Formado
em medicina na Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto,
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira iniciou a
carreira de jogador de futebol no Botafogo-SP, clube o qual também
revelou o irmão do ex-jogador Raí, campeão do mundo em 1992 e 1993 pelo
São Paulo, no ano de 1974, depois de terminar o curso de graduação.
Com
a camisa tricolor no interior, Sócrates mostrou um enorme talento,
especialmente na troca de passes. Sem muita velocidade e explosão, o
ex-meio-campista notabilizou o toque de calcanhar e a categoria com a
bola nos pés. No Botafogo-SP, a principal campanha ocorreu em 1977,
quando terminou como artilheiro da competição.
A boa passagem
durante os quatro anos pelo clube do interior rendeu a transferência
para o clube do Parque São Jorge no ano de 1978, quando se firmou no
cenário nacional, conquistando espaço, inclusive, na Seleção Brasileira.
Com a camisa alvinegra, o "Doutor", como ficou conhecido no mundo do
futebol por conta da formação acadêmica, disputou 298 jogos e assinalou
172 gols - ocupa a oitava colocação no ranking de artilheiros da
história do clube. Além das conquistas individuais, o ex-meio-campista
se consagrou ao vencer os Campeonatos Paulistas de 1979, 1982, 1983
Além
das conquistas esportivas com o Corinthians, Sócrates também teve um
papel fundamental na política do clube, atingindo até um nível nacional.
O ex-meio-campista acabou sendo um dos líderes da Democracia
Corintiana, um movimento de cunho ideológico que transformou o ambiente
normal do dia a dia de um clube. Os jogadores, anteriormente submissos
às decisões da comissão técnica, passaram a também participar das
decisões, como em caso de concentrações, viagens, entre outros.
As
atitudes da equipe modificaram a hierarquia dentro do Corinthians. Sob o
período da democracia, o voto do presidente em uma decisão interna
teria o mesmo peso da opção de um roupeiro. Com tamanha politização fora
dos gramados, o ex-jogador se tornou um símbolo, inclusive, da luta
contra o regime militar, que acabou abolida no País no ano de 1985.
O
movimento criado internamente no clube acabou transferido para o
público, especialmente quando o Corinthians vestiu uma camisa com o
"patrocínio" das "Diretas Já", variando para frases como "Dia 15, vote",
por conta da eleição direta para o governo de São Paulo, e "Eu quero
votar para presidente".
Um dos atletas mais influentes dentro do
grupo, Sócrates nunca escondeu a insatisfação em relação à ditadura, e
externava a liderança dentro da equipe com opiniões fortes em um dos
períodos mais tensos da história recente brasileira.
Tal
movimento não atrapalhou o desempenho da equipe alvinegra dentro dos
gramados. Durante o período da "Democracia", o Corinthians venceu o
bicampeonato paulista (1982 e 1983), em uma das formações mais exaltadas
pela torcida. O desempenho de Sócrates, inclusive, rendeu ao
meio-campista a convocação para a Copa do Mundo de 1982, quando o Brasil
perdeu para a Itália nas quartas de final.
Dono de um estilo
elegante dentro de campo, Sócrates deixou o Corinthians no ano de 1984 e
se transferiu para a Fiorentina, da Itália. No futebol europeu, o
ex-jogador não apresentou o mesmo nível de jogo, e retornou ao País um
ano depois para defender o Flamengo. No Rio de Janeiro, ele acabou
convocado para a Copa do Mundo de 1986.
No Mundial do México,
Sócrates ficou marcado por errar a penalidade na disputa por pênaltis
contra a França, nas quartas de final. Eliminado com o time nacional, o
ex-meio-campista perdeu espaço no elenco. Antes de encerrar a carreira, o
"Doutor" ainda vestiu a camisa do Santos e do Botafogo de Ribeirão
Preto.
Em 2004, o carismático médico-jogador ainda "voltou" aos
gramados. Aos 50 anos de idade, Sócrates acabou contratado pelo Garforth
Town, uma equipe semi-profissional do norte da Inglaterra. Com um
contrato de um mês, o ex-atleta da Seleção Brasileira atuou por menos de
15 minutos, em partida contra Tadcaster Albion, por um campeonato
regional.
Apesar da aposentadoria e do estilo de vida do
"momento", como declarou no último dia 19 de agosto o amigo e jornalista
Juca Kfouri, Sócrates continuou perto do futebol. O ex-jogador
trabalhou como articulista na revista Carta Capital, como comentarista
no programa Cartão Verde, da TV Cultura, e foi blogueiro do Terra
durante a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
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