Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 21

“Alex e Afrodite chegam ao pico do morro; Adamastor chega depois e para um pouco afastado”
ADAMASTOR (gritando)
Vamos, Afrodite… Já está tarde! Seus pais devem estar preocupados.
(Afrodite se vira, olhando para Adamastor)
AFRODITE (gritando)
Espere um pouco, Adamastor… Antes eu preciso conversar com o Alex.
(Adamastor faz cara feia, não achando uma boa ideia; Sorrindo, Afrodite olha para Alex, que permanece sério)
AFRODITE (feliz)
Ah, Alex… Eu senti tanto a sua falta!
(Afrodite vai para beijar Alex, mas ele a impede)
AFRODITE
O que há, Alex? Por que está tão sério?… Não está feliz em me ver também?
(Alex encara Afrodite, que vai parando de sorrir gradativamente)
ALEX (frio)
Como tem coragem de me olhar nos olhos depois de tudo o que você fez, Afrodite?
AFRODITE
Hã? Do que você está falando, Alex?… Eu não estou entendendo.
ALEX
Do beijo… Do beijo que você deu no Frederick.
AFRODITE
Não, Alex, não é nada disso que você está pensando… O beijo foi…
ALEX
E também da joia que você me acusou de querer roubá-la.
AFRODITE
Alex, mas a joia…
ALEX
A joia não importa. Você não acreditou em mim e isso eu não tolero.
(Os olhos de Afrodite enchem-se de lágrimas)
AFRODITE
Aquele colar tem um grande valor sentimental para mim, mas… Isso já passou, até porque…
(Triste, Afrodite olha para a sua barriga, alisando-a)
ALEX
Mas agora é tarde demais, Afrodite.
(Surpresa, Afrodite olha para Alex)
ALEX
Se você me amasse, mas amasse de verdade, teria confiado em mim… Mas aquela sua desconfiança, só fez provar que tudo o que você dizia sentir por mim… Todo aquele amor, tudo era falso.
(Com os olhos banhados em lágrimas, Afrodite dá um forte tapa na cara de Alex e eles se encaram friamente; Perplexo, Adamastor observa tudo, um pouco afastado)
AFRODITE
Nunca mais, Alex… Nunca mais duvide do amor que eu sinto por você… Adeus, Alex! Adeus para sempre.
(Alex recebe essas palavras como um duro golpe do destino, fazendo com que o seu coração doe e a tristeza salte em seus olhos, que lacrimejantes, olham para Afrodite; Por sua vez, completamente magoada com as palavras ditas pelo seu amado, Afrodite sai correndo chorando, seguida de Adamastor, que tenta alcançá-la; Alex fica ali parado e se afoga em lágrimas, olhando aquele céu tão estrelado)
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“Mansão dos Smith – Sala”
(Sentado na poltrona, Ruez está lendo seu jornal; Marieta senta-se no sofá e liga a televisão na Rede Globo, que está passando o último bloco da novela “A Gata Comeu”)
MARIETA
Meu bem, você não acha que a Afrodite está demorando de mais?
RUEZ
Está sim… Mas quando ela chegar, terá que dar uma explicação bem convincente.
(Marieta demonstra preocupação; Aos prantos, Afrodite chega e chorando, sobe as escadas, correndo)
RUEZ (gritando)
Afrodite!
(Ruez para de ler o jornal e grita pela filha, ao vê-la correndo)
MARIETA
Ela estava chorando, Ruez…
(Ruez dobra o jornal e ia subindo as escadas, seguido de Marieta; Submisso, Adamastor aparece)
ADAMASTOR
Com licença, senhores!
(Marieta para e Ruez volta)
RUEZ
Adamastor, por que a Afrodite chegou há essa hora e nesse estado?
(Adamastor fica nervoso)
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(Em seu quarto, Afrodite, ainda chorando, está tirando todas as suas roupas para fora do guarda-roupa; Cidinha a observa, sem entender nada)
CIDINHA
Afrodite, o que você está fazendo? Por que está tirando todas essas suas roupas?
AFRODITE
Não tenho mais o que fazer aqui, Cidinha… Vou para fora do país.
CIDINHA (confusa)
O quê?!
(Ruez e Marieta entram e não entendem o que veem)
RUEZ
Afrodite, o Adamastor disse que teve que te esperar até agora você terminar uma pesquisa na escola e… O que você vai fazer com todas essas roupas?
MARIETA
Ah, não! Espero que não as dê para nenhuma doação… Essas roupas parisienses não merecem ir para os corpos de nenhum pobre miserável. Não mesmo!
(Marieta fala, tomando as roupas para si)
AFRODITE
Eu vou viajar!
(Confusos, Ruez e Marieta se entreolham)
RUEZ e MARIETA (surpresos)
O quê?!
(Triste, Afrodite suspira)
AFRODITE
Eu resolvi aceitar a proposta do Frederick de me tornar modelo e ir embora do Brasil… Caso for aprovada, terei que morar no exterior.
(Cidinha fica triste; Ruez não gosta; Marieta explode de felicidade)
MARIETA
Ai, minha filha, que ótima notícia! Tudo o que eu sempre sonhei pra você… Que felicidade!
(Marieta dá pulinhos de felicidade e abraça Afrodite, que continua triste)
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“Algum tempo depois”
(Ansiosos, Afrodite e Frederick recebem o resultado da seleção para Modelos Iniciantes)
FREDERICK
Ansiosa?
AFRODITE
Até que sim… E você?
FREDERICK
Uhum!… E tenho certeza que passamos.
(Afrodite ri)
AFRODITE
Vamos abrir então.
(Afrodite já ia abrindo o envelope, mas Frederick a impede)
FREDERICK
Calma! Vamos abrir juntos… No três…
(Afrodite sorri)
AFRODITE e FREDERICK
Um… Dois… Três!
(Eles abrem seus envelopes e têm uma grata surpresa; Contentes, eles se abraçam espontaneamente; Afrodite para de sorri e se aparta de Frederick)
FREDERICK
Nós conseguimos, Afrodite!… Nós conseguimos!
(Frederick continua sorridente e Afrodite dá um sorriso forçado)
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Forçado e sem a mínima vontade, Alex começa a ingressar no tráfico, atuando como “vapor”, vigiando a entrada do tráfico de drogas; como “aviãozinho”, o entregador das drogas; como “olheiro”, atento para ver se tem perigo a vista e por fim, como “fogueteiro”, soltando fogos de artifícios para alertar a bandidagem.
(Ao ver a entrada de outra facção no morro, escondido, Alex solta os fogos de artifícios para o ar; Metralha e os moleques se preparam para a guerra)
METRALHA
Agora é a hora… Bora meter bala nesses filho de uma égua.
(Metralha e seus comparsas preparam as suas armas, carregando-as de munição e saem do esconderijo, amontoados)
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“Aeroporto Santos Dumont”
(Felizes, Frederick e Afrodite se despedem de seus familiares; Cidinha abraça Afrodite, fortemente, e lhe dá as suas malas)
CIDINHA
Faça boa viagem, minha menininha… E nunca se esqueça de mim, tá?
(Cidinha fala com os olhos cheios de lágrimas; Afrodite se emociona)
AFRODITE
Ai, Cidinha, eu vou sentir tanto a sua falta… Você sempre foi como uma mãe para mim. Nunca me esquecerei de cada conselho, cada abraço, cada apoio que você me deu, sempre quando eu precisei… Nunca me esquecerei de cada lágrimas que compartilhamos juntas, de cada sorriso alegre que dividimos… Nada será esquecido. Tudo estará sempre registrado em meu coração.
(Afrodite dá um demorado beijo na bochecha de Afrodite)
MARIETA
Chegue dessa melação, minha filha… Vai borrar o seu batom.
(Enciumada, Marieta puxa Afrodite e a abraça, fortemente; Ruez se mistura ao abraço também)
FREDERICK
Afrodite, vamos… O voo será em breve.
(Afrodite se aparta do abraço; Afrodite joga beijo para todos e caminha em direção do avião, juntamente com Frederick)
BRUNA (gritando)
Amigos… Esperem!
(Bruna aparece correndo, trajando um óculos escuros)
AFRODITE (feliz)
Bruna!
(Afrodite volta e abraça Bruna)
BRUNA
Está chique, hein, amiga! Vai virar modelo… Espero que não fique metida!
AFRODITE
Metida, eu?… Nada a ver.
(Bruna ri e abraça Afrodite; Bruna se aparta do abraço e olha para Frederick, tirando os óculos)
BRUNA
Não vai se despedir de mim, Frederick?
(Frederick sorri e abraça Bruna)
FREDERICK (sussurrando)
Obrigado por tudo!
(Apaixonada, Bruna sorri)
BRUNA (maliciosamente)
Nunca se esqueça de mim… Pois sempre vou pensar em você.
(Com um sorrisinho safado, Bruna sussurra no ouvido de Frederick, que se afasta imediatamente)
FREDERICK
Vamos, Afrodite! Vamos!… O estrelato nos espera.
(Afrodite sorri)
AFRODITE
Vamos!
(Afrodite vira-se para todos os seus familiares e amigos e se despede com um alegre sorriso nos lábios; Frederick e Afrodite embarcam no avião e dentro de instantes, o avião decola; Contente, Marieta abraça Ruez e olha o avião sumindo por entre as nuvens; Cidinha chora; Vitoriosa, Bruna sorri, maliciosamente; Dentro do avião, Afrodite olha as nuvens e chora ao lembrar-se de todos os momentos que passara com Alex)
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(De volta ao morro, a bala perdida corre solta entre as diferentes facções; Maria das Dores, de dentro de sua casa, se preocupa por Alex, que está escondido no esconderijo de Metralha; Todos os bandidos da outra facção morreram, exceto o Chefão, o dono da facção oposta; Metralha e Chefão ficam cara a cara, um apontando a arma para o outro)
CHEFÃO
Esse morro vai ser meu…
METRALHA
É isso que nóis vai ver.
(Debochadamente, Chefão e Metralha sorriem um para o outro e disparam ao mesmo tempo; Baleados, os dois caem no chão; Chefão morre imediatamente e Metralha está quase no fim)
METRALHA
Alex!… Alex!
(Triste, Piolho leva Alex até Metralha, que o olha com os olhos cheios de lágrimas)
METRALHA (agonizando)
Alex, até aqui eu cheguei neguinho… Toma! Agora o morro é teu, menó! É teu!
“Com dificuldades, Metralha dá seu fuzil para Alex, e morre em seguida, com os olhos abertos; Piolho chora a morte do patrão; Todos os moradores se aproximam e ficam ao redor daquele cadáver banhado em puro sangue ruim… Maria das Dores se assusta ao ver o filho portando aquela arma e sente uma pontada no coração… Completamente triste, Alex olha para aquele empenhado fuzil e não sabe o que fazer”
(A imagem se congela num tom preto-e-branco)
Continua…

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