Reunido com a cúpula da Igreja Católica do país na 51ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, Dom Dimas Lara Barbosa, porta-voz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lembrou a postura ecumênica adotada pela Igreja nas últimas décadas ao comentar os ataques de que os católicos foram vítimas em uma pregação do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
- Eu li a transcrição do vídeo. Nesse momento é importante lembrarmos que estamos celebrando este ano os 50 anos do Conselho do Vaticano II, que abriu as portas da Igreja para o diálogo ecumênico. O diálogo pressupõe o respeito à liberdade de confiança e à liberdade religiosa das pessoas. A mensagem católica caminha na direção do diálogo e do respeito, não do confronto - afirmou o bispo, em resposta ao deputado.
De acordo com Dom Dimas, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz, um organismo de leigos que acompanha os trabalhos da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, decidirá o que fazer sobre o caso.
- Discordo da opinião dada neste vídeo pelo pastor Feliciano, contra a Igreja Católica. Acredito que a gente não constrói uma sociedade igualitária, justa e fraterna, criando uma guerra religiosa no país. É importante que as religiões se respeitem - defendeu.
Procurada, a assessoria de imprensa do deputado do PSC não respondeu quando e onde foi feita a pregação.
‘Corpo entregue à prostituição’
No vídeo, Feliciano afirma que os católicos adoram Satanás e que têm o corpo "entregue à prostituição" e "a todas as misérias dessa vida". Na pregação, cuja data não é informada, Feliciano chama a religião católica de "morta e fajuta" e critica o hábito de usar crucifixos de Jesus no pescoço, comum entre os católicos.
"Eu conheço o Deus de Paulo (São Paulo). Não é o Deus dessa religião morta e fajuta em que você está. Se há algum católico entre nós aqui, o que eu duvido muito, mas, se tiver, deixa eu explicar uma coisa. Primeiro: você não pode sentir aquilo que nós sentimos sem experimentar o Deus que nós sentimos. 'Não, pastor, não, pastor, mas eu sou carismático. Eu até aprendi a falar em línguas, colocaram uma fita no rádio e eu decorei.' Esse avivamento é o avivamento de Satanás”, grita, com raiva, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
“Porque o avivamento que provém de Deus, você não precisa ouvir fita para aprender. Você não pode experimentar o mesmo avivamento que eu porque o seu Deus não é o mesmo Deus que o meu Deus", prega Feliciano, aos berros, incensando os fiéis.
"O meu Deus exige santidade. Santidade física e santidade de alma. Não adianta dizer que seu coração é de Deus, mas o seu corpo está entregue à prostituição, à idolatria e a todas as misérias dessa vida. Quem é de Deus louva a Deus até no seu corpo", grita o pastor ao microfone, enquanto dá um tapa no púlpito e um pulinho.
Embora afirme não ser homofóbico, Feliciano inclui os homossexuais na mesma pregação.
"O meu Jesus não foi feito para ser enfeite de pescoço de homossexual nem de pederasta nem de lésbica", conclui.
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