Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 25

“ Na prisão, Alex está sentado no canto da suja cela, escrevendo em um papel”
(Coroa, um velho presidiário se aproxima de Alex e repara em sua perna engessada)
COROA: É tiro? Tenho mais de 10 pelo corpo todo.
(Coroa ri, como se isso fosse algo engraçado; Alex para de escrever e dá atenção presidiário)
ALEX: Nossa, e como o senhor aguenta?
COROA: O velho aqui é de aço, menó!
(Alex ri; Coroa repara que Alex está escrevendo e fica curioso)
COROA: Escrevendo? É algum esquema de fuga?
ALEX: Não… Isso aqui é só rascunho do que já me aconteceu. Se Deus quiser, um dia ainda virará um livro.
COROA: (rindo) Livro… Que perca de tempo.
(Coroa caçoa e envergonhado, Alex dobra o papel e guarda o lápis; Coroa ajuda Alex a se levantar e se aproxima dele)
COROA: Sabe o que é, menó… É que amanhã vai ter uma confusãozinha aqui e geral vai aproveitar pra fugir. E aí… Vai querer ir também?
(Alex fica mexido com a proposta, mas como é honesto, dá uma resposta a altura)
ALEX: Não, muito obrigado… Eu prefiro esperar meu julgamento.
COROA: Julgamento, menó… Deixa de ser bobo. Vamô fazer os gambé de refém e vai todo mundo fugir. Bora também!
ALEX: Não… Eu tenho certeza que serei liberto, pois sou inocente. Sairei daqui pela porta da frente e de cabeça erguida.
(Coroa não acredita que Alex recusou e se afasta, resmungando)
ALEX: Eu sou inocente… E vou sair daqui como se deve. Eu tenho certeza!
(Esperançoso, Alex sorri, segurando as grades)


Amanhece lentamente e um belo sol anuncia o novo dia.
“Morro da Paz – Quadra Esportiva”
(Fábio convocou uma reunião com a população; Fábio está na frente, os Moleques estão atrás e as pessoas o olham, sem entenderem)
FÁBIO: Agora que o Alex tá preso, é eu que vou assumir essa bagaça aqui… Tão entendendo? Quem pensava que ia continuar ganhando comida de graça, roupa boa, tudo do bom e do melhor… Estão muito é tudo enganado. Aquela frescurada de paz, amor e coisa hippie, tudo acabou… E tô aqui pra dizer que o tráfico está de volta, negada.
(A população não entende e todos cochicha um com os outros; De longe, Maria dos Prazeres admira o filho, que sorri, gananciosamente)
MARIA DAS DORES: Fábio, eu tenho certeza que o Alex não queria que você fizesse isso com o morro. Você não tem esse direito… Eu tenho certeza que ele não vai gostar quando ficar sabendo no que você transformou o morro.
(Mal educado, Fábio se aproxima da tia e lhe aponta a arma, amedrontando-a)
FÁBIO: Sabe o Alex, tia? O Alex perdeu, aquele otário… Agora, quem manda aqui é eu, tá ligada?
(Raivosa, Maria das Dores ameaça Fábio, que ainda continua apontando-lhe o fuzil; Como bom filho que é, Luís se aproxima e afasta a mãe)
LUÍS: Além de mimado deu pra ser covarde, Fábio. Não tem vergonha nessa sua cara de apontar a arma pra sua própria tia, cara?
(Seu lado humano fala mais alto e por respeito, ele abaixa a arma; Percebendo o alvoroço, Maria dos Prazeres se aproxima)
MARIA DOS PRAZERES: Ah, não dê ouvido para essa cambada, meu filho… O que importa é que você agora é dono de tudo, o “Todo Poderoso” do morro.
(Vaidoso, Fábio vai sorrindo aos poucos)
FÁBIO: Todo Poderoso… Gostei! A partir de hoje, quero que todos me chamem de “Todo Poderoso”, senão leva bala, tão me entendendo?
(Todos vaiam e irritado por essa atitude, Fábio dispara dois tiros para o alto, fazendo com que todos se calem)
FÁBIO: Gostei… É assim que eu quero. Eu mando e todos obedecem… “Todo Poderoso” é o poder, p****!!
(Gargalhando, Fábio solta um palavrão, que é abafado pela rajada de tiros que ele lança para o céu; Orgulhosa, Maria dos Prazeres aplaudem e todos reprovam essa atitude)
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“Casa de Maria das Graças – Sala”
(Batem na porta e Tico abre, alegrando-se com o que vê)
TICO: (contente) Pai! Tânia!
(Completamente feliz com a visita, Tico os abraça; Bené e Tânia entram na sala e Tico continua alegra ao vê-los)
MARIA DAS GRAÇAS: Tico, quem é que estava batend…
(Vindo da cozinha, secando as mãos em seu avental, Maria das Graças se surpreende ao ver Bené e a filha mais velha)
MARIA DAS GRAÇAS: (séria) Vocês? O que querem na minha casa?
BENÉ: Bom dia pra você também, Graça. Vim trazer a nossa filha de volta pra casa.
(Maria das Graças encara Tânia, que envergonhada, abaixa a cabeça)
MARIA DAS GRAÇAS: Pensei que ela não quisesse mais morar aqui… Então, ela não é bem-vinda na minha casa. Não quis ouvir os meus conselhos, que se vire sozinha.
BENÉ: Oi? Como assim? Sua casa? Vamos colocar os pingos nos “is”, Graça. Essa casa é mais minha do que sua, pois eu comprei com o dinheiro do meu trabalho, então tenho tanto direito como você de mandar nela. E mais do que nossa, essa casa é dos nossos filhos… Então, a Tânia tem todo o direito de morar aqui e ela vai ficar, queira você ou não.
(Contrariada, Maria das Graças suspira e encara Tânia, friamente)
MARIA DAS GRAÇAS: Está bem… Ela fica! Mas, pelo menos, exijo que nem olhe na minha cara. Finja que eu nem existo, está me ouvindo?
(Ainda com a cabeça baixa, Tânia nada responde)
MARIA DAS GRAÇAS: Eu tenho mais o que fazer… Com licença!
(Emburrada e nem um pouco simpática, Maria das Graças retorna à cozinha; Com pena, Bené e Tico observa Tânia, que se controla para não chorar)
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“Horas Depois”
(Maria dos Prazeres desce do ônibus e chega à Mansão dos Smith)
MARIA DOS PRAZERES: Agora que as coisas estão andando do jeito que eu quero e os cosmos conspirando ao meu favor, só falta fazer uma coisinha para a minha felicidade ficar completa.
(Maliciosamente, Maria dos Prazeres sorri e toca a companhia, sucessivamente; O segurança a atende)
SEGURANÇA: Maria, pensei que a senhora estivesse proibida de voltar aqui.
MARIA DOS PRAZERES: E alguém lá me proíbe de fazer alguma coisa? Eu sou Maria dos Prazeres, dona do meu próprio nariz, faço o que bem entender. Ah, já ia me esquecendo… Chame a Marieta aqui, faz favor!
SEGURANÇA: dona Marieta está dormindo e deseja não ser incomodada… Acho melhor você ir embora.
(O Segurança vai chegando o grande portão de grades, mas Maria dos Prazeres o impede)
MARIA DOS PRAZERES: Eu vou falar com ela agora mesmo.
(Maria dos Prazeres ia entrando, mas o segurança a segura pelo braço)
SEGURANÇA: Se a senhora continuar insistindo, eu serei obrigado a tomar sérias providências.
MARIA DOS PRAZERES: Vai fazer o quê? Me dá pontapés na bunda? Saiba que eu ando com uma arma, uma faca e um estilete na bolsa… Se você não sabe, o meu filho é bandido e posso pedir pra ele te dar um trato.
(Lentamente, Maria dos Prazeres põe a mão dentro da bolso, insinuando tirar alguma coisa e receoso, o segurança a solta; Maria dos Prazeres sorri e segue para dentro da Mansão)
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“Mansão dos Smith – Quarto do Casal”
(De tapa-olhos, Marieta dorme tranquilamente e Maria dos Prazeres entra lentamente; Sorrateira, Maria dos Prazeres pega o sininho que está sobre a cabeceira e o toca, calmamente; Ainda dormindo, Marieta se revira na cama; Maria dos Prazeres repete o gesto, mas Marieta continua dormindo; Impaciente, Maria dos Prazeres toca o sino raivosamente, fazendo Marieta acorda assustada)
MARIETA: (irritada) Mas que palhaçada é essa… Será que nem se pode dormir mais na própria mansão?
(Reclamando, Marieta tira seu tapa-olhos e se assusta ao ver Maria dos Prazeres)
MARIETA: (surpresa) Você?!
(Maliciosamente, Maria dos Prazeres sorri para a ex-patroa, que não entende a situação)
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(Após tanto rodar pela cidade, Piolho chega ao bairro de Maria das Graças e ao ver uma pensão, adentra ao local)
“Pensão Pai, Filho e Espírito Santo – Recepção”
(Com sua mochila nas costas, Piolho chega à recepção e é atendido por Dora, esposa do pastor Jonas, dono da Pensão)
DORA: Bom dia… Em que posso ajudá-lo?
PIOLHO: É… É que eu queria um lugar pra morar, sabe? Tô rodando a cidade desde ontem e me falaram que aqui é barato.
DORA: Ah sim… Você é evangélico?
PIOLHO: Não, não senhora… Num tenho religião não, senhora… Mas acredito muito lá no cara lá de cima.
(Dora faz cara de suspense e coça a cabeça)
DORA: Eu sinto muito, mas não posso hospedá-lo.
PIOLHO: (desapontado) Não? Mas…
DORA: É que nós temos uma filha adolescente em casa e não ficaria bem recebê-lo aqui… Você entende, né?
(Piolho fica triste e Dora, com pena; Pastor Jonas e sua filha, Sara, aparecem e ficam um pouco afastados)
JONAS: Ele fica, Dora!
(Ao ouvir aquilo, Piolho ergue a cabeça e sorri para o pastor, que retribui o gesto)
DORA: (baixo) Mas… Jonas, e se aquilo se repetir de novo… A nossa filha é moça.
(Sara se envergonha e Jonas se aproxima)
JONAS: Não vai, Dora… Ele é bom, eu sei. Qual é o seu nome, bom jovem?
PIOLHO: Piolho, senhor!
(Achando engraçado, todos riem)
PIOLHO: Não, esse é o meu apelido… Porque quando eu era menó, tinha um monte de piolho que morava no meu black. Meu nome verdadeiro é Cleosvaldo da Silva.
JONAS: (rindo) Ai, jovem, você é muito espirituoso… Também era exatamente desse jeito quando era da sua idade. Taí, acho que seremos bons amigos.
(Amigável, Pastor Jonas aperta a mão de Piolho; Pastor Jonas começa a conversar com Piolho, mas ele só consegue prestar atenção em Sara, que ajuda a mãe com as papeladas da Pensão; Pela primeira vez, Piolho está apaixonado)
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(Ainda perplexa por ver Maria dos Prazeres em seu quarto, Marieta ajoelha-se na cama e cobre-se com o lençol)
MARIETA: O que você está fazendo aqui, sua incompetente? Nem trabalha mais aqui e além do mais, eu te proibi de voltar a aqui, esqueceu? Já pra fora, saia da minha mansão!
MARIA DOS PRAZERES: Ai, Marieta, vim porque tenho que fazer uma coisinha e além do mais, temos muito o que resolver, você não acha?
MARIETA: Não, não acho nada! Já ordenei que saia.
(Não acatando as ordens, Maria dos Prazeres sorri e senta-se à penteadeira; Um tanto confusa, Marieta a observa)
MARIA DOS PRAZERES: Ai, isso tudo era pra ser meu… Esses cremes, esse quarto, essa mansão. Tudo, tudo era pra ser meu.
(Maria dos Prazeres pega o pó-de-arroz e começa a se maquiar; Esnobe, Marieta vem por trás e a observa, pelo reflexo do espelho)
MARIETA: Mas nunca vai ser… Sabe porque, Maria? Sabe? Porque você é pobre e sempre será pobre. Uma pobre serviçal incompetente.
MARIA DOS PRAZERES: Eu posso ser tudo isso sim, mas bem que o seu marido gostava de se divertir com a serviçal aqui.
(Atônita com o que ouve, Marieta não diz nenhuma palavra; Sorrindo, Maria dos Prazeres se levanta e fica frente-a-frente com Marieta)
MARIA DOS PRAZERES: Ou vai dizer que não sabia que era corna na própria mansão?
(Maria dos Prazeres gargalha e Marieta fica com raiva)
MARIETA: Ah, sua incompetente… Agora você vai ter o que você merece!
(Marieta se prepara para dar um tapa na cara de Maria dos Prazeres, que segura a sua mão)
MARIA DOS PRAZERES: Quem vai ter o que merece é você, sua cafona. Primeiro por me fazer de escrava por todos esses anos.
(Maria dos Prazeres dá um forte tapa na cara de Marieta, fazendo-a cair no chão; Indignada, Marieta põe a mão no rosto onde apanho e encara a ex-empregada)
MARIETA: Como ousa, sua… Isso não vai ficar assim, não vai mesmo! Eu vou chamar a…
(Marieta tenta se levanta e rapidamente, Maria dos Prazeres tranca a porta do quarto, com a chave que estava na maçaneta)
MARIA DOS PRAZERES: Vai chamar quem? A segurança? A polícia? Ah, falando nisso… Outro presentinho por ter me colocado naquele inferno, o lugar onde você deveria estar…
(Maria dos Prazeres dá outro tapa na cara de Marieta, deixando-a com mais raiva ainda; Marieta põe a mão na boca e percebe que está sangrando; Diabolicamente, Maria dos Prazeres gargalha)
MARIA DOS PRAZERES: Eu poderia te bater mais, por todas as humilhações que você me fez passar, mas não vou ficar cansando a minha mão com você. Só esses dois tapas me deixaram satisfeita.
(Com ódio estampado em seus olhos, Marieta encara Maria dos Prazeres, que ia saindo)
MARIA DOS PRAZERES: Ah, já ia me esquecendo! Agora que eu não poderei mais cuspir nos seus chás, querida patroa, vai aí o ingrediente especial que eu sempre colocava pra senhora.
(Maria dos Prazeres enche a boca de saliva e cospe na cara de Marieta, deixando-a com grande nojo)
MARIETA: (entojada) Ai, que nojo, sua porca… Que nojo!
(Marieta puxa seu lençol e limpa o cuspe; Gargalhando espontaneamente por ter apreciado essa cena que tanto gostou de protagonizar, Maria dos Prazeres acena para Marieta, abre a porta e sai do quarto; Tomada pelo ódio, Marieta grita histericamente e se arrasta até à penteadeira, vendo o reflexo da sua imagem, que está completamente desgrenhado)   
MARIETA: Ai, eu estou horrível… Estou um monstro! Tudo culpa daquela Maria dos Prazeres dos infernos… Mas ela me paga, isso não vai ficar assim… Não vai mesmo!
(Lamentando-se e espantada com a sua aparência, Marieta passa diversos cremes em sua face, todos de cores diferentes)
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(Sentindo-se vitoriosa, Maria dos Prazeres sai da Mansão e suspira, satisfeita)
MARIA DOS PRAZERES: Agora sim a minha alma está lavada… Demorou, mas essa perua teve o tratamento que merece.
(Maria dos Prazeres sorri e em seguida, vira-se, olhando para a imensa e linda Mansão)
MARIA DOS PRAZERES: Esse império ainda vai ser meu. Pode demorar uma eternidade, mas ainda tudo que pertence a essa família virá para as minhas mãos. Não descansarei até ver cada um dos Smith cair… Um a um, ou eu não me chamo Maria dos Prazeres Duarte!
(Maliciosa, Maria dos Prazeres abre um sorriso, admirando a belíssima fachada da Mansão dos Smith)
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“Seis Meses se passam e muitas coisas acontecem”…
Tânia cai em uma grande depressão, passando a gravidez inteira no quarto, somente chorando e se alimentando raramente. Até que antes do tempo, sua bolsa estoura e ela começa a sentir as dores do parto…
(No hospital, Tânia está deitada na maca e os médicos a levam para a sala de cirurgia; Correndo, Maria das Graças aparece e se aproxima da filha)
MARIA DAS GRAÇAS: (preocupada) Vai dar tudo certo, minha filha…
(Friamente, Tânia olha para Maria das Graças)
TÂNIA: (seca) Se alguma coisa acontecer com o meu filho, eu nunca vou perdoar a senhora…
(Aquelas palavras estraçalham o coração de Maria das Graças e seus olhos enchem-se de lágrimas; Tânia vai desemburrando a cara e grita, com as dores que sentem; Rapidamente, os médicos a levam para a sala de cirurgia e se preparam para fazer o parto; Do lado de fora, Maria das Graças se aproxima da grande janela e olha para o céu, que está num lindo azul celeste)
MARIA DAS GRAÇAS: Meu Deus… Eu não te conheço verdadeiramente, mas todos dizem que és um Deus de milagres e maravilhas. Senhor, cuida da minha filha e daquela criança, meu Deus. Ouça as súplicas dessa pobre pecadora, que além de tudo é uma mãe e uma avó. Se o meu neto vingar, nascer bem, com saúde… Eu prometo, de todo o meu coração, servir-te de corpo, alma e coração…
(Chorando, Maria das Graças eleva seu coração em oração, disposta a cumprir a sua promessa, se tudo ocorrer bem)
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(Na sala de cirurgia, Tânia está deitada na cama e os obstetras a operam, realizando uma cesariana; Eles colocam a anestesia, mas o sedativo não pega por completo e Tânia, um pouco dopada, sente todas as dores, inclusive sendo cortada pelo bisturi)
TÂNIA: (fraca) Doutor, eu vou morrer Mas, pelo menos, salvem o meu filho… Por favor! Salvem… Salvem o meu filho.
(O obstetra pega a mão de Tânia, tentando acalmá-la)
OBSTETRA: Calma, mocinha… Vai dar tudo certo. Daqui a pouco você vai tá curtinho o seu filho.
(Sentindo uma dor insuportável e dotada de nervosismo, Tânia chora bastante; Depois de algum tempo, o grito do bebê ecoa na sala e o obstetra o ergue para o alto)
OBSTETRA: Parabéns, o seu filho nasceu… É um meninão!
(O obstetra coloca o recém-nascido sobre o peito de Tânia, que emocionada, sorri ao olhar o bebê prematuro; Do lado de fora da sala, após receber a notícia do nascimento de seu neto, Maria dos Prazeres sorri, alegremente, olhando para o céu)
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“Cidade do Cabo – África do Sul”
Após um longo período burocrático, Afrodite consegue a guarda legal da pequena Ana…
(Lentamente, Afrodite se aproxima e pega Ana do berço)
AFRODITE: Minha filha! Finalmente…
(Afrodite brinca com a menina, que ri, encantando-a; Não gostando nada, Frederick observa a cena, afastado)  
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Piolho realmente mudou e transformou em uma nova pessoa; Com os conselhos e ensinamentos de pastor Jonas, Piolho converte-se ao Evangélico e tenta cortejar Sara, que sempre o dispensa, da forma mais delicada possível…
(Após o culto e com a bíblia embaixo do braço, Piolho se aproxima de Sara, que arrumava os microfones da igreja)
PIOLHO: A paz do Senhor Jesus, Sara… Você está tão bonita hoje.
SARA: (desconversando) Ah, muito obrigado… Já que está aqui, vem me ajudar a guardar esses instrumentos.
(Piolho para de sorri gradativamente e Sara o puxa pelo braço, orientando-o no que fazer)
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Com o julgamento de Alex se aproximando, Fábio ameaça algumas pessoas para deporem contra ele…
(Fábio e Tati transam selvagemente no esconderijo)
FÁBIO: Você vai depor contra o Alex.
(Fábio sussurra, chupando o pescoço de Tati; Sem entender, Tati para o ato e se afasta de Fábio)
TATI: O quê?
FÁBIO: É isso o que você escutou, potranca. Você vai subir naquele tribunal e inventar podres sobre o Alex, principalmente que ele te estuprou.
(Tati choca-se com o que ouve e coloca as mãos em sua boca)
TATI: Não, Fábio… Eu não posso fazer isso com o Alex. Ele sempre me tratou muito bem, até mesmo na cama… Sempre foi um cavalheiro.
FÁBIO: Ou faz o que eu estou mandando, ou vai pra vala…
(Sem saída, Tati fica sem reação; Safado, Fábio sorri e volta a transar com Tati; A cama volta a balançar e Fábio a gemer de prazer, mas Tati, ainda perplexa, segura-se para não chorar)
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“Alguns dias depois…”
Os dias se passam e finalmente chega o dia do julgamento de Alex. O tribunal da cidade está cheio de amigos e conhecidos do réu.
(Sentado ao lado de seu advogado Augusto, Alex se espanta com a quantidade de calúnias de falam sobre ele; Uma velha conhecida acaba de depor e Maria das Dores fica indignada)
MARIA DAS DORES: Como pode, meu Deus? Quanta calúnia contra o meu filho.
(Maria das Graças tenta acalentar Maria das Dores, que apoia a cabeça em seu ombro e fica triste; Seu Messias entra como acusação de defesa e senta-se ao lado do juiz, para depor)
MESSIAS: O Alex sempre foi um bom rapaz… Sempre foi trabalhador, até me ajudava lá na carpintaria junto com o irmão dele. Ele era dono do morro sim, mas para fazer o bem. Antes dele assumir o poder, aquele lugar era um inferno e quase sempre tinha mortes ou alguma confusão. Mas com a posse de Alex, as coisas passaram a ser diferentes. Ele passou a fazer coletas de boas-ações, implantando a paz e a harmonia naquele lugar, que apesar de tudo, é muito bom de se viver. Eu conheço o Alex desde sempre e posso afirmar… Ele é a pessoa mais honesta que eu conheço em todos esses anos que vivi.
(Emocionado com as bondosas palavras, Alex sorri para seu Messias, que retribui o gesto; O julgamento continua)
JUIZ: Agora vamos ouvir a última testemunha de acusação… Tatiane da Silva Pereira.
(Cabisbaixa, Tati adentra o local e senta-se ao lado do Juiz; Todos se surpreendem e cochicham uns com os outros)
ALEX: Tati?!
(Numa mistura de surpresa e espanto, Alex olha para Tati, que continua de cabeça baixa)
TATI: (mentindo) O Alex… Bom… O Alex nunca prestou, seu juiz…
JUIZ: Meritíssimo…
TATI: Como eu estava dizendo… O Alex é um mentiroso. Ele nunca fez nada daquilo que fala, nada daquelas obras caridosas. Ele sempre foi um covarde, um bruto… Ele até… Ai, fico até com vergonha de falar. Ele… Ele… Ele me estuprou.
ALEX: (gritando) O quê? Isso… Isso é mentira! Tati, como pode?
(Tati abaixa a cabeça e o tribunal vira um alvoroço)
JUIZ: Silêncio… Silêncio no tribunal!
(O juiz bate o seu martelo e todos se calam; Profissional, Augusto se levanta)
AUGUSTO: Protesto! Meritíssimo, como todos sabem, essa jovem já foi namorada do réu… E como também sei, ela é muito volúvel… Passa de mão e mão. Até já jogou charme pra mim quando eu fui visitar o meu cliente. Não vejo moral nela para acusar o meu cliente dessa barbaridade.
(Todos concordam e Tati fica cada vez mais envergonhada; Alex encara Tati, que envergonhada, desvia o olhar)
Ocorre uma pausa no julgamento, mas logo acaba e todos retornam para o tribunal.
(Ansiosos, todos olham para o juiz, que demora, causando suspense)
JUIZ: Com base nos testemunhos aqui apresentados, eu decreto que o réu, Alex Duarte de Souza, é condenado a 28 anos de prisão em regime fechado, tendo que pagar toda a pena, sem direito à recorrência. Sessão encerrada.
“Indignada, Maria das Dores sofre com a condenação do filho e Maria das Graças tenta consolá-la… Carlos, Luís e Solange também choram e se abraçam, coletivamente. Olhando para as suas mãos algemadas, Alex deixa uma lágrima rolar pelo seu rosto, triste por ter sido vítima de mais uma injustiça”
 (A imagem se congela num tom preto-e-branco)
Continua…

NO PRÓXIMO CAPÍTULO: Vinte e oitos anos se passam e muitas coisas mudam… Vocês não vão perder, né? 

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