A presença de Patrícia Pillar em novelas é quase bissexta. O último folhetim em que ela atuou do início ao fim
foi A Favorita, que estreou em 2008, quando interpretou a antagonista
Flora. Agora, ela volta à teledramaturgia na pele de mais uma vilã, a
Constância de Lado a Lado. Encarnar dois papéis de perfil parecido na
sequência, no entanto, não a incomoda.
"Não faço cálculos de tempo para descansar minha imagem e não vejo
problema em fazer duas antagonistas seguidas. Não costumo fazer novelas
próximas para poder investir em outras coisas", argumenta Patrícia, que
também participou de Passione, em 2010, e de As Brasileiras.
Além disso, apresentou o Som Brasil, em 2011, e se lançou como diretora com o documentário Waldick, Sempre no Meu Coração, sobre o ícone da música brega Waldick Soriano.
"Acho importante variar. Faz bem para o artista", opina.
Na novela,
Patrícia encarna uma mulher ambiciosa, que bota seus objetivos acima de
tudo e todos e acaba provocando o mal. Apesar de suas ações visarem o
bem da família, a ex-baronesa usa artimanhas pouco éticas e reprime os
próprios filhos, Laura, interpretada por Marjorie Estiano, e Albertinho,
de Rafael Cardoso.
"Ela ama os filhos e quer que eles sejam felizes. Só que através do
caminho que ela acha certo. A Constância tem uma visão obtusa e
conservadora", avalia.
A trama se passa no início do século XX, logo após a criação da
República. O Rio de Janeiro enfrenta transformações, como a modernização
das ruas e prédios e o nascimento das favelas. Durante a Monarquia, a
família de Constância era da aristocracia do café, mas entrou em
decadência com o fim da escravatura.
Para garantir a posição social do clã, a ex-baronesa mantém um
relacionamento extraconjugal com um homem influente e investe no
casamento de Laura com um rapaz rico. A filha, porém, faz parte de um
grupo de mulheres que, já na época, sonha em trabalhar e se emancipar.
"A Constância acha que o casamento fará a filha feliz e que é a solução
para os seus problemas. Mas ela não consegue conter o pensamento da
Laura, que vai muito além disso", analisa.
Por valorizar a imagem social da família, a ex-baronesa não admite que
Laura seja amiga da filha de escravos Isabel, de Camila Pitanga, e muito
menos que Albertinho se envolva com a moça negra e pobre. Para ela,
toda a classe social da qual Isabel faz parte é irrelevante e não merece
qualquer tipo de consideração.
"A novela fala do nascimento da sociedade moderna. E a Constância
representa a parte da nossa elite que é egoísta e que não demonstra
nenhuma sensibilidade social", ressalta.
Para compor o papel, Patrícia participou de um laboratório sobre os
acontecimentos históricos e a cultura do início do Século XX com
preparadores da Globo. Nas aulas, aprendeu também alguns trejeitos, como
a andar com a elegância de uma baronesa do café.
"É maravilhoso ter acesso a tantas informações e uma caracterização tão
forte, com vestidos cheios de camadas e rendas. Tudo ajuda na linguagem
da personagem", comemora a atriz, que se empenhou para criar uma vilã
repleta de sutilezas.
"A Constância tem características de uma mocinha. Ela é doce e feminina", destaca.
Patrícia já fez inúmeros folhetins de época, como as duas versões de
Sinhá Moça, de 1986 e de 2006, Salomé, de 1991, e Cabocla, de 2004.
"Eu adoro esse universo", confessa.
Mesmo com as semelhanças entre a atual personagem e as anteriores,
especialmente a baronesa Cândida, do remake de Sinhá Moça, a atriz
acredita que os papéis se distanciam em diversos pontos.
"Cândida era do campo. Essa é uma ex-baronesa da cidade, o que muda
tudo. O declínio financeiro desestrutura a família dela, é outra
dinâmica", compara.
0 Comentários
Sua opinião é importante