Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 7


“Quanto mais Alex e Afrodite tentam se aproximar um do outro, mais a força invisível os arrasta para longe, fazendo com que aquele, que antes era um sonho lindo, se torne em um pesadelo feio, tenebroso e triste… A força invisível se torna em grades de cela de prisão; o azul do céu dá lugar a um cinzento nebuloso e a nuvens carregadas; as borboletas que antes eram coloridas, transformam-se em balas pedidas que a todo custo os perseguem, perfurando seus corações que, metaforicamente, faz com que o amor que eles sentem um pelo outro vaze, se misturando às águas de um lago que não é nada belo aos seus olhos, pois nesse lago só se enxerga coisas nada agradáveis como a inveja, o poder, a ambição e o ódio”…
(Assombrados pelo pesadelo, Alex e Afrodite acordam, no mesmo instante, assustados e suspiram aliviados ao perceberem que aquilo que tanto lhes causou mal em seus corações, havia se dissipado feito uma nuvem passageira)
AFRODITE
Ainda bem que tudo não passou de um pesadelo…
(Afrodite põe a mão no coração que bate violento e olha pela janela a madrugada gélida, que contrasta uma sensação de pura angústia; Triste, Afrodite deita sua cabeça no travesseiro e sem explicação alguma, deixa uma lágrima cair)
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(Alex também fica triste com o pesadelo)
ALEX
Que sonho mais horrível…
(Um barulho de bala perdida assusta Alex, que temeroso, põe a mão em seu coração que acelera imediatamente; Assim como a sua deusa do amor, Alex deita a sua cabeça no travesseiro e sem explicação alguma, também deixa uma lágrima cair)
“Ainda bastantes assustados e confusos com aquele sonho que se tornou em pesadelo, Alex e Afrodite pensam um no outro”
A cada lágrima que eles deixam cair em seus travesseiros, mais a madrugada demora a passar… Finalmente amanhece e nem sequer os olhos eles conseguiram pregar.
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Alex está na parte detrás da escola, grafando seu nome e o de Afroditena “A.A.A” (A Árvore do Amor)… Afrodite aparece correndo e tapa os olhos de Alex com as suas mãos… Alex apalpa as delicadas mãos de Afrodite e logo um sorriso brota em seus lábios.
ALEX
Quem será? Hum… pelas mãos macias e pelo perfume doce… Só pode ser a minha deusa do amor. Acertei?
(Afrodite sorri, tira as mãos dos olhos de Alex, que se vira e a beija; Alex e Afrodite se abraçam fortemente)
AFRODITE
Ah, Alex… Como é bom poder te abraçar.
(Alex percebe a tristeza na voz de Afrodite)
ALEX
Aconteceu alguma coisa, Afrodite?… Você parece triste.
(Afrodite se aparta do abraço e vira-se de costas)
AFRODITE
Eu tive um sonho, Alex… Um pesadelo horrível. Horrível.
ALEX
Eu também tive…
(Afrodite se vira e com os olhos marejados, segura forte os braços de Alex)
AFRODITE
E eu não quero te perder, Alex, eu não quero ficar longe de você, não quero… Nem por um minuto, por nada.
(Carinhoso, Alex abraça Afrodite)
ALEX
Isso não vai acontecer, Afrodite… Nós nunca vamos nos separar. Nunca!
(Um raio e uma rajada de trovão cortam o céu nublado; Afrodite se assusta e agarra Alex)
AFRODITE
Me abraça, Alex… Eu tive um mau pressentimento.
(Alex pega as mãos de Afrodite e lentamente vai se afastando do abraço)
ALEX
Não ligue para os pressentimentos, Afrodite… Essas coisas de pressentimentos ruins não podem acabar com um amor tão bonito como o nosso. O nosso amor é eterno, Afrodite… E nada, nem ninguém há de nos separar. Entendeu?
(Alex seca a lágrima que Afrodite deixa cair e romântico, a beija lentamente; As águas frias da chuva escorrem sobre seus corpos que se incendeiam perante aquele beijo de amor) 


“Enquanto isso na sala de aula”…
(A professora está escrevendo na lousa, enquanto os alunos passam para o caderno; Frederick para de escrever e cochicha com Bruna)
FREDERICK
Bruna, você sabe da Afrodite?
(Bruna olha pra toda a sala, procurando-a)
BRUNA
Não… Estranho ela não estar aqui. Ela nunca falta… Será que aconteceu alguma coisa?
(Frederick fica preocupado; Alex e Afrodite entram contentes e molhados da cabeça aos pés; A classe toda os olha)
PROFESSORA
Isso são horas?
AFRODITE
Desculpa professora, isso não se repetirá mais.
ALEX
É… Podemos entrar?
PROFESSORA
Já estão dentro, né? Fazer o quê?
(Alex e Afrodite sorriem e se sentam em carteiras separadas)
BRUNA (curiosa)
Afrodite, o que houve?… Por que você e ele chegaram juntos e estão todos molhadinhos, hein?
(Bruna pergunta para Afrodite, que a ignora; Alex e Afrodite se olham e sorriem um para o outro; Frederick os observa, enciumado)
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“Na classe de Tânia”…
(A professora faz a chamada)
PROFESSORA
Talles Roberto!…
TALLES
Presunto!
(Talles brinca, fazendo toda a classe ri e a professora demonstra impaciência)
PROFESSORA
Ai, ai… Tânia!
TODOS
Faltou!
(Sem nem bater, Tina abre a porta e entra)
TINA
Posso falar com a minha irmã, a Tânia… Tenho que entregar a caneta que ela esqueceu no meu estojo.
PROFESSORA
Bom dia pra você também, menininha… Mas a Tânia não veio hoje.
TINA
Como não? Ela veio sim. Foi ela que trouxe eu e meu irmão. Cadê ela?!
(Tina fica confusa)
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(Cansada de carregar seus livros pesadíssimos, Tânia sobe o morro correndo e bate na porta da casa de Quinho)
Quinho está dormindo na cama com Tati e escuta ao longe as batidas na porta.
QUINHO
Ah, deixa eu dormir só mais cinco minutinhos…
(Quinho resmunga ainda dormindo; Tati se vira na cama)
TÂNIA (gritando)
Quinho, sou eu… A Tânia!
(Ao ouvir tal frase, Quinho desperta rapidamente e cai da cama)
QUINHO
A Tânia?! Tati, acorda…  A Tânia, a Tânia tá aí.
(Quinho sacode Tati, que nem sequer abre os olhos)
TATI
Hã?
QUINHO
A Tânia, garota… Acorda agora!
(Quinho sacode tanto, que Tati cai no chão)
TATI
Ai, Quinho, que brutalidade… Não é assim que se acorda uma dama não, ainda mais depois de uma noite de amor.
(Tati vai para agarrar Quinho, que a empurra; Tânia bate mais forte na porta e continua gritando por Quinho)
QUINHO
Amor não… Sexo!… E se esconde logo, que a Tânia tá batendo. Se esconde rápido.
TATI
Me esconder? Me esconder aonde?… Essa casa parece mais uma lata, nem tem espaço direito.
(Quinho vasculha a casa e em seguida, empurra Tati para debaixo da cama)
QUINHO
Fica aí… Quietinha.
TATI
Não!… Aqui tem traça, teia de aranha… Deve ter barata, rato também.
(Quinho faz sinal para Tati ficar quieta; Tati emburra a cara e se enoja com uma teia que gruda em seu cabelo; Quinho abre a porta)
QUINHO (rindo forçadamente)
Tânia, você aqui?
(Tânia entra)
TÂNIA
Ai, Quinho, eu estou chamando a mais de horas… E que cheiro é esse?
QUINHO
Cheiro? Que cheiro?… Eu não estou sentindo cheiro de nada.
TÂNIA
Um cheiro de perfume barato… É perfume de mulher!
QUINHO (nervoso)
Perfume de mulher?… Deve ser o seu, Tânia.
TÂNIA
Ei, meu perfume não é barato não, tá?… Mas eu não vim aqui pra falar de perfumes. Quinho, você não está chateado comigo, né? Está?
QUINHO (dissimulado)
Chateado?… Ah sim, estou muito. Por que você não apareceu ontem? Hã? Eu fiquei aqui te esperando, sozinho… Fiquei muito triste, tá?
(Em baixo da cama, Tati prende o riso)
TÂNIA
Ah, não fica assim, meu amor… É que a minha mãe me proibiu de sair ontem, mas de sábado não passa.
QUINHO
Sábado? Mas sábado é muito tempo, pô… Eu vou ter que ficar na seca até sábado?
(Quinho senta-se na cama e Tânia ajoelha-se em sua frente)
TÂNIA
O amor tudo suporta, Quinho, e sábado nem está tão longe assim… Agora eu que te pedirei uma prova de amor… Se você me ama, é capaz de esperar até sábado?
QUINHO
Fazer o quê, né, Tânia? Eu te amo, minha pitchula, eu fico na vontade até sábado…
(Tânia sorri e beija Quinho; Tânia olha para seu relógio)
TÂNIA
Ih, tenho que voltar pra escola… Estou mais do que atrasada.
(Tânia ia saindo, mas Quinho a puxa pela cintura)
QUINHO
De sábado não passa, né?
TÂNIA
Sábado… Sábado estarei aqui para ser sua.
(Quinho beija a nuca de Tânia, que se arrepia e sai correndo, feliz)
QUINHO
Sábado…
(Quinho sorri, pensativo; Tati sai debaixo da cama)
TATI
Ai, como a Tânia é bobinha… Se apaixonar por um cachorro como você.
(Quinho ri)
TATI
Ela é virgem, né? Só pode!
QUINHO
Claro que é, dá pra ver na cara dela… Mas assim que é bom. Enquanto eu não pego a virgem, eu me divirto com a biscateira.
(Tati sorri maliciosamente para Quinho e range os dentes, imitando, assim, uma felina; Quinho pega na perna de Tati, roçando-a na sua e grotescamente a joga contra a cama, beijando-a sem romantismo algum; Os gemidos de Tati e o barulho da cama se misturam com o som da tempestade que cai lá fora)
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No final do dia, Tânia e seus irmãos, Tina e Tico, estão de regresso para casa.
TINA
Tânia, hoje cedo eu fui lá na sua classe e você não estava…
TÂNIA
O que você foi fazer lá?!
TINA
Fui te entregar a sua caneta… Tânia, mas onde você estava? A mamãe não vai gostar nadinha de saber disso.
TÂNIA
Tina, eu te imploro, não conta nada pra mamãe… Por favor! Te imploro!
TINA
Só por uma condição.
TÂNIA
Qual?
TINA
Você vai me dar a sua maquiagem.
TÂNIA
Ah, não… Tudo menos a minha maquiagem.
TINA
É pegar ou largar.
TÂNIA
Ok, eu te dou a minha maquiagem… Mas nada de abrir o bico pra mamãe, tá bom!
(Contente, Tina concorda com a cabeça; Tânia fica com raiva)
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(Alex e Afrodite saem de mãos dadas; Frederick e Bruna se aproximam)
FREDERICK
Afrodite, quando iremos ensaiar de novo? A sua festa já está bem próxima. Eu estava pensando… Que tal se a gente ensaiasse sábado lá na sua casa? Pode ser?
AFRODITE
Ah não, sábado não dá… O Alex vai lá na minha casa pra me pedir em namoro pro meu pai.
FREDERICK
O quê? Vocês…
AFRODITE
Sim Frederick, eu e o Alex estamos namorando.
“Alex sorri mais alegre do que nunca… Sorridente também, Afrodite olha para Alex e eles se beijam, frente a todos. Surpresa, Bruna fica boquiaberta e Frederick olha aquele beijo com raiva… Lentamente, Alex e Afrodite vão parando de se beijar e apaixonados, sorriem um para o outro”
(A imagem se congela num tom preto-e-branco)

Continua…
NO CAPÍTULO DE AMANHÃ: Alex passa por alguns percalços até chegar ao castelo de sua princesa. Vocês não vão perder, né?

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