Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 16

“Afrodite sente-se traída ao receber tal notícia, sente-se completamente enganada pelo grande amor da sua vida… Mas mesmo diante dessa revelação tão bombástica, ela, no fundo do seu coração apaixonado, prefere não acreditar”
AFRODITE
Não, isso não pode ser verdade… O Alex não iria me esconder uma coisa dessas, eu tenho certeza.
(Afrodite fala, levantando-se do sofá e caminhando lentamente pela sala, com as mãos no coração)
RUEZ
Afrodite, não adianta cogitar mais nada… Você está definitivamente proibida de namorar aquele mentiroso e ponto final.
AFRODITE
Por que, papai? Hein? Só por que ele é pobre? E se ele for mesmo, né?… Porque até agora vocês só vieram com acusações, mas sem fundamentos alguns… Alguém pode me explicar melhor, por favor?
RUEZ
Sabe o que eu descobri hoje, minha filha? O seu namoradinho morador do “Jardim Atlanta”, que fala inglês e toca piano, na verdade não passa de um filho de um reles operário lá da fabrica. Como ele pode ser rico, se é filho de um operário miserável e preguiçoso? Hã? Ele é pobre! Pobre e infeliz… É isso que aquele desgraçado é!
AFRODITE
Ah, papai, talvez isso não passa somente de um mal enten…
RUEZ (nervoso)
Para de ser idiota, Afrodite! Você não vai mais namorá-lo e assunto encerrado! Está me entendendo?
(Rispidamente, Ruez fala, segurando os braços de Afrodite; Com raiva, Ruez encara Afrodite, que chorando, sobe as escadas, correndo)
FREDERICK
Afrodite…
(Frederick ameaça ir atrás de Afrodite, mas Bruna o segura pelo braço; Preocupada, Cidinha sobe as escadas e Bruna vai atrás; Aos poucos, Marieta vai abrindo os olhos e espantada, se aparta dos braços de Adamastor)
MARIETA
Me solte, Adamastor, eu hein, que petulância!… O que aconteceu aqui, gente? Tive um sonho estranho… Sonhei que a minha filha estava namorando um pobre… Eca!
FREDERICK
Não foi sonho não, dona Marieta, isso é a pura realidade… A Afrodite acaba de descobrir que o Alex mentiu pra ela e que não passa de um pobre insignificante.
MARIETA
Pobre?! Mas… Viu, Ruez, eu não te disse? Meu faro nunca se engana, só foi eu bater os olhos naquele cafona que eu logo senti o cheiro da pobreza que exalou dos seus poros.
RUEZ (arrogante)
Ah, Marieta, não me encha com suas presunções…
(Marieta não gosta como o marido a trata, mas se contem; Ruez repara em Adamastor, Maria dos Prazeres e em Frederick)
RUEZ
E vocês? O que fazem aqui feitos dois de paus?… Adamastor, seu lugar é no carro… Que diabos faz aqui dentro?
(Adamastor fica nervoso e não sabe o que falar)
ADAMASTOR
É…
RUEZ
Desembucha logo… O que faz aqui dentro, Adamastor? Perdeu algo aqui?
(Adamastor fica nervoso e olha para Maria dos Prazeres, que sorri debochadamente)
ADAMASTOR
Eu…
MARIA DOS PRAZERES
Responda, Adamastor… O patrão está esperando.
(Irônica, Maria dos Prazeres sorri para Adamastor, que transpira de nervoso) 
MARIA DOS PRAZERES
Ai, enquanto isso, eu vou para a cozinha… Ainda tenho que preparar o almoço. Com licença!
(Sorrindo, Maria dos Prazeres encara Adamastor, passa na frente de Ruez e vai em direção à cozinha)
RUEZ
Espere um pouco, Maria…
(Maria dos Prazeres volta)
MARIA DOS PRAZERES
Deseja alguma coisa, seu Ruez?
RUEZ
Agora eu estou me lembrando… No dia do jantar, você disse que já conhecia o Alex e que havia sido babá dele no passado, não foi?
(Maria dos Prazeres arregala os olhos e fica nervosa)
RUEZ
Por que você mentiu, Maria?… Ah, isso tudo não passava de um plano, uma tramoia.
MARIETA
Sim, mais é claro que sim… Você estava de patota com aquele cafona para tentar nos dar um golpe, não é sua lesma?… Ruez, tudo isso não passava de um golpe… Eles queriam nos roubar, meu bem!
MARIA DOS PRAZERES
Não, dona Marieta, eu não tive alternativas… O Adamastor me obrigou a mentir.
(Chorando falsamente, Maria dos Prazeres fala apontando o dedo para Adamastor, acusando-o; Todos olham para Adamastor, que faz cara de espanto)
RUEZ
O quê?… Como explica isso, Adamastor?
ADAMASTOR
Sabe o que é, seu Ruez?… Eu vou contar a verdade. Fui eu quem aconselhou o Alex a mentir.
MARIETA (histérica)
Hã? Então você é o trair, Adamastor! Como pôde nos apunhalar pelas costas? Hein?
ADAMASTOR
Não era um golpe, mas eu sabia que só assim o senhor permitiria o namoro entre os dois… Eu conheço o Alex faz tempo, ele sempre foi um menino bom, respeitador e na verdade, ele é sobrinho da Maria. Eu só a obriguei a mentir também, para ajudá-lo a impressionar o senhor. Ele me prometeu que encontraria a melhor maneira de abrir o jogo… Acredite no amor dele pela sua filha, seu Ruez.
(Adamastor conclui a fala, com os olhos lacrimejados e logo após, abaixa a cabeça; Após saber isso, Ruez fica com mais raiva ainda)
RUEZ
Os dois estão demitidos… Quero-os fora da minha mansão agora mesmo.
ADAMASTOR
Demitido?… Mas… Eu não tenho para onde ir, seu Ruez.
MARIA DOS PRAZERES
E eu, seu Ruez? Pense em mim… Por favor! Eu sou mãe solteira, tenho um filho para criar sozinha, não tenho ajuda de ninguém, nem da minha própria família que me abandonou ao léu quando eu mais precisei deles, por favor, seu Ruez! Eu imploro de joelhos… Me deixe ficar, por favor!
(Aos prantos, Maria dos Prazeres ajoelha-se aos pés de Ruez e agarra a sua perna; Enciumada, Marieta puxa Maria dos Prazeres pelo braço, levantando-a)
MARIETA
Deixe-os ficar, Ruez, deixe… Afinal são nossos empregados há tanto tempo, né? E aonde encontraremos serviçais tão… Tão… Tão domináveis como esses dois, imprestáveis?
(Esperançoso, Adamastor levanta a cabeça; Mesmo não gostando do jeito como Marieta falou, Maria dos Prazeres fica feliz)
MARIA DOS PRAZERES
A senhora é uma santa, dona Marieta… Uma santa!
(Empolgada, Maria dos Prazeres beija a mão de Marieta; Marieta faz cara de nojo e limpa a mão no uniforme de Maria dos Prazeres)
RUEZ
Tá certo… Vocês são bons empregados e merecem ficar. Mas saibam que essa será a última chance. Qualquer outro deslize, será rua de imediato.
(Adamastor e Maria dos Prazeres ficam contentes)
ADAMASTOR
Muito obrigado, seu Ruez… Nunca mais decepcionarei o senhor.
MARIA DOS PRAZERES
E eu… E eu farei tudo o que vocês quiserem. Tudo! Ah seu Ruez, o senhor é…
(Maria dos Prazeres ia abraçar Ruez, mas Marieta a puxa pelo braço)
MARIETA
Já que fará tudo mesmo, vá buscar meu chá, lesma!
MARIA DOS PRAZERES
Sim senhora!
(Maria dos Prazeres vai para a cozinha)
MARIA DOS PRAZERES
Essa foi por pouco… Agora deixa eu fazer o chá dessa horrorosa logo, antes que ela dá um “ pití ”!
(Maria dos Prazeres pega a chaleira de Inox e a enche com água; Sorrindo malandramente, Maria dos Prazeres cospe na água e a põe para ferver)
MARIA DOS PRAZERES (irônica)
Ai, ai… O chazinho da madame é tão gostoso…
(Maria dos Prazeres cospe novamente na água e sorri, debochadamente)
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(Na sala, Ruez anda de um lado para o outro, nervoso)
MARIETA
Ai, Ruez, desse jeito você ficará cansado…
RUEZ
Eu estou com raiva… Estou com ódio daquele idiota do Alex. Como… Como eu pude ter sido tão… Tão imbecil de ter acreditado nele?
MARIETA
Viu, Ruez? Dá próxima vez que meu faro apitar, você me dê mais atenção, ouviu?… Mas o que importa isso agora? A Afrodite já está proibida de namorar aquele pobretão e ela ainda tem o Frederick… Um verdadeiro príncipe!
(Marieta se aproxima de Frederick, e apoia a sua mão no ombro dele; Prepotente, Frederick sorri e Ruez o encara)
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(No quarto, Afrodite está sentada á penteadeira, chorando muito; Preocupada, Cidinha está atrás de Afrodite, alisando sua cabeça; Bruna está sentada na cama)
CIDINHA
Não chore, minha bonequinha… Assim eu choro também.
(Cidinha se segura para não chorar; Bruna levanta-se da cama e se aproxima)
BRUNA
Cidinha, nos dê licença, por favor?… Deixa que eu console a minha amiga.
CIDINHA
Sim!… Fique bem, Afrodite!
(Cidinha beija a bochecha de Afrodite e sai, chorando)
BRUNA
Ai, Afrodite, não fique assim, minha amiga.
(Bruna aconselha Afrodite, passando a mãos nos fios dourados de seus cabelos cacheados)
AFRODITE
Ah Bruna, meu coração está dilacerado… Como é horrível a sensação de ser traída.
(Afrodite explica aos prantos)
BRUNA
Vou falar porque sou sua amiga… Foi bem melhor que você descobrisse de vez, Afrodite. Você é uma pessoa tão boazinha e não merece ser enganada… O Alex não te merece e muito menos as suas lágrimas.
AFRODITE
Mas mesmo assim eu o amo.
BRUNA (grossa)
Mas ele não te ama. Se te amasse, não mentiria!
(Afrodite chora mais ainda e Bruna abraça a sua cabeça)
BRUNA
Não sofra, amiga… Você não merece sofrer. Você tem o Frederick que verdadeiramente gosta de você.
AFRODITE
O Frederick? Não, eu não…
BRUNA
Afrodite, minha amiga, dê uma chance para o seu coração ser feliz… Esqueça de vez esse mentiroso e dê uma oportunidade para o Frederick, ele te ama tanto, coitado, é louquinho por você (risos). Erga a cabeça e vá ser feliz com quem te mereça, bobinha.
(Pensativa, Afrodite olha-se no espelho e vê a sua tristeza refletida ali)


“Casa de Maria das Graças”
(Trajando seu uniforme de trabalho, Bené está deitado na cama, dormindo, e Maria das Graças entra no quarto, triste; Maria das Graças senta-se à penteadeira e olhando-se ao espelho, lembra-se de quando fora traída; Aos poucos, Maria das Graças deixa uma lágrima cair e com raiva, encaraBené; Maria das Graças retorna o olhar para o espelho e vê a sua ira refletida ali; O tormento daquela infame cena não sai da sua cabeça e subitamente, ela pega a tesoura que está sobre a penteadeira; Com ódio no olhar, Maria das Graças olha aquela tesoura e simula como se estivesse cortando o ar; Decidida, Maria das Graças caminha a passos leves até a cama e aponta a tesoura em direção de Bené, que dorme tranquilamente; Quando Maria das Graças está prestes à cravar a tesoura de ponta fina no rosto de Bené, ele acorda na hora e se assusta)
BENÉ
Graça?!
(Temeroso, Bené cobre a face com o edredom; A mão de Maria das Graças enfraquece e aos prantos, ela deixa a tesoura cair; Lentamente, Bené vai abaixando o edredom, deixando só os olhos à mostra)
BENÉ
Você ia me matar, Graça?
MARIA DAS GRAÇAS
Saia da minha casa, Bené!
BENÉ
Sair? Mas… Pra onde eu vou?
MARIA DAS GRAÇAS
Pensasse nisso antes de colocar aquela vadia na nossa cama.
BENÉ
Graça… A culpa não foi minha, eu juro… Eu estava aqui e ela que veio e deitou aqui e me agarrou e…
MARIA DAS GRAÇAS
Me poupe desse detalhes, Bené… Saia daqui, antes que eu te mate… Eu estou falando sério!
BENÉ
Graça, eu não tenho pra onde ir… E também, essa casa é minha… Eu comprei com o meu dinheiro.
MARIA DAS GRAÇAS
Não seja por isso… Eu e as crianças saímos, então.
(Maria das Graças vai até o guarda-roupa e começa a tirar as suas roupas para fora; Bené se levanta da cama)
BENÉ
Não precisa tirar as crianças do teto delas… Se você quer, Graça, eu vou! Mas é isso mesmo que você quer? A gente pode conversar com calma.
(Bené vai para beijar Maria das Graças, que se afasta)
MARIA DAS GRAÇAS
É isso mesmo que eu quero, Bené. Se você me traísse com qualquer mulher da rua, longe da nossa cama, eu até poderia entender… Mas trazer a cobra da minha irmã pra cá, isso é muito doloroso… Eu não suporto isso!
BENÉ
Se você me perdoar, eu te prometo que nunca mais isso irá se repetir, mas eu preciso de outra chance… Só mais outra!
MARIA DAS GRAÇAS
Não tem mais jeito, Bené… Como diz aquele ditado popular: “Uma vez corna, sempre corna”. E eu não mereço isso, não mesmo.
(Bené deixa uma lágrima cair, mas a seca imediatamente)
BENÉ
É doloroso acabar um casamento como o nosso, ainda mais dessa maneira… Eu só desejo, que um dia você possa me perdoar… Eu vou trabalhar agora, depois mando alguém vir buscar as minhas coisas.
(Maria das Graças deixa uma lágrima cair e triste, Bené sai do quarto)
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(Na sala, Tânia, Tina e Tico estão sentados no sofá, tristes)
TINA
Será que a mamãe e o papai vão se separar?
TÂNIA
Ih, vira essa boca pra lá, criança!
TINA (nervosa)
Eu não sou criança, que chatice!
(Bené aparece cabisbaixo e Tico e Tina se aproximam dele)
TICO
Vai trabalhar, pai?
BENÉ
Vou sim, meu filho!
(Bené beija a cabeça de Tico; Chorando, Maria das Graças aparece e fica um pouco afastada, observando)
TINA
Tchau, papai!
(Tinaabraça Bené, que retribui, fortemente; Bené beija a cabeça de Tina, que sorri; Bené olha para Tânia)
BENÉ
Vem me dar um beijo, Tânia!
(Tânia se levanta do sofá e abraça Bené, que beija a sua bochecha)
BENÉ
Tchau, meus filhos lindos!
(Com os olhos lacrimejados, Bené abraça os três filhos; Bené olha para Maria das Graças, que chora e sai, seguido de Tico e Tina; Maria das Graças senta-se no sofá e chora mais; Tânia senta-se ao lado da mãe)
TÂNIA
Ele não vai voltar mais, né mãe?
MARIA DAS GRAÇAS
Não, Tânia, eu expulsei o seu pai de vez…
(Maria das Graças deita a cabeça no colo de Tânia e desaba a chorar; Triste, Tânia faz cafuné na cabeça de Maria das Graças)
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“No dia seguinte”…
(De malas nas mãos, Bené bate na porta da casa de Maria dos Prazeres; As vizinhas fofoqueiras reparam e cochicham umas com as outras; Envergonhado, Bené olha para elas e logo desvia o olhar; Maria dos Prazeres abre a porta e se surpreende ao ver Bené)
MARIA DOS PRAZERES (feliz)
Bené?
BENÉ
Prazeres, será que eu poderia morar aqui? A Graça me expulsou de casa.
(Vitoriosa, Maria dos Prazeres sorri e beija Bené, que larga as malas no chão; As fofoqueiras cochicham umas com as outras)
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(Na parte de trás da escola; Frederick e Afrodite ensaiam a valsa e Bruna os orienta nos passos; Afrodite pisa no pé de Frederick)
BRUNA
Não, Afrodite… Você está errando muito!
(Afrodite para de dançar)
AFRODITE (triste)
Desculpa, mas eu não estou conseguindo me concentrar em nada.
BRUNA
Afrodite, a sua festa já é nesse final de semana. Vamos! Desde o início… E mais atenção dessa vez, amiga! Vamos!
(Frederick e Afrodite voltam a dançar e Bruna os observa; Triste, Alex se aproxima)
ALEX
Podemos conversar, Afrodite?
AFRODITE
Alex?
(Prontamente, Afrodite se aparta de Frederick e olha para Alex; Alex e Afrodite se olham profundamente)
FREDERICK
Vamos, Afrodite, o seu pai não quer que você fique perto desse favelado.
(Frederick puxa Afrodite pelo braço)
AFRODITE
Calma, Frederick… O Alex quer falar comigo.
FREDERICK
Não. Afrodite! O seu pai pediu para que eu tomasse conta de você. Eu não vou deixar que esse flagelado chegue perto de você.
(Frederick arrasta Afrodite pelo braço, que relutando, sai olhando para Alex; Alex ameaça ir atrás, mas Bruna o impede)
ALEX
Me dá licença, eu preciso falar com ela… Eu preciso conversar com a Afrodite.
BRUNA
Calma, Alex, não tem mais jeito… O pai dela proibiu a aproximação de vocês.
ALEX
Mas… Eu… Eu preciso me explicar, eu preciso falar o porquê de ter mentido… Eu não queria enganá-la, eu a amo muito, muito.
BRUNA
Eu sei… Eu confio no amor de vocês, por isso quero ajudá-lo.
ALEX
Sério?
BRUNA
Uhum!… Não vai adiantar você querer fazer um escarcéu, gritar a sua verdade… Vai com calma, na encolha, aos poucos. Ah, acabo de ter uma ideia!
ALEX
Ideia? Que ideia?
BRUNA
Sábado é a festa da Afrodite… E será uma excelente ocasião para vocês conversarem.
ALEX
Não, não sei não… O seu Ruez me colocará para fora na mesma hora, acho melhor noutro lugar e noutro momento. Eu não quero estragar a festa da minha deusa.
BRUNA
Que estragar o quê, bobinho… O salão estará lotado de gente e o seu Ruez vai estar tão deslumbrado com aquele momento, que nem vai te ver lá. Será o momento certo de vocês terem uma conversa definitiva… Vai por mim!
ALEX
Pensando bem, acho que será a melhor ocasião mesmo… Tá aí, eu vou nessa festa, sim!
(Bruna sorri, maliciosamente; Esperançoso, Alex sorri)
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“Festa de Afrodite”
O Salão está completamente decorado em rosa, branco e prateado, esbanjando beleza e glamour… Bexigas e fitilhos enfeitam o teto, junto ao grande globo de luzes coloridas que aclaram os jovens enquanto eles dançam ao som da banda “Blitz”. Ruez e Marieta só são alegria com a filha, que nem por um minuto sequer demonstra satisfação de estar ali.
(Marieta tenta animar Afrodite, balançando-a de um lado para o outro, mas ela se mostra triste)
MARIETA
Ai, Afrodite, minha filha… Anime-se! Não está gostando da sua festa, não?
AFRODITE
Não é isso, mamãe… É que a senhora sabe muito bem que eu não estou bem. Por mim cancelaria essa festa.
MARIETA
Cancelar por quê? Só por causa do término do seu namoro com aquele pobretão? Nada disso, minha filha, sua festa está um arraso… Vá se divertir, vá!… Frederick! Venha aqui, querido!
(Marieta acena para Frederick, que se aproxima)
FREDERICK
Boa noite!
MARIETA
Hum, como está bonito o príncipe da minha filha… Está um arraso, como vocês jovens bem dizem!
(Frederick e Marieta riem, enquanto Afrodite continua séria)
MARIETA
Frederick, faça essa menina se animar, por favor!
FREDERICK
Claro que sim, dona Marieta… Pode deixar! Será um prazer.
(Marieta sorri; Frederick vira-se para Afrodite e a olha nos olhos)
FREDERICK
Afrodite, aceita essa…
(Frederick estende a mão para Afrodite, que nem sequer espera ele terminar a frase e se afasta, emburrada; Sem entender, Frederick olha para Marieta, que se envergonha; Bruna se aproxima, cumprimenta Marieta e puxa Frederick para dançar; Afrodite vai até a grande janela e triste, olha para a lua que está cheia)
RUEZ
Está triste, minha filha?
(Ruez pergunta ao se aproximar, com um copo na mão)
AFRODITE
O senhor sabe que sim, papai… Eu estou sofrendo pelo Alex.
RUEZ
Minha filha, entenda de uma vez… Você nunca mais vai namorar aquele mentiroso e trate de tirar esse traste da cabeça que vai ser melhor para você.
(Ruez beija a bochecha de Afrodite e se afasta, indo cumprimentar seus amigos de trabalho; Afrodite olha a lua)
AFRODITE
Será mesmo o fim desse amor tão lindo?
(Infeliz, Afrodite deixa uma lágrima cair)
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(Com um pacote enfeitado na mão, Alex chega ao salão)
SEGURANÇA
O convite, por favor!
ALEX
Convite?… Eu não sabia que precisaria de convite.
SEGURANÇA
Sinto muito, mas a entrada só é permitida mediante aos convites. Ordem dos anfitriões.
ALEX
Poxa… Será que… Não tem como o senhor quebrar essa pra mim, não? É que tem uma pessoa nesse salão que eu preciso muito falar com ela.
SEGURANÇA
Perdoe-me, mas… Eu não posso. Só estou cumprindo meu trabalho.
ALEX (desaminado)
Tudo bem!
(Alex fica triste e se afasta)
ALEX
Não tem mais jeito… Acho que perdi a Afrodite pra sempre.
(Abatido com essa situação, Alex vai até o campo florido atrás da mansão e lembra-se de quando Afrodite o levou para lá; Alex senta-se na grama e chora, ao se lembrar dos seus momentos com Afrodite)
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(No salão, Afrodite, que não esconde a sua tristeza, sai chorando, sem nem avisar ninguém; Bruna orienta ao DJ a parar a música e assim ele faz; Bruna bate um garfo numa taça, atraindo a atenção de todos)
BRUNA (gritando)
Atenção! Atenção!… A valsa da debutante já vai começar!
(Todos ficam animados e se ajeitam em suas cadeiras, deixando o centro do salão vazio; Frederick já está em sua posição e acena para Bruna, que se aproxima dele)
FREDERICK
Bruna… Cadê a Afrodite? Ela já deveria estar aqui.
BRUNA
Calma… Quando tocar a música, ela vai entrar. Esqueceu já, é?
(Frederick sorri e Bruna se afasta; A iluminação do salão se ameniza, a “Valsa do Imperador” já está tocando e ninguém entende a demora de Afrodite)
MARIETA
Ué, cadê a minha filha?
(Bruna abre a grande porta do salão e não encontra ninguém)
BRUNA (gritando)
A Afrodite sumiu!
(Bruna vai até o centro do salão, gritando)
MARIETA
O quê?!
(Marieta desmaia nos braços de Ruez; Todos ficam preocupados e Bruna sorri, suspeitando esse sumiço)
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Assim como Alex, Afrodite vai ao campo florido para refletir…
(Chorando, Afrodite aparece correndo e se depara com Alex, que está sentado de costas)
AFRODITE
Alex! É você mesmo?
(Rapidamente, Alex vira a sua cabeça e sorri, olhando nos olhos de Afrodite, que também sorri)
ALEX
Afrodite!
(Feliz, Alex se levanta correndo e abraça fortemente Afrodite; O choro de tristeza, nesse momento, transformam-se em emoção; Eles se afastam do abraço e ficam de mãos dadas)
ALEX
Afrodite, eu sei que você está me odiando, mas eu não menti por mal… Eu não queria te enganar, só fiz isso porque eu te amo. Acredita em mim, Afrodite, eu não queria mentir pra você! Meu amor por você é verdadeiro e sempre será, mesmo eu sendo pobre ou rico… Meu amor por você sempre, sempre mesmo, sempre será… Verdadeiro! Você acredita?
AFRODITE
Como não poderia acreditar se o nosso amor está escrito nas estrelas, meu príncipe?
(Alex e Afrodite olham para as estrelas e enxergam uma constelação que forma um grande coração, que é partido por uma linda estrela cadente; Alex e Afrodite sorriem e se olham, apaixonados)
AFRODITE
Alex… Lembra-se daquela constelação que nos presenteou com um lindo coração igual a esse? Lembra-se daquela estrela cadente que nos visitou naquela doce noite? Lembra-se que nessa mesma noite, você queria…
ALEX
Me desculpa, Afrodite, naquele dia eu…
AFRODITE
Não precisa se desculpar, Alex… Naquela noite eu também queria.
(Feliz, Alex sorri aos poucos)
ALEX
Queria?!
AFRODITE
Sim! Mas eu estava muito insegura… Aí a Cidinha, que é como uma mãe para mim, me aconselhou a esperar a hora certa, que quando fosse o momento, eu iria saber…
ALEX
E esse momento é agora?
AFRODITE
Meu coração grita que sim… E o seu?
ALEX
Preciso nem responder, né? Sonho com esse momento antes mesmo de te conhecer.
“Emocionada, Afrodite sorri com aquela linda frase que toca profundamente seu coração… Carinhosamente, Alex pega Afrodite no colo, feito um príncipe que toma a sua princesa nos braços, e a beija amorosamente… Lentamente, Alex deita Afrodite no gramado florido e a beija, romântico como é… Sob o céu estrelado e iluminados pela doce lua cheia que denota sentimentalismo, Alex e Afrodite se amam ali mesmo”
(A imagem se congela num tom preto-e-branco)
Continua… 
NO CAPÍTULO DE AMANHÃ: Alex cai em uma armadilha… O que será? Vocês não vão perder, né?

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