Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 14

“Alex continua escondido, torcendo para que seu plano não vá por ‘água abaixo’… Afrodite fica sem saber o que fazer ao ver que aquelas pessoas, que para ela são estranhas, lhe chamando constantemente”…
AFRODITE
Por que será que essas pessoas estão me gritando?… Eu vou lá ver!
(Afrodite ia se levantando, mas Marieta a puxa pelo braço e ela cai sentada)
AFRODITE
Ai, mamãe!
(Afrodite faz cara de dor e alisa o glúteo, massageando-o para amenizar a dor)
MARIETA
Está doida, Afrodite? Você não vai a lugar algum… E se eles te raptarem? Não, você vai ficar aqui.
(Afrodite acha aquilo uma bobeira)
RUEZ
Sua mãe está certíssima, Afrodite… Pode ser perigoso mesmo.
AFRODITE
Mas eles devem me conhecer, estão gritando meu nome… Eu vou lá ver o que eles querem.
(Afrodite se levanta e ia indo, mas Ruez se levanta também e a segura pelo braço; O pessoal continua chamando por ela)
RUEZ
Eu já falei que você não vai, Afrodite. Vamos embora, né? Já passou da hora.
AFRODITE
Mas já?
MARIETA
Já sim, Afrodite! Aqueles trombadinhas gritando pelo seu nome é o fim do mundo, um “ó”… Que horror!
(Marieta fala, arrumando a sua bolsa depressa)
MARIETA
Vamos, vamos… Vamos antes que eles resolvem vir nos atacar.
(Marieta põe seus óculos escuros, pega sua bolsa e sai puxando Afrodite e Ruez pelo braço; Afrodite sai olhando para o pessoal e nem vê Alex, que escondido, a vê indo embora; No outro lado da praia, Maria das Dores fica frustrada)
MARIA DAS DORES
Ela foi embora… Será que ela não quis vir falar com a gente?
SOLANGE
Claro, né, mãe… Pelo jeito é metidinha, aff!
MARIA DAS DORES
E o Alex? Alguém sabe do Alex?
MARIA DAS GRAÇAS
Não… Não vejo o Alex desde cedo. Onde será que ele está?
(Maria das Dores fica preocupada e olha de um lado para o outro, procurando-o; Triste, Alex fica com receio de sair do esconderijo)


(Em sua cama, Bené tenta fugir de Maria dos Prazeres, mas ela o agarra de jeito)
BENÉ
Vai embora, sua louca… Eu amo a Graça e você é irmã dela.
MARIA DOS PRAZERES
Ah, e o que tem isso, Bené? Nós sempre fomos muito amigas e dividimos tudo… Tudinho! Até os nossos namoradinhos de adolescência, sabia?
BENÉ
Não interessa! Agora ela está casada comigo… EU sou o marido dela.
(Bené se levanta, escondendo-se atrás das cortinas; Maria dos Prazeres senta-se na cama, com as pernas flexionadas para trás)
MARIA DOS PRAZERES
Ah, Bené, que feio… Tá com medinho de mulher, é?
BENÉ
Medo de mulher, medo de mulher… Eu tenho é respeito pela minha mulher e você deveria ter também pela sua irmã.
(Bené sai de trás das cortinas e abre a porta, expulsando Maria dos Prazeres do quarto)
BENÉ
Saia, Maria dos Prazeres! Vai embora!
MARIA DOS PRAZERES
Você não quer isso, Bené… Eu sei que não quer.
(Maria dos Prazeres se levanta)
MARIA DOS PRAZERES
Eu sei que você também me quer.
(Maria dos Prazeres fala se aproximando cada vez mais de Bené, alisando o seu rosto e beijando a sua nuca; Aos poucos, Bené vai começando a ceder)
BENÉ
Não, Prazeres, não faça isso… Acho melhor você ir embora. E sou homem e não aguento muito tempo. Beijo na nuca é golpe baixo!
(Bené tenta se afastar de Maria dos Prazeres, mas ela se permanece insistente)
MARIA DOS PRAZERES (maliciosa)
Então Bené, você é homem… Muito homem! E um homem nunca nega o fogo de uma mulher.
(Maria dos Prazeres beija Bené e ele se envolve cada vez mais; Eles deitam na cama e vão para baixo do edredom; A cama range, com a veemência daquele momento lúbrico)
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“Horas depois – Mansão Smith”
(Afrodite está em seu quarto, deitada na cama e se lembra de ter visto Alex na praia)
AFRODITE
Será que era o Alex mesmo… Mas, se era ele… Então ele mentiu para mim. Mas por que ele mentiria pra mim? Por quê?
(Afrodite fica triste e tenta buscar alguma explicação em sua cabeça)
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Já em casa, Alex em seu quarto, fica triste ao pensar em tudo o que está acontecendo… Sentindo-se culpado por estar enganando a sua deusa do amor, Alex deixa uma lágrima cair e a seca rapidamente.
(Maria das Dores entra no quarto e se aproxima do filho, que sentado na cama, encontra-se triste)
MARIA DAS DORES
Alex, a comida já está na mesa.
ALEX
Tô sem fome.
(De cabeça baixa, Alex responde)
MARIA DAS DORES
Mas hoje tem a carninha que você tanto gosta.
(Maria das Dores explica, alisando o rosto de Alex, que nem se quer olha para ela)
ALEX
Não, quero não…
MARIA DAS DORES
Você que sabe, então. Vou guardar o seu prato, depois você esquenta… Está triste com alguma coisa?
ALEX
Não… Só estou cansado da praia.
MARIA DAS DORES
Então vou deixar você descansar… Boa noite, meu filho!
(Maria das Dores se levanta e ia saindo)
MARIA DAS DORES
Alex, onde você se meteu lá na praia?… E a sua namorada estava lá, sabia?
(Alex segura-se para não chorar)
MARIA DAS DORES
Só que ela nem foi falar com a gente, pareceu tão superior… Ela não gosta de pobre, né, Alex?
(Alex olha para Maria das Dores e deixa uma lágrima cair)
MARIA DAS DORES
Que quê houve, meu filho?…
(Maria das Dores volta e abraça Alex)
MARIA DAS DORES
Por que você tá chorando?
(Alex abraça fortemente a mãe e se afasta lentamente do abraço; Maria das Dores seca a lágrima de Alex)
MARIA DAS DORES
Aconteceu alguma coisa, filho?
(Alex olha no fundo dos olhos preocupados de Maria das Dores e suspira e enfim resolve abrir o seu coração)
ALEX
Mãe, eu preciso te contar uma coisa… Muito séria.
MARIA DAS DORES
O que, meu filho?
(Preocupada, Maria das Dores já pergunta com a mão no coração)
ALEX
Mãe, a Afrodite… A Afrodite não sabe que eu sou pobre.
MARIA DAS DORES
Como?
ALEX
Eu escondi a nossa pobreza pra ela… Pra ela eu sou rico, mãe.
(Cruelmente, aquelas palavras perfuram o coração de Maria das Dores e seus olhos enchem-se de lágrimas; Alex sente-se triste e envergonhado)
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(Depois de uma longa viagem, Maria das Graças e os filhos finalmente chegam em casa)
MARIA DAS GRAÇAS
Ai, estou um caco! Mas o passeio foi bom, né?
(Admitindo, Maria das Graças esparrama-se no sofá)
TICO
Poxa… A praia foi tão boa. Queria morar lá pra sempre.
(Tico fala com um largo sorriso no rosto; Tânia se afasta de todos e romântica, lembra-se que, escondidos, ela e Quinho se beijaram lá na praia; Tina percebe que a irmã está pensativa e resolve logo fazer intriga)
TINA
Mamãe… A Tânia bem beijou o Quinho lá na praia. Eu vi!
(Maria das Graças olha para Tânia, que sorri abobada e gracejando, retorna o olhar para Tina)
MARIA DAS GRAÇAS
Ai, Tina, quando você chegar nessa idade, também ficará assim.
TINA
Eu?! Claro que não, eu nunca vou namorar… Eca! Deve ser nojento beijar na boca.
(Maria das Graças ri)
MARIA DAS GRAÇAS
Ai, ai… Vou tomar banho pra tirar esse sal do meu corpo. Em seguida vocês vão, hein!
(Maria das Graças se levanta)
TICO
Ah, banho, mãe?… Já tomei lá na praia.
MARIA DAS GRAÇAS
Sem birra, Tico! Depois que eu sair do banheiro, você vai.
(Tico faz cara feia e Maria das Graças caminha para o quarto)
MARIA DAS GRAÇAS
Ai, ai, as crianças desse tempo estão mais abusadas do que nunca.
(Maria das Graças ri, sozinha; Ao entra no quarto, Maria das Graças se assusta ao ver Bené e Maria dos Prazeres na cama e fica sem ação; No fogo do “rala e rola”, eles nem percebem a presença de Maria das Graças, que ainda não parece acreditar; Os gemidos de Maria dos Prazeres se misturam com a tristeza de Maria das Graças, fazendo-a gritar histericamente; Bené e Maria dos Prazeres param o ato e assustados, olham para Maria das Graças; Maria dos Prazeres sorri, vitoriosa)
BENÉ (assustado)
Graça?!… Não é nada disso do que você está pensando.
(Maria das Graças vai parando de gritar e olha enfurecida para os dois)
TÂNIA
Mãe, que grito foi ess…
(Tânia chega perguntando, mas paralisa-se ao ver o pai e a tia na cama; Tina e Tico também vêm correndo e ficam pressionados com aquela cena; Tânia, Tina e Tico ficam boquiabertos)
TÂNIA
Pai… Tia… O que…
MARIA DAS GRAÇAS
Pra fora, crianças!
(Sem nem titubearem, Tânia, Tina e Tico saem do quarto, cabisbaixos; Maria das Graças encara Bené e Maria dos Prazeres)
MARIA DAS GRAÇAS (nervosa)
O que… É isso?
BENÉ
Calma, Graça… Eu posso explicar…
(Bené se levanta, colocando a roupa)
MARIA DAS GRAÇAS
Como teve coragem, Bené? Na nossa cama…
(Maria das Graças quase chora)
BENÉ
Eu não queria, Graça, eu juro… Eu não queria.
(Bené vai para beijar Maria das Graças, mas ela lhe dá um tapa na cara; Maria dos Prazeres põe o edredom na frente da boca e sorri, satisfeita com aquilo tudo)
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(Maria das Dores não consegue conter suas lágrimas e decepcionada, se afasta de Alex)
MARIA DAS DORES
Você tem vergonha de ser pobre, Alex? Tem vergonha da sua vida? Da sua origem?
ALEX
Não, mãe, claro que não…
(Alex fala se aproximando de Maria das Dores)
ALEX
Eu me orgulho muito! Muito mesmo!… Só que só assim eu poderei namorar a Afrodite, mãe. Se o pai dela soubesse que eu sou pobre, ele nunca me deixaria namorar a Afrodite… E eu amo a muito, mãe… Nós nascemos um para o outro, eu sei, seu sinto!… O nosso amor está escrito nas estrelas. A senhora me perdoa por isso tudo?
(Maria das Dores seca as suas lágrimas e sorri)
MARIA DAS DORES
O que uma mãe não faz por um filho, né? Se só assim você poder ser feliz com a sua namorada, então… Mas meu filho, a mentira tem perna curta… E quando ela descobrir toda a verdade? Como vai ser?
ALEX
Eu vou contar tudo pra ela, só estou tentando encontrar a melhor maneira… Eu não queria estar mentindo, mas faço isso pelo nosso amor. Pra nossa felicidade.
(Maria das Dores sorri e abraça Alex)
MARIA DAS DORES
Só espero que toda essa mentira não se vire contra você, meu filho… E que você seja muito feliz com ela. Muito feliz!
(Com os olhos melancólicos, Alex sorri)
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(Sentido, Bené passa a mão no rosto, onde Maria das Graças bateu)
BENÉ
Você me bateu, Graça…
MARIA DAS GRAÇAS
Eu deveria era te matar!
(Com ódio, Maria das Graças olha para Maria dos Prazeres, que ri por debaixo do edredom)
MARIA DAS GRAÇAS
E você, Prazeres… Como pôde? Sangue do meu sangue, minha irmã… Como foi capaz de me trair dessa maneira tão… Tão…
(Maria dos Prazeres para de ri, abaixando o edredom)
MARIA DOS PRAZERES (cínica)
Perdoe-me, minha irmã, perdoe-me… Mas eu não tive culpa… O Bené sempre me seduziu, desde quando éramos jovens, ele sempre correu atrás de mim e essa não foi a primeira vez que nós ficamos juntos.
(Maria das Graças controla-se para não chorar, mas seu coração pulsa violento com toda a raiva que sente daquele momento imundo)
BENÉ
Isso é mentira, Graça… Foi essa vagabunda da sua irmã que sempre correu atrás de mim.
(Maria das Graças deixa uma lágrimas cair e emburrada, a seca com a mão fechada)
MARIA DOS PRAZERES (dramática)
Minha irmã querida, não acredite nesse safado… Eu sou sua irmã, eu nunca mentiria para você. Nunca! Já ele… Ele é homem, né? E nós sabemos que nunca se pode confiar em homem nenhum… São todos uns safados!
(Bené rebate e começa uma discussão com Maria dos Prazeres; Maria das Graças sai correndo, chorando; No meio da discussão, Bené percebe que Maria das Graças não está mais no quarto)
BENÉ
Graça!
(Bené sai correndo e Maria dos Prazeres fica sozinha no quarto)
MARIA DOS PRAZERES
Consegui!
(Maria dos Prazeres sorri, sentindo-se vitoriosa)
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(Chorando, Maria das Graças tranca-se no banheiro e senta-se no vaso sanitário; Sem ninguém perceber, Maria dos Prazeres veste as suas roupas e foge pela janela do quarto; Nervosa, Maria das Graças grita histericamente; Bené bate na porta do banheiro, implorando para que Maria das Graças o atenta)
BENÉ
Abre a porta, Graça… Vamos conversar!
(Triste, Bené encosta a cabeça na dura porta de madeira; Afastados, Tânia, Tina e Tico choram, abraçados)
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“No dia seguinte”…
A noite foi longa, triste, dolorosa e nem por um minuto sequer, Maria das Graças conseguiu adormecer…
(Ressentida, Maria das Graças vai até à casa de Maria dos Prazeres; Maria das Graças bate na porta e Maria dos Prazeres a atende)
MARIA DOS PRAZERES (assustada)
Você?!
(Maria dos Prazeres sorri falsamente para a irmã)
MARIA DAS GRAÇAS (séria)
Prazeres… Precisamos conversar.
(Maria dos Prazeres não gosta e Maria das Graças a encara)
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(Em seu quarto, Afrodite está sentada à escrivaninha, escrevendo em seu diário; Cidinha entra)
CIDINHA
Já acordada, Afrodite?… Por que ainda não está com o uniforme da escola?
AFRODITE
Hoje não tem aula, é conselho de classe…
CIDINHA
Ah…
(Afrodite para de escrever e vira-se para Cidinha)
AFRODITE
Sabe, Cidinha? Hoje o papai vai mostrar a “Master Cars” pro Alex… Ele vai treinar o Alex pra no futuro substituí-lo. Não é o máximo?
(Cidinha sorri, concordando com a cabeça; Afrodite sorri, colocando a caneta na boca e logo depois volta a escrever; Cidinha se aproxima de Afrodite e a observa, escrevendo)
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“Master Cars – Escritório pessoal de Ruez”
(Ruez está sentado à mesa e Alex está em sua frente)
RUEZ
Gostou da fábrica, Alex?
ALEX (feliz)
Gostei, gostei muito… Gostei mais da parte aonde são feito os carros. Muito da hora!
(Alex sorri)
RUEZ
Se você casar com a minha filha, você será dono disso tudo aqui, rapaz. Achas que dá conta?
ALEX
Que isso, seu Ruez, eu nem…
(Batem três vezes na porta; Verônica e Carlos entram)
VERÔNICA
Com licença, seu Ruez… Aqui está o operário com quem o senhor deseja falar.
(Alex se vira e arregala os olhos ao ver que é seu pai)
CARLOS
Bom dia, seu Ruez…
(Carlos se surpreende ao ver Alex)
CARLOS
Alex?! O que é que você está fazendo aqui?
(Alex nada consegue responder)
RUEZ
Ei, de onde você conhece o Alex?
CARLOS
Como de onde, senhor? O Alex é meu filho.
RUEZ (assustado)
Filho?!
CARLOS
É… Só não sei o que ele está fazendo aqui. Veio procurar emprego, Alex?
(Ruez fica furioso; Os olhos de Alex enchem de lágrimas, pois fora descoberto)
RUEZ
Então você mentiu, né, seu infeliz… Saiba que, daqui por diante, estás proibido de chegar perto da minha filha. O namoro de vocês acabou. Definitivamente!
CARLOS
Namoro?… Então… Espertinho, meu filho!
“Carlos sorri, por o filho ter conseguido uma namorada bem-sucedida como a filha do seu patrão… Desolado com Alex, Ruez não consegue esconder a sua raiva e senta-se na cadeira, emburrado… Desmoronado, os olhos de Alex enchem-se de tristeza, pois dali em diante, tudo havia se acabado… Com o desfecho desse episódio, certamente, Alex nunca mais poderá chegar perto da sua deusa do amor”
(A imagem se congela num tom preto-e-branco)
Continua…

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