Estar em contato com o público é uma espécie de motivação a mais para o
trabalho de Dira Paes. No ar como a Lucimar de Salve Jorge, a atriz tem tido a oportunidade de experimentar uma repercussão calorosa. É comum ser parada nas ruas por pessoas que querem abraçá-la e conversar sobre os rumos da personagem.
"Muita gente está vendo você. É uma relação de sentimentos direta, sem intermediários", acredita.
As abordagens aumentaram ainda mais depois que foi exibida a cena em
que Lucimar recebeu a notícia de que Morena, protagonista de Nanda
Costa, morreu. Nesse dia, Dira estava em casa assistindo à novela. E,
depois da sequência, as ligações elogiosas e emocionadas começaram a
"pipocar".
"Fiquei
feliz porque a repercussão foi a partir do envolvimento sentimental com
a personagem. As pessoas sabiam que Morena estava viva, mas elas se
sentiram tocadas pela emoção de uma mãe sabendo que a filha morreu",
avalia.
O caráter justiceiro da personagem, que parece ter assumido a função de
heroína da trama de uns tempos para cá, Dira percebeu durante os
workshops de preparação para a novela. Neles, a atriz presenciou
depoimentos de mães que perderam suas filhas para o tráfico humano.
"As mães não calam nunca", frisa.
Além disso, Dira está acostumada a conviver com essas mulheres que
precisam de um apoio para resolver seus problemas. Isso porque faz parte
da ONG Movimento Humanos Direitos (MHuD), que é voltada principalmente
para a questão do trabalho escravo, dos abusos praticados contra
crianças e adolescentes, entre outras. E acabou utilizando essa
experiência na composição de Lucimar.
"Gosto muito dessa humanização dos personagens porque eu considero que
mulher moderna é aquela capaz de sobreviver com o mínimo. Essa mulher,
para mim, é a grande heroína contemporânea. Acho que a Lucimar traduz um
pouco isso", compara.
Papéis mais densos, aliás, têm sido uma constante na carreira
televisiva de Dira justamente uma atriz que ficou conhecida pelo grande
público a partir de uma personagem cômica: a Solineuza de A Diarista.
Mas, desde que interpretou a Norminha em Caminho das Índias – que também
tinha uma pegada mais humorada emendou tipos dramáticos. Como a Marta
de Ti-Ti-Ti, a Celeste de Fina Estampa e agora a Lucimar.
"Foi uma coincidência. Depois da Norminha, que era uma personagem
cômica, tragicômica, eu só fui convidada para papéis mais densos na
televisão", conta.
Na hora de aceitar uma personagem, inclusive, Dira costuma avaliar o
conjunto do projeto e não apenas o perfil que irá interpretar. As
pessoas envolvidas no trabalho são um ponto muito importante para a
atriz.
"Vejo se quero estar junto delas, se quero conhecer aquelas pessoas.
Mas acho que, provavelmente agora, vou respirar e avaliar melhor. Porque
eu estou sentindo vontade de navegar em outros mares", avisa.
Até hoje, seis anos depois que A Diarista saiu do ar, Dira é lembrada
pela Solineuza. Superando até a sensual Norminha, que é mais recente, já
que Caminho das Índias foi exibida em 2009.
"É engraçado, me surpreende que a Solineuza seja muito mais forte que a Norminha na lembrança do público", ressalta.
Na época do seriado protagonizado por Cláudia Rodrigues, que durou três
anos e meio, Dira chegou a refletir sobre a possibilidade de ficar
muito marcada por aquela personagem. Mas, ao mesmo tempo, ela fazia
tanto cinema, que saciava a necessidade de experimentar coisas
diferentes.
"Por exemplo, quando eu estava fazendo a Solineuza, filmei Dois Filhos
de Francisco. Muita gente não achava que era a mesma atriz. Isso me
lisonjeia", comemora ela, que acumula mais de 30 filmes em seu
currículo.
"Para mim, eu sou uma atriz do Brasil, porque já rodei esse país todo fazendo cinema", pontua.
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