Atriz, que estava internada desde 2012, morreu na segunda-feira, dia 15, aos 89 anos
O enterro, que também será realizado em um cemitério da cidade, está programado para acontecer no final da tarde desta terça-feira, dia 16.
Com mais de 30 anos de carreira, Cleyde Yáconis ganhou popularidade em vários papéis na teledramartugia, mas teve atuação consagrada no teatro, onde iniciou a profissão, na década de 1950, sob influência da irmã, Cacilda Becker. Ela sofreu a repressão da ditadura militar e foi presa pela atuação na peça Vereda da Salvação, texto de Jorge Andrade, que retravava o conflito pela terra, em 1964. Entre os colegas de palco estavam Raul Cortez, Stênio Garcia e Lélia Abramo.
Nascida em 14 de novembro de 1923, no município de Pirassununga, no interior paulista, Cleyde Becker Yáconis conseguiu driblar a dura fase de uma infância pobre após a separação de seus pais. Com incentivo da mãe, uma professora, estudou o curso normal, depois fez enfermagem. Ela desistiu de fazer medicina para se tornar atriz.
O começo foi quase por acaso, em 1950, quando trabalhava no guarda-roupa do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), para onde foi levada pela irmã Cacilda Becker. Sem qualquer pretensão de encenar, acabou substituindo a atriz Nydia Licia como o personagem de Rosa Gonzalez, em O Anjo de Pedra, de Tennessee Williams.
Carreira consagrada
O trabalho dela ganhou o reconhecimento após integrar a equipe de Ralé, de Máximo Gorki, que lhe rendeu o prêmio de atriz revelação do teatro paulista, da Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT), em 1951. Dois anos depois, obteve o primeira grande chance de ser protagonista da peça Assim É Se Lhe Parece, de Luigi Pirandello, como Senhora Flora, papel que resultou no Prêmio Governador do Estado como melhor atriz do ano. Novamente recebeu, em 1955, o prêmio Saci de melhor atriz em Maria Stuart, de Schiller.
De 1950 a 1964, Cleyde atuou em 35 peças no TBC. Entre elas estão "Santa Marta Fabril S.A.", de Abílio Pereira de Almeida (1955); "Adorável Júlia", de Marc-Gilbert Sauvajon (1957); e "A Morte do Caixeiro-Viajante", de Arthur Miller (1962). Em 1965 – ano em que interpretou a prostituta Geni, de "Toda Nudez Será Castigada", de Nelson Rodrigues, e ganhou o Prêmio Molière – participou do grupo fundador do Teatro Cacilda Becker, ao lado da irmã homenageada ao ter o nome imortalizado no novo espaço teatral, e ainda de Ziembinski, Walmor Chagas e Fredi Kleeman.
Em 2005 foi indicada para o Prêmio Shell de Teatro, por sua interpretação em "Cinema Éden", de Marguerite Duras, dirigida por Emílio Di Biasi.
A atriz também participou dos filmes "Na Senda do Crime", de Flamínio Bollini Cerri (1954); "A Madona de Cedro", de Carlos Coimbra (1968); "Parada 88 – O Limite de Alerta", de José de Anchieta (1977); "Dora Doralina", de Perry Salles (1982); e "Jogo Duro", de Ugo Giorgetti (1985).|
Televisão
A atriz foi uma das precursoras da teledramartugia pela TV Tupi, com destaque para “Os Inocentes” (1974) escrita por Ivany Ribeiro a partir da peça “A Visita da Velha Senhora” de Durrenmatt. No folhetim, ela viveu a poderosa e vingativa Juliana e, pela primeira vez na telinha, obteve um papel à altura de seu talento.
Na Band esteve em 1980, na novela “Um Homem Muito Especial”, onde viveu Marta. Em 1982 fez “Ninho da Serpente” onde sua Guilhermina conduzia toda a historia criada por Jorge Andrade. Na emissora, ela fez ainda “Campeão”.
Cleyde Yáconis também atuou em várias produções da Rede Globo de Televisão e na Rede Record. Entre as novelas de que participou estão "O Amor Tem Cara de Mulher" (1966), "Mulheres de Areia" (1973), "Gaivotas" (1979), "Rainha da Sucata" (1990), "Vamp" (1991) e "As Filhas da Mãe" (2001).
A última novela que contou com o brilhantismo da atriz foi "Passione", também da Globo, em 2010.
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