Televisão x Religião Uma combinação perigosa!


Ontem a espanhola Noemi, que está fazendo intercâmbio no BBB, ficou espantada em uma conversa com os outros brothers, com o alcance do programa aqui, e principalmente com o alcance da televisão no Brasil. Disse que na Espanha, a televisão não comove tanta gente. Não vou comparar a disparidade entre o nível educacional da Espanha e do Brasil. Vou apenas atentar-me ao fato da comoção. A televisão é um simulacro da realidade? Apenas entretenimento? Não aqui no nosso país. A hegemonia dos canais abertos e o modelo usado até hoje, formou um telespectador pouco capaz de segmentar. O modelo dos principais canais abertos é o mesmo em linha de produção: jornalismo, teledramaturgia, variedades, humor e linha de shows; o contrário dos canais pagos onde existe a segmentação.

Não há uma forma de tratar televisão apenas como lazer ou entretenimento, se entre uma novela e outra, temos um Jornal Nacional mostrando tudo que acontece no mundo. O botão de sintonia do nosso cérebro estraga fácil, e vai tudo formando uma bola de neve de realidade e ficção. Imagine então juntar nesta mistura religião. A fé é uma questão de escolha, e filósofos vem tentando desde muito tempo entender o que nos leva a crer. O fato é o que o ser humano precisa de uma explicação para a sua própria existência, e a religião nutre essa necessidade, não importa qual seja. É por isso que é um assunto tabu, quase indiscutível. Como eu posso julgar a escolha de alguém, se eu mesmo já fiz a minha. O respeito é a única saída. É esta discussão que não combina em nada com a televisão, que foi criada para ser um escape, embora nem sempre cumpra essa função.

Se a bola de neve que citei lá em cima é perigosa, incluir religião, dinheiro e poder no meio é transformá-la em uma arma de alta potência. Não estou dizendo com isso que a religião não pode ser mostrada. É saudável exibir a missa do galo, o show gospel, a novela com temática espírita, padres cantores, séries bíblicas ou sessões de descarrego. É uma atração destinada a uma parcela de público, assistir é opção. O limite é ultrapassado quando se usa todo o alcance de uma emissora para defender ou acusar outro tipo de religião, fé, igreja, pastor, seja lá o que for. E o pior, em defesa de interesses comerciais, porque quem acusa faz igual ao acusado. Temos que ter muita cautela nestas situações. Separar o que é doutrina do que é informação é tarefa pra todos que de alguma forma estão envolvidos neste processo. Caso contrário, ficaremos todos a falar do novo erro do Zeca Camargo, enquanto tem muita gente sendo enganada por aí, logo ali no outro canal.

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