Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 23

“Sendo levado para a prisão, Alex chora ao ver que tudo que sonhou ser um dia, estava sendo enterrado por um rubro futuro que o espera…”
 (Ainda caída no chão, Maria das Dores chora compulsivamente, pois ao ver o filho sendo levado, o coração daquela pobre mãe se dilacera; Chorando também, Luís e Solange tentam levantar a mãe e atrasado, Bené vem correndo)
BENÉ: Cheguei tarde demais…
(Numa mistura de preocupação e tristeza, Bené coça a cabeça, não sabendo se conta tudo o que sabe ou se fica calado; Diferente, Bené se aproxima)
MARIA DAS DORES: Levaram o meu filho, Bené… Os polícia levaram o meu Alex… O meu filhinho!
(Sofrida, Maria das Dores chora aos pés de Bené, deixando-o cada vez mais triste)
BENÉ: Vem, Das Dores, levanta desse chão… Eu vou ajudar o Alex. Vou falar com aquele meu amigo advogado e tenho certeza que ele trará o Alex de volta.
(Bené levanta Maria das Dores do chão e ela o abraça, fortemente)
MARIA DAS DORES: Deus lhe pague, Bené… E te conserve assim, um homem bom! Tomara que esse seu amigo consiga trazer o meu Alex de novo… Tomara!
(Um pouco mais esperançosa, Maria das Dores vai se afastando do abraço e segura as mãos de Bené, sorrindo para ele; Com a consciência pesada, Bené dá um sorrisinho meio sem graça; Afastado, Fábio observa a tudo, com medo de ser desmascarado)
“Casa de Maria das Graças”
(O clima está tenso na sala; Cabisbaixa, Tânia está sentada no sofá e Maria das Graças a encara seriamente, parada na porta)
TICO: (surpreso) Grávida?! Tânia, você está grávida?… Qual bebê você engoliu?
(Boquiaberto, Tico aparece e senta-se ao lado da irmã, que permanece com a cabeça abaixada)
TINA: Ai, Tico, como você é bobo, hein? Só podia ser criança mesmo…
(Zombando, Tina aparece e senta-se ao lado dos irmãos)
TINA: Não é assim que se fazem os bebês. É assim, ó! A Tânia não engoliu um bebê pronto. Ela engoliu uma sementinha, que vai crescer devagarinho, até formar um bebê na barriga dela… Entendeu, crianção?
TICO: Ahh…
(Tico fica abobado com a “descoberta” e Tânia ri, caçoando dele; Tânia permanece na mesma posição e Maria das Graças continua encarando-a)
MARIA DAS GRAÇAS: E você, Tânia… Não tem muito o que explicar não? Eu mando a minha filha todos os dias para a escola e ela aparece grávida?
TÂNIA: Eu não queria, mãe… Aconteceu!
(Tânia alisa a barriga e em seguida olha para Maria das Graças)
MARIA DAS GRAÇAS: Ah, aconteceu? Mas que bonitinho! Tânia, acorda, nós não estamos em uma novela onde tudo são flores… Aqui é a vida real. E o traste do pai? Tenho certeza que nem vai mais querer olhar na sua cara, agora que embuchou.
TÂNIA: Quem disse isso? Eu tenho certeza que o Quinho vai adorar saber que está esperando um filho… O nosso filho!
(Sorridente, Tânia alisa a barriga novamente, admirando-a)
MARIA DAS GRAÇAS: Ah, jura? Não mesmo, Tânia, caia na real, menina! O Quinho é daqueles homens que come e joga fora… Tenho certeza que o lance de vocês era só sexo.
(Tico e Tânia se entreolham e arregalam os olhos)
TÂNIA: Não mesmo, mãe… O Quinho me ama. Diferente da senhora, eu sei muito bem o que é um amor de verdade. E eu vou agora mesmo contar a novidade pra ele.
(Contente, Tânia se levanta e ia em direção ao quarto)
MARIA DAS GRAÇAS: Se for, não precisa mais voltar.
(Tânia para e olha para Maria das Graças)
TÂNIA: Do que a senhora está falando, mãe… Eu hein!
MARIA DAS GRAÇAS: O que você ouviu… Se for atrás daquele maconheiro do Quinho, não volta mais pra casa.
(Tânia pensa por alguns minutos, suspira e encara Maria das Graças)
TÂNIA: Então eu vou… E saiba que agora que terei um filho, vou morar com o Quinho, bem longe das suas chatices.
(Maria das Graças se ira, mas se controla; Tânia encara a mãe por alguns segundos e vai para o quarto, batendo a porta, fortemente; Tico e Tânia seguem Tânia; Indignada, Maria das Graças senta-se no sofá e põe as duas mãos na cabeça)
MARIA DAS GRAÇAS: Quanta ingratidão pra uma filha só, meu Deus… Quanta ingratidão!
(Sozinha, Maria das Graças continua a lamentar-se; O telefone toca e, sem muita vontade, Maria das Graças o atende)
MARIA DAS GRAÇAS: Alô… Ah, Bené… O quê que você quer?
(Maria das Graças não gosta de receber o telefonema do ex-marido, mas leva um baque com a notícia que ele lhe dá)
MARIA DAS GRAÇAS: (preocupada) Preso? O Alex foi preso novamente?… Ai, meu Deus, eu vou para lá imediatamente…
(Trêmula, Maria das Graças bate o telefone, pega a sua bolsa e sai sem nem avisar os filhos) 
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(No quarto, Tânia está tirando umas roupas do seu guarda-roupa e as guardando em uma mala; Tristes, Tico e Tina aparecem e se aproximam)
TICO: Você vai embora, Tânia?
TÂNIA: Vou sim, Tico… Não tem mais clima para eu continuar morando aqui.
TICO: Eu vou sentir saudades…
(As poucas e belas palavras de Tico emocionam Tânia, e ela para de guarda as roupas e alisa o rosto dele)
TÂNIA: Eu também vou sentir muitas saudades, meu irmão… Mas agora eu vou construir a minha própria família.
TICO: E eu? A gente não é a sua família?
TÂNIA: Sim, claro que são… Mas agora eu vou ter um filho, um marido, outra casa… Mas nunca vou me esquecer de você, nunca mesmo…
(Carinhosamente, Tânia beija a cabeça de Tico, que sorri fraternalmente; Lentamente, Tânia olha para Tina, que está fazendo caras & bocas ao ver a cena)
TÂNIA: E eu vou sentir muitas saudades de você, sua pirralha.
TINA: (irritada): Eu não sou pirralha, mas que chatice! E saiba que você já vai tarde, tá bom? Só vou sentir falta mesmo das suas maquiagens.
(Tânia ri e pega seu estojo de maquiagem que estava sobre a cabeceira de sua cama)
TÂNIA: Estava até me esquecendo de guardá-lo… Mas pensando bem, eu não vou ter mais quando usá-la… Tome! Pode ficar com ela!
(Tânia estende o estojo de maquiagem para Tina, que parece não acreditar)
TINA: (surpresa) Você… Você… Você vai me dar a sua maquiagem com 24 cores?
TÂNIA: Uhum! Como presente de despedida.
 (Vislumbrada, Tina pega o objeto e abraça Tânia, espontaneamente)
TINA: Ai, Tânia, muito obrigada… Você é a melhor irmã desse mundo.
TÂNIA: E você nem é interesseira, né?
(Tânia ri e emburrada, Tina se afasta do abraço e volta a admirar o presente que ganhou; Tânia suspira e pega a sua mala)
TÂNIA: Agora eu preciso ir…
TICO: Ah, eu vou sentir muitas saudades, irmã… Muitas saudades!
(Como sempre foi muito apegado à irmã mais velha, Tico abraça Tânia e uma lágrima rola em seu rosto)
TÂNIA: (emocionada) Eu também, maninho… Também vou sentir muitas saudades.
(Tânia abraça Tico mais forte; De longe, Tina os observa e demonstra tristeza; Tânia se afasta lentamente do abraço e enxuga suas lágrimas)
TÂNIA: Não é uma despedida pra sempre, gente, é apenas um “até logo”. Vocês vão poder me visitar lá no morro sempre que quiserem… Fiquem despreocupados, pois ainda vão me aturar bastante.
(Tânia ri e abraça o irmão outra vez; Tico pega a mala de Tânia e sai de mão dada com ela; Tina vai atrás; No portão, Tânia beija, demoradamente, a testa de Tico e Tina e segue seu rumo, chorando; Tristes, Tico e Tina a observam)
TICO: Eu vou sentir muita falta dela… E você, Tina?
TINA: Eu? Eu não! Ela era chata… Já foi tarde!
(Triste, Tico abaixa a cabeça e depois vê Tânia virando a esquina; Tina também está triste com a partida da irmã, mas turrona do jeito que é, não dá o braço e torcer; De repente, Tico dá por falta de Maria das Graças) 
TICO: Tina, cadê a mamãe? Ela nem viu a Tânia indo embora…
TINA: É mesmo, Tico. Onde será que ela está?… MÃE!
(Tina grita pela mãe, entra para procura-la e Tico vai correndo atrás)
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“Delegacia”
(Delegado Barreto está sentado à mesa e policial Cardoso está atrás dele; Chorando, Maria das Dores se aproxima e se apoio na mesa; Triste, Maria das Graças está no canto da sala)
MARIA DAS DORES: (raivosa) Eu quero tirem o meu filho daqui… Ele é inocente!
DELEGADO BARRETO: (debochado) Ah, minha senhora, todos são inocentes… E além do mais, o seu filho não é nenhum réu primário. Ele ficará preso até o julgamento.
MARIA DAS DORES: Você não sabe a dor de uma mãe? Não sabe como é triste ver o filho nesse estado.
(Delegado Barreto se comove, mas seu autoritarismo fala mais alto)
DELEGADO BARRETO: Minha senhora, não há nada o que eu possa fazer… Seu filho vai ficar preso sim, e se a senhora continuar nessa insistência, eu serei obrigada a tomar providências.
MARIA DAS DORES: (gritando) Que providências? Vai me colocar presa também? Pois coloque… Coloque! É por essas e outras que esse Brasil não vai pra frente.
(Alterada, Maria das Dores estende os pulsos para delegado Barreto, que demonstra impaciência; Sensata, Maria das Graças se aproxima e segura os ombros de Maria das Dores)
MARIA DAS GRAÇAS: Vamos, minha irmã… Não tem o que a gente fazer! O advogado Augusto vai fazer tudo para libertar o Alex, vamos esperar.
DELEGADO BARRETO: Ouça o que a sua irmã está te falando, pois é melhor, hein!
(Emburrada, Maria das Dores seca suas lágrimas, encara delegado Barreto e sai, junto com Maria das Graças)
DELEGADO BARRETO: É cada coisa que me aparece…
(Delegado Barreto e policial Cardoso riem juntos)
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(No pátio da Delegacia, Maria das Graças e Maria das Dores estão sentadas em um banco; Maria das Dores continua chorando e Maria das Graças lhe oferece um copo d’água)
MARIA DAS GRAÇAS: Toma, minha irmã, bebe essa água com açúcar… Você ficará melhor.
(Bastante trêmula, Maria das Dores agradece, pega o copo e bebe a água; Triste pela situação, Maria das Graças faz cafuné na cabeça da irmã; Lentamente e com as mãos para trás, Bené aparece e se aproxima)
BENÉ: Boa tarde! Graça, será que podemos conversar?
MARIA DAS GRAÇAS: (surpresa) Bené?
(Bené sorri e Maria das Graças fica séria)
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(Parados de frente para um mural com várias folhas e anotações, Bené e Maria das Graças estão um de frente para o outro)
MARIA DAS GRAÇAS: Não esperava te encontrar aqui, Bené… Sei que é padrinho do Alex, mas nunca demonstrou tanta aproximação por ele…
BENÉ: Estou aqui por causa do Alex também, mas vim acompanhar o doutor Augusto que está cuidando da causa da Prazeres.
MARIA DAS GRAÇAS: Ah, a Prazeres… Bené, o que você quer comigo? Eu estava consolando a minha irmã, ela não está bem… Não quero deixá-la sozinha por muito tempo.
BENÉ: Eu vou ser rápido! É que eu estou com saudades de você, da nossa casa… E os nossos filhos? Como eles estão?
MARIA DAS GRAÇAS: Ah, saudades? Não seja falso, Bené! Você foi embora porque me traiu com aquela… (suspiro fundo) E os seus filhos, vou nem te contar! Sabe a Tânia, a sua queridinha… Ela está…
BENÉ: Não vamos falar dos problemas, Graça. Sabe? Eu me arrependi. Percebi que fui pelo caminho errado e que…
MARIA DAS GRAÇAS: Agora é tarde, Bené… Você fez a sua escolha! Preferiu a da rua, o que tinha em casa. E eu nem deveria estar aqui te dando moral… Eu vou é embora, cuidar da minha irmã, que eu ganho mais… Com licença!
(Maria das Graças ajeita a sua bolsa no ombro e sai; Bené fica triste e abaixa a cabeça)
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“Delegacia – Sala de Visitas”
(Augusto e Maria dos Prazeres estão sentados à mesa, um de frente para o outro)
MARIA DOS PRAZERES: (desesperada) Por favor, doutor Augusto, me tira desse inferno… Eu não aguento mais! Eu estou desesperada…
AUGUSTO: Acalme-se, Maria dos Prazeres, estou fazendo de tudo o que eu posso. Mas eu preciso que você me diga a verdade… Você não fez aquele chá propositalmente, né?
(Maria dos Prazeres não gosta da desconfiança e fica calada por poucos segundos)
MARIA DOS PRAZERES: Claro que não, doutor Augusto. Eu trabalhava naquela mansão por muitos anos e seria incapaz de fazer aquela crueldade com a coitada da Afrodite.
AUGUSTO: Já que garante, eu acredito em você! Eu vou agora mesmo à mansão dos Smith e tentar entrar em um acordo com os pais da moça… Acho que dará certo.
(Feliz em ouvir aquilo, Maria dos Prazeres sorri)
MARIA DOS PRAZERES: Ai, doutor Augusto, você não sabe o quanto fico feliz em ouvir isso… Mas será que os Smith aceitarão um acordo? Eles não são muito flexíveis… Só eu sei o que passei naquela mansão.
AUGUSTO: Creio que sim, pois afinal, a menina nem está aqui, está no exterior e eles não vão querer que a filha entre em um polêmica tão grande como essa.
(Esperançosa, Maria dos Prazeres sorri; Augusto olha seu relógio de pulso e se levanta)
AUGUSTO: Agora eu preciso ir. Vou à mansão e depois vou cuidar do caso do Alex, o seu sobrinho.
MARIA DOS PRAZERES: (surpresa) Caso do Alex? O que aconteceu com ele?
AUGUSTO: Ele foi preso injustamente… Mas vou mexer os meus pauzinhos e tirá-lo daqui.
(Maria dos Prazeres se alegra ao saber da prisão de Alex, mas finge comoção)                                                                                                                 
MARIA DOS PRAZERES: (mentindo) Ai, que triste… Sei como é duro ser preso injustamente. Doutor Augusto, faça o possível e o impossível para tirar o meu sobrinho querido desse lugar. Não quero que ele sofra, tadinho!
AUGUSTO: E vou tirá-lo! O Alex é inocente e vamos provar isso… Agora deixa eu ir, pois já está na hora. Até qualquer hora, Maria dos Prazeres.
(Educadamente, Maria dos Prazeres sorri e Augusto sai da sala)
MARIA DOS PRAZERES: Preso… O Alex está preso. Então o plano correu de vento e poupa. 
(Maria dos Prazeres abre um largo sorriso malicioso)
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(No esconderijo, Fábio está de frente para os Moleques, andando de um lado para o outro, segurando o fuzil)
FÁBIO: Agora que o Alex foi pego pelos gambé… Eu estou no poder! Agora, o ritmo mudou e quem dita as ordens aqui sou eu. Essa história de paz, harmonia, boa ação… Tudo dessas frescuradas vai acabar e o tráfico vai voltar a ativa.
(Piolho se levanta do chão e resolve intervir)
PIOLHO: Fábio, mas não é isso que o Alex quer, cara… Não é melhor continu…
FÁBIO: (rude) Aquele otário já era e quem manda aqui é eu… Quem não gostar, que sai, quem ficar terá que seguir à risca. E aí, quem vai dar uma de traidor?
(Fábio aponta o fuzil para todos os Moleques, intimidando-os; Piolho toma coragem  e levanta a mão, lentamente)
PIOLHO: Eu…
(Surpresos, todos os Moleques se entreolham; Fábio aponta o fuzil na direção de Piolho, que o encara, com certo receio) 
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“Cidade do Cabo – África do Sul”
Envergonhada, Afrodite continua caída no chão e os paparazzis a fotografam naquele estado humilhante; Ao lado de outros modelos, Frederick a olha e a orienta a levantar-se; Afrodite encara mais uma vez àqueles olhares críticos e se levanta, lentamente; Vendo que não tem estado para continuar, Afrodite tira seus altos sapatos e sai correndo, chorando, deixando todos impressionados com sua atitude.
(Chorando muito, Afrodite está correndo pela deserta rua e um trovão a assusta; Sem demora, uma forte tempestade cai de a água da chuva se mistura com as suas sofridas lágrimas; De repente, Afrodite para e vê uma cena que a emociona muito)
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“Mansão dos Smith – Sala de Estar”
(Ruez orienta e Augusto senta-se no sofá; Ruez senta-se em sua poltrona e Marieta fica em pé, fazendo-lhe massagem nos ombros)
MARIETA: (educada) Aceita um chá ou um refresco…?
AUGUSTO: Augusto! Augusto Ferrari… Eu sou advogado e vim em nome da minha cliente, Maria dos Prazeres Duarte.
MARIETA: (resmungando) Ah, a incompetente…
RUEZ: E o que o senhor quer, doutor Augusto? Confesso que estou surpreso com a sua visita.
AUGUSTO: Eu vim em missão de paz e propor um acordo…
(Não gostando, Ruez e Marieta se entreolham)
AUGUSTO: Além de profissional, eu sou bastante íntegro e nunca defenderia alguém que fez aquela barbaridade… A Prazeres me garantiu que é inocente e eu acredito na minha cliente.
RUEZ: Claro que você acredita… Ela está pagando, né?
AUGUSTO: Assim o senhor me ofende, seu Ruez. Retornando ao assunto, eu gostaria de propor um acordo, aconselhando vocês a retirarem a acusação contra a Prazeres para evitar uma repercussão negativa e desnecessária na vida profissional da moça, a filha de vocês. Como pais, tenho certeza que vocês não gostariam de vê-la envolvida em fofocas… Afinal, ela nem está no Brasil, né? Acho que seria difícil para ela retornar nesse assunto que deixou-a muito mal, segundo o que me falaram.
RUEZ: Não, doutor Augusto… Se aquela empregadinha fez o que fez, ela vai ter que…
MARIETA: Ok, doutor Augusto… Nós aceitaremos o acordo.
(Augusto sorri e Ruez não entende; Marieta fica com raiva de si mesma)
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(Cansada, Tânia chega ao morro e bate na porta da casa de Quinho; Do lado de dentro, Quinho e Tati se beijam fogosamente)
QUINHO: (reclamando) Ai, quem será agora?
TATI: Deixa bater, Quinho… E vamos ao finalmente!
(Safado, Quinho sorri e aos beijos, cai na cama com Tati; As batidas tornam-se cada vez mais insistentes)
TÂNIA: (voz) Quinho, sou eu… A Tânia! Abra, meu amor!
(Ao ouvir, Quinho para de beijar Tati e senta-se na cama)
QUINHO: A Tânia… Tati, se esconde!
TATI: Ai, Quinho, será que isso vai ser todas as vezes que essa…
(Antes que Tati posso concluir sua reclamação, Quinho a pega pelo braço e a joga embaixo da cama; Quinho coloca seu bermudão e atende a porta)
QUINHO: Tânia…
(Quinho vai para beijar Tânia, mas ela entra e senta-se na cama)
TÂNIA: Ai, Quinho, que demora… Todas às vezes que eu venho aqui, tenho que me esgoelar de tanto gritar e esperar uma eternidade. Por quê?
QUINHO: Ah, minha pitchula… É que sempre que você vem, eu estou tirando uma soneca.
(Conformada com a resposta, Tânia sorri; Quinho sorri para ver a mala de Tânia)
QUINHO: Tânia… Que mala é essa?
(Quinho pergunta, temendo a resposta; Fazendo suspense, Tânia levanta-se, sorrindo e colocando as mãos na barriga)
TÂNIA: Tudo o que sempre sonhamos irá se realizar, meu amor… Eu estou grávida e vim pra morar com você. Não é mais que demais?
QUINHO: (surpreso) O quê?!
(Embaixo da cama, Tati fica boquiaberta; Quinho fica completamente atônito com a notícia e Tânia sorri, olhando e alisando a barriga)
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“De volta a Cidade do Cabo, África do Sul”
(Afrodite se emociona ao ver uma bela africana com um bebê recém-nascido nos braços; Lentamente, Afrodite se aproxima e admira a criança)
AFRICANA: (suplicando)  Fica com a minha filha… Por favor! Eu passo fome, não conseguia criá-la… Por favor!
(Confusa com a linguagem Africâner, Afrodite não entende o idioma que a jovem fala)
AFRODITE: Desculpa, mas não estou entendendo… I’m Brazilian. Sorry…
(Insistente, a jovem africana coloca a recém-nascida nos braços de Afrodite, que não entende a atitude)
AFRICANA: Por favor, cuide ela bem da minha pequenina… Dá muito amor e carinho precisa. É com grande dor no coração que faço isso, mas será para o bem dela. Você é boa, eu sei, eu sinto… E sei que vai cuidar da minha filha com todo o carinho.
(Mesmo sem entender, Afrodite se emociona com as palavras daquela mãe; A africana beija a testa da recém-nascida e chorando, sai correndo, até sumir na imensa pista; Afrodite admira a bebê e a enrola com o seu cachecol, para protegê-la da tempestade; Afrodite lembra-se do seu triste aborto e dos belos conselhos de Cidinha, que sempre lhe apoiou)
AFRODITE: Você agora será a minha filha… O presente que a vida me deu.
“Ao som de um delicado instrumental que se mistura com o som da forte chuva, Afrodite beija a testa de pequenina menina e deixa uma lágrima, de alegria, cair sobre seu rosto”
(A imagem se congela num tom preto-e-branco)
Continua…

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