“Mesmo que injustamente, Alex continua a apanhar de uma forma tão cruel e tão perversa, que o Policial Almeida, que havia se tornado amigo de Alex, chega a chorar de tanta pena que sente dele… Alex nada faz para se defender. Não foge, nem sequer revida e mesmo chorando, continua sofrendo em silêncio… Mais do que os socos que machucam seu corpo, a imoralidade daquele momento faz com que Alex tome uma raiva tão grande, mais tão grande, que em seus olhos lacrimejados, já dá para ver a raiva que ele tomou por policiais, os famosos gambés”
POLICIAL ALMEIDA
Já está bom, policial Cardoso… O moleque já aprendeu a lição.
(Abusando do seu poder, Policial Cardoso nem dá ideia e continua a agredir Alex; Os moradores ficam indignados e Tati sai correndo para avisar Maria das Dores)
Maria das Dores está sentada no chão, tranquilamente, terminando de enrolar seus doces, quando Tati entra desesperada.
TATI
Dona Das Dores! Dona Das Dores!… A senhora não sabe o que tá acontecendo.
MARIA DAS DORES (preocupada)
O quê, Tati?… O que tá acontecendo?
(Maria das Dores já se levanta, nervosa; Ouvindo o alvoroço, Solange aparece e vai para perto da mãe)
SOLANGE
Tati? O que você está fazendo aqui? O Alex não está aqui, ok? Só pra falar.
TATI
Eu vim pra avisar…
(Maria das Dores já parecia pressentir e aflita, põe a mão no coração)
TATI
Pegaram o Alex… E um gambé tá batendo muito nele. Muito mesmo!
MARIA DAS DORES
O quê?! O meu filho…
(Maria das Dores fica tonta e Solange a acode)
SOLANGE
Mãe! A senhora tá bem?
MARIA DAS DORES
O meu filho…
SOLANGE
Eu vou lá, mãe, vê o que tá acontecendo… Vamos, Tati!
(Solange e Tati iam saindo)
MARIA DAS DORES
Espera, Solange!… Chama o Luís lá na carpintaria. Avisa pra ele! Avisa o seu irmão.
(Solange confirma com a cabeça e sai correndo com Tati)
MARIA DAS DORES
Meu filho… Eles não podem fazer nada com o meu filho querido. Não podem!
(Chorando, Maria das Dores vai até o quarto para avisar Carlos o que estava acontecendo)
MARIA DAS DORES
Carlos, o nosso filho… Um polícia pegou o Alex!
(Maria das Dores fala desesperadamente, sacodindo Carlos, para tentar acordá-lo)
MARIA DAS DORES
Acorda, Carlos! O nosso filho… Vão matar o Alex lá fora!
(Carlos mal consegue abrir os olhos, pois foi dormir embriagado, como sempre; Maria das Dores desiste de tentar acordá-lo)
MARIA DAS DORES
Você não é um marido, Carlos… É uma cruz!
(Maria das Dores se decepciona com o marido e sai nervosa; Carlos continua dormindo)
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“Master Cars”
Com anos de experiência e dedicação, Ruez construiu um império, tocando com muito louvor o engenho que pertencera a seu pai e que, por herança, agora é seu… Com maestria, Ruez fez da “Master Cars” uma das maiores indústrias automobilísticas do mundo inteiro.
(Em seu luxuoso escritório pessoal, Ruez está sentado à mesa, assinando uns documentos; Verônica, sua secretária, bate duas vezes na porta e entra, portando uns papéis)
VERÔNICA
Bom dia, seu Ruez… Aqui estão os papéis que o senhor me pediu.
RUEZ
Muito obrigado, Verônica!
(Ruez agradece, pegando os papéis; Verônica sorri)
VERÔNICA
Com licença!
(Verônica ia saindo)
RUEZ
Verônica!
(Verônica volta)
VERÔNICA
Sim senhor!…
RUEZ
Verônica, chame o operário… Carlos da Silva aqui, faz favor! Quero saber o porquê de tantas faltas consecutivas.
VERÔNICA
Ih, seu Ruez, pelo jeito ele nem veio trabalhar hoje… Ele não bateu o ponto de presença.
RUEZ
Vou te contar, hein! Demitirei esse vagabundo agora mesmo… Quando esse preguiçoso aparecer, você o manda passar aqui.
VERÔNICA
Pode deixar!… Com licença, seu Ruez! Qualquer coisa é só chamar.
(Ruez sorri e Verônica se retira; Ruez “bufa” e com a cabeça cheia, volta a assinar os documentos)
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“De volta ao morro, Alex continua a apanhar”…
(Maria das Dores chega aos prantos e se desespera ao ver o filho naquela situação)
MARIA DAS DORES
Larga o meu filho, seu desgraçado! Larga o meu filho!
(Maria das Dores segura o braço do policial Cardoso, tentando pará-lo, mas ele a empurra longe; Alguns acodem Maria das Dores, levantando-a do chão; Luís chega correndo, seguido de Solange, Tati e Seu Messias, o carpinteiro)
LUÍS
Larga meu irmão, seu covarde… Encara alguém do seu tamanho.
(Luís empurra policial Cardoso, separando-o de Alex; Completamente fraco, Alex cai no chão)
MARIA DAS DORES
Meu filho!…
(Maria das Dores corre para abraçar Alex e beija a sua cabeça, que está ensanguentada, assim como seu coração; Luís e policial Cardoso se encaram)
LUÍS
Se você tocar mais um dedo no meu irmão, eu não sei do que sou capaz…
POLICIAL CARDOSO
Por um acaso isso é uma ameaça? Vai todo muito preso, por desacato à autoridade.
MARIA DAS DORES
O quê?!
POLICIAL CARDOSO
Vamos… Os dois rapazinhos pra viatura. “Vambora” pra delegacia!
MARIA DAS DORES
Você só leva meus filhos por cima do meu cadáver.
(De peito estufado, Maria das Dores enfrenta policial Cardoso)
POLICIAL CARDOSO
Não seja por isso… Vamos a senhora também.
(Policial Cardoso pega forte no braço de Maria das Dores)
MARIA DAS DORES
Ei, me solta… Você está me machucando, seu grosseirão!
(Maria das Dores dá uns tapas no braço do policial)
POLICIAL CARDOSO
Policial Almeida… Traga o drogadinho e o valentão.
(Policial Almeida vai para pegar Luís, que se esquiva)
LUÍS
Pode deixar… Eu vou sozinho.
(Luís vai atrás do policial Cardoso, que arrasta Maria das Dores, contra a vontade dela; Cuidadosamente, Policial Almeida levanta Alex pelo braço)
POLICIAL ALMEIDA
Que decepção, Alex… Pensei que você fosse de bem.
(Como uma faca, aquelas palavras entram no coração de Alex, que deixa uma lágrima cair, escorrendo com o seu sangue; Jubiloso, Frederick vai embora contente)
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“Na delegacia”…
(Frente ao delegado, Alex e Maria das Dores estão sentados à mesa, enquanto Luís está atrás de sua mãe, apoiando as mãos na cadeira; Policial Almeida e policial Cardoso estão no fundo da sala; De cabeça baixa, Alex segura-se para não chorar)
DELEGADO BARRETO
Então, você estava portando drogas?
ALEX
Não senhor.
POLICIAL CARDOSO
Claro que estava, delegado Barreto… O flagrei carregando isso aqui.
(Policial Cardoso joga o pacote sobre a mesa; Delegado Barreto abre o pacote e vê alguns cigarros de maconha)
DELEGADO BARRETO
Chupetinha do diabo?… Você ia traficar isso, não ia?
ALEX
Não senhor.
POLICIAL CARDOSO
Claro que ia, delegado Barreto… Ele ia sair do morro com esse troço, certamente ia vender pra alguém… E com a ajuda do policial Almeida que queria acobertá-lo.
(Policial Almeida arregala os olhos e engole a seco)
DELEGADO BARRETO
Isso é verdade, policial Almeida?
POLICIAL ALMEIDA
Eu pensei que isso fosse só um livro, delegado Barreto. Eu já tinha tombado com o Alex ontem, pensei que ele estava carregando drogas, mas quando vi… Era só um livro de romance. Até estranhei, mas…
DELEGADO BARRETO
Está demitido, policial Almeida.
(Policial Almeida fica triste)
POLICIAL ALMEIDA
Demitido? Mas… O senhor não pode me demitir!
(Delegado Barreto ignora policial Almeida e olha para Alex)
DELEGADO BARRETO
E você, rapazinho, vai preso por porte ilegal de drogas.
(Dentro de si, Alex se desespera, mas por fora, seus olhos só lacrimejam; Maria das Dores e Luís ficam nervosos)
MARIA DAS DORES
Preso? Como assim? O meu filho não pode ir preso… Ele não é bandido.
DELEGADO BARRETO
Minha senhora, o seu filho foi pego em flagrante com porte ilegal de drogas… Ele vai ter que ir preso.
(Os olhos de Maria das Dores enchem de tristeza e então, ela olha para Alex)
MARIA DAS DORES
Alex, meu filho… Eu sei que você não é bandido… Por que você estava com esse troço?
(Maria das Dores alisa o rosto de Alex, que se segura para não chorar)
LUÍS
Seu delegado, o meu irmão é inocente… Ele é estudante da escola “San Miguez”, ele nunca se prestaria a isso.
DELEGADO BARRETO
Pensasse antes de andar por aí com essas coisas… Carcereiro!
(Delegado Barreto acena para o carcereiro, que se aproxima)
DELEGADO BARRETO
Leva o meliante para a cela.
(Com brutalidade, o carcereiro pega as mãos de Alex e as algema; Maria das Dores chora; O carcereiro leva Alex, que chorando, sai olhando para a mãe e o irmão que ali sofrem)
MARIA DAS DORES
Meu filho!…
(Chorando, Maria das Dores estende a mão para a porta, como se quisesse tocar Alex pela última vez)
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