fonoaudiologia. “Fiquei ouvindo o Repórter Esso direto, até no carro”, conta ele, que utiliza a mesma impostação de voz dos locutores dos anos 50 e 60, já que o filme se passa em 1963.
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