Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 29

“Contente, Alex acaba o seu discurso e todos o aplaudem; Alex agradece; Maria das Dores fica emocionada pela liberdade do seu amado filho; Aplaudindo debochadamente, Fábio aparece e todos o encaram, exceto Paula que o olha de forma sensual; Ainda não sabendo a verdadeira face do primo, Alex sorri alegremente ao vê-lo”
FÁBIO: Belo discurso, primo… Não vai me dar um abraço não?
(Falso, Fábio abre os braços e Alex sorri)
ALEX: (contente) Fábio, meu primo…
(Alex está prestes a abraçar Fábio, quando Maria das Dores intervém)
MARIA DAS DORES: Toma cuidado com essa cobra, meu filho… É capaz de te picar!
(Maliciosamente, Fábio sorri e Alex não compreende)
ALEX: (confuso) Mãe… Do que a senhora está falando?
LUÍS: Sabe o que é, Alex? É que esse mimadinho aí, filhinho de mamãe, transformou o morro em um inferno depois que você foi preso. Voltou com o tráfico, tirou as boas-ações… Fez disso aqui gato e sapato. E tem mais… Teve a ousadia de apontar a arma pra nossa mãe, acredita?
(Relutando para não acreditar, Alex olha para Fábio)
ALEX: Fábio, isso é mesmo verdade? Diga que não, porque senão…
FÁBIO: Senão o quê? Vai me bater? Não tenho medo de você não, seu otário! Quer saber? É verdade sim! E fique sabendo… O dono do morro agora é eu, você perdeu, seu o-t-á-r-i-o!
(Debochadamente, Fábio ri, irritando Alex)
ALEX: Ah, agora você vai ver, seu idiota… Você vai ver quem é o otário!
FÁBIO: Quer brigar, é? Então vem!
(Fábio provoca Alex, que parte para cima dele, mas Luís o segura)
MARIA DOS PRAZERES: (audaciosa) Ai de quem encostar um dedo no meu filho!
(Presepeira, Maria dos Prazeres adentra a sala)
MARIA DAS GRAÇAS: (resmungando) Era só o que faltava…
MARIA DOS PRAZERES: (debochada) Também fico muito feliz em vê-la, Graça!
(Ignorando-a, Maria das Graças vira a cara para o outro lado)
MARIA DOS PRAZERES: Já mostrou pra essa ralé quem é que manda no pedaço, meu filho?
FÁBIO: Já sim, mãe! E tão ligados, né? Quem não seguir as minhas ordem, vai virar presunto…
(Fábio aponta o seu fuzil para todos, sobre os olhares indignados de seus parentes; Jhenyfer se amedrontam e chega para mais perto de Tico, segurando fortemente a sua mão; Apontando o fuzil, Fábio chega em Paula e a olha profundamente)
FÁBIO: (safado) Isso vale até pra você, gostosa!
(Fábio dá uma piscadela e Paula sorri, discretamente; Tânia e Tina percebem e se entreolham; Tico não gosta; Mascando chiclete, Fábio pega uns doces e sai, seguido de Maria dos Prazeres; Atônito com o que acabara de acontecer, Alex senta-se no sofá e todos se posicionam a sua volta)
ALEX: (decepcionado) Nossa, como pude me enganar tanto com o Fábio… Ele é meu primo. Pensei que também era meu amigo.
TICO: E ainda deu em cima da minha mulher na minha frente. Idiota!    
TÂNIA: Ela bem que gostou, Tico… Ou você não viu os olhares que ela lançou pra ele?
TICO: Isso é verdade, Paula?
(Tina concorda; Raivoso, Tico olha para Paula, apertando fortemente o seu braço; Emburrada, Paula encara Tânia e depois olha para Tico)
PAULA: Tico, eu não admito que você duvide de mim. Você sabe que é o meu rei e eu sou santa.
(Ao pronunciar “santa”, Paula dá uma reboladinha e todos fazem cara de desconfiados; Tico vai desemburrando a cara e Paula o beija, contornando a situação; Tânia se indigna pela tamanha inocência do irmão e Maria das Graças lhe repreende por sua atitude; Triste pelo filho, Maria das Dores senta-se ao seu lado e lhe faz cafuné na cabeça; Educadamente, seu Messias, com uma caixinha na mão, bate na porta e entra)
MESSIAS: Boa tarde!
ALEX: Seu Messias…
(Contente em revê-lo, Alex se levanta para abraçar seu Messias, que ao vê Maria das Graças, abre um sorriso e se aproxima dela)
MESSIAS: Graça, que bom revê-la esse ano!
(Maria das Graças sorri e agradece; Alex, que ia abraçá-lo, fica sem jeito)
MESSIAS: Trouxe um presentinho pra você.
(Seu Messias dá o pacote para Maria das Graças, que vai o abrindo)
MARIA DAS GRAÇAS: Oh, mas não precis… Mas o que eu farei com isso?
(Surpresa, Maria das Graças pega a chave-de-fenda que estava dentro do pacote e confusa, olha para a ferramenta)   
MESSIAS: (envergonhado) Desculpa o equívoco, me perdoe… Mas o presente era para o Alex.
(Todos riem; Seu Messias pega o pacote e então o dá para Alex)
ALEX: Não precisa se incomodar, seu Messias.
MESSIAS: É uma ferramenta! Pra você se lembrar do tempo que trabalhava lá na carpintaria.
ALEX: Muito obrigado, seu Messias… Agradeço de coração. Adorei o presente!
(Seu Messias sorri e abraça o ex-presidiário)
TÂNIA: Agora que a confusão passou, vamos cortar o bolo!
(Todos se animam, principalmente Alice, que é repreendida pela mãe; Enquanto Maria das Dores corta o bolo, Alex fica com o olhar aéreo)
ALEX: (pensamento) Não posso deixar que o mal ganhe novamente, não posso mesmo. Eu vou tomar o morro do Fábio e transformá-lo novamente. Ah, se vou!
(Maria das Dores dá uma fatia de bolo para Alex, que sorri, agradecendo)
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“Mansão dos Smith – Sala”
(Lendo uma carta, Marieta está andando de um lado para o outro; Sentado no sofá, Ruez lê o seu jornal diário; Enquanto Marieta lê a carta, uma expressão de desespero surge em sua face)
MARIETA: A Afrodite está voltando!
(Alegre, Ruez fecha o seu jornal e se levanta; Cidinha, que se aproxima, também se alegra com a notícia)
RUEZ: Mas que excelente notícia, Marieta… Então vamos preparar uma festa pra ela, né?
(Cidinha concorda com a cabeça, mesmo não sendo chamada na conversa)
MARIETA: (frustrada) Mas a negrinha vem junto…
RUEZ: Não pode ser!
(Desgostoso, Ruez senta-se no sofá, enquanto Marieta se afasta com a mão na cabeça, simulando sofrimento)
CIDINHA: Que bom que a Ana vem também… Eu sempre quis conhecê-la, pois sempre a vi por fotografia.  Agora já deve tá um mulherão.
(Sorrindo, Cidinha termina de falar; Encarando-a, Marieta se aproxima de Cidinha e aperta fortemente o seu nariz)
MARIETA: Deixe de falar besteira, Cidinha… Você é paga para trabalhar e não pra se intrometer na conversa dos patrões. Traga-me um chá. Agora!
CIDINHA: Sim, senhora.
(Enojada, Marieta tira a mão do nariz de Cidinha e limpa seus dedos no uniforme da empregada; Submissa, Cidinha vai caminhando em direção à cozinha)
MARIETA: E outra! Nem ouse em cuspir no meu chá, ouviu sua imprestável?
(Confusa com o que ouve, Cidinha para e olha para a patroa)
CIDINHA: Cuspir? Por que eu faria isso com o chá da senhora, dona Marieta? Isso nunca me passou pela minha cabeça…
MARIETA: (nervosa) Acho bom! Porque a imprestável da Maria dos Praze… Deixa de falar e vai logo, sua lesma! Antes que eu perca a paciência e te chute dessa mansão também.
CIDINHA: Sim, senhora!
(Cidinha caminha para a cozinha sob o olhar desprezível de Marieta)
RUEZ: Não acredito que a Afrodite vai voltar pra cá com aquela criatura que ela chama de filha há 28 anos… Não acredito mesmo.
MARIETA: Sim, Ruez, ela escreveu na carta… É agora que o nosso prestígio na alta sociedade carioca se acaba. É o fim da Família Smith. Oh vida!
(Marieta esparrama-se no sofá e juntamente com Ruez, lamenta-se)
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“Avião”
O voo está ocorrendo tranquilamente e o avião passa por entre as brancas nuvens do azulado céu.
(Afrodite e Ana estão sentadas nos primeiros assentos do avião; Uma comissária de bordo lhe dão seus lanhes e elas agradecem; A comissária sorri e vai continuar seu serviço)
 ANA: Ah, mammy, nem acredito que estamos indo para o Brasil. Depois de conhecer Paris, Suíça, Rússia, Canadá e outros países tão frios… Tenho certeza que amarei o clima tropical do Brasil. Pelas fotos que a senhora tem, as praias devem ser lindas.
(Animada, Ana sorri e em seguida dá uma mordida em seu lanche)
AFRODITE: E eu nem sei por que aceitei essa insanidade. Ainda não estou acreditando que estou aqui nesse avião voltando por causa do Alex… Meu Deus, onde eu estava com a cabeça pra ter aceitado isso? Tudo culpa sua, Ana… Eu não deveria ter concordado com essa maluquice.
ANA: Ai, mammy, a senhora só está se iludindo… Já estava mais do que na hora da senhora fazer o que é certo. Correr atrás da sua felicidade, o grande amor da sua vida!
(Afrodite e Ana sorriem uma para a outra; Um pouco atrás, Frederick e Bruna estão sentados juntos; Distraída, Bruna está folheando uma revista, enquanto Frederick estica o pescoço, prestando atenção em Afrodite e Ana que conversam, sorridentes)
FREDERICK: (curioso) O que será que a Afrodite e a Ana tanto conversam, hein?
BRUNA: Deve estão felizes por voltarem ao Brasil…
(Bruna continua folheando a revista)
FREDERICK: E eu ainda não consegui entender essa vontade tão grande a Afrodite voltar ao Brasil de repente
BRUNA: (provocativa) Vai ver ela sentiu saudades do Alex… Também, aquele moreno é tudo, né?
(Com cara de desejo, Bruna se abana com a revista; Enciumado, Frederick aperta fortemente o braço de Bruna)
FREDERICK: (irritado) Você sabe que eu não gosto que falem daquele faveladinho. A Afrodite é minha noiva e nunca que iria correr atrás daquele bandido. Ela só estava com saudade dos país, por isso quis voltar.
BRUNA: Calma, Frederick… Você também é lindo! Se você está falando, quem sou eu pra discordar? Se você estivesse me escolhido, não teria motivos pra desconfianças… Eu seria inteiramente fiel a você.
(Lentamente, Bruna se aproxima de Frederick e quase o beija; Bruscamente, Frederick solta o braço de Bruna e retorna a olhar para Afrodite, emburrado)


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“Muitas horas depois…”
Já é madrugada e o clima está nebuloso.
(Após uma longa e cansativa viagem, Afrodite, Ana, Frederick e Bruna finalmente chegam ao Brasil)
AFRODITE: Enfim… chegamos!
(Afrodite sorri e põe as suas malas no chão)
FREDERICK: Há essa hora a gente deveria estar em Nova York, Afrodite… Aquele lugar maravilhoso! Ainda não entendi porque você quis voltar.
AFRODITE: Eu estava com muitas saudades disso tudo aqui, Frederick… São quase trinta anos sem ver os meus pais. Já era hora de voltar.
(Frederick faz cara feia)
BRUNA: Afrodite, será que eu poderia passar a noite aqui na mansão. É que já está muito tarde e vai ser difícil conseguir um táxi há essa hora.
AFRODITE: Sim, claro, Bruna… O que não falta nessa mansão é quartos.
(Bruna sorri)
FREDERICK: E eu? Posso também, Afrodite? Agora que a gente tá noivo, acho que já podemos dormir juntos.
(Safado, Frederick vai se aproximando para beijar Afrodite, que o impede)
AFRODITE: Não seja saidinho, Frederick… Você ficará em um quarto de hóspedes!
(Frederick fica frustrado e Bruna prende o riso; Sentada em uma de suas malas, Ana demonstra cansaço)
ANA: Vamos entrar logo, mammy… Estou morrendo de sono.
AFRODITE: Vamos!
(Sorrindo, Afrodite suspira e toca a companhia)
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“Mansão dos Smith”
(Sonolentos, Ruez e Marieta descem as escadas)
MARIETA: Que inferno de companhia… Será que nem se pode mais dormir na própria mansão?
RUEZ: Quem será a essa hora da madrugada?
(Os seguranças adentram a sala, carregando muitas malas; De repente, Afrodite, Ana, Frederick e Bruna aparecem; Emocionada por estar ali, os olhos de Afrodite enchem-se de lágrimas)
AFRODITE: Como é bom estar aqui outra vez…
(Minuciosamente, Afrodite repara cada detalhe da sala e repara que poucas coisas mudaram; Ruez e Marieta  sorriem ao verem a filha)
MARIETA: Afrodite, minha filha!
(Ao olhar para Marieta e Ruez, um doce sorriso incide em seus lábios)
AFRODITE: Pai! Mãe! Que saudade eu estava de vocês…
(Afrodite corre e os abraça; Apressada, Cidinha aparece e se emociona ao ver Afrodite)
CIDINHA: Afrodite, minha menininha… Você não mudou nada!
(Afrodite se afasta dos pais e sorri ao ver Cidinha)
AFRODITE: (feliz) Cidinha…
(Rapidamente, Afrodite se aproxima de Cidinha e a abraça fortemente)
AFRODITE: Cidinha, você não sabe quantas saudades em senti da senhora… Não sabe! Senti saudade dos seus abraços, dos seus conselhos… Do seu carinho! A senhora foi e é muito importante para mim. Sem dúvidas, você é a mãe que a vida me deu.
(Emocionadas, Afrodite e Cidinha choram, abraçadas; Marieta faz cara feia; Lentamente, Afrodite se afasta do abraça e se aproxima de Ana, pegando na sua mão)
AFRODITE: Falando nisso… Papai, mamãe, Cidinha… Essa é a Ana. O presente que a vida me deu!
(Afrodite beija a bochecha de Ana, que sorri; Ruez a encara, esnobemente; Marieta desmaia e rola dois degraus da escada; Todos correm para ajudá-la, exceto Bruna, que senta-se no sofá e discretamente, ri da cena)
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Um mês se passa…
“Casa de Maria das Dores”
(Maria das Dores, Luís e Solange estão sentados à mesa, tomando café da manhã; Recém saído do banho, Alex pega um pão e ia saindo)
MARIA DAS DORES: Não vai sentar pra tomar café, Alex?
ALEX: Não dá, mãe… Já estou atrasado. Agora que saí da cadeia não posso ficar parado, né? Vou rodar na Kombi pra ver se ganho algum trocado.
MARIA DAS DORES: Cuidado com essas estradas, hein, meu filho!
ALEX: Pode deixar, mãe!
(Alex beija a cabeça de Maria das Dores, se despede dos irmãos e sai, comendo o pão)
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No bairro, Naldo está em seu ofício: Fiscal de Kombi.
(Sentado em uma cadeira de plástico, Naldo conta um bolo de dinheiro; Sedutora, Renata se aproxima e Naldo a olha de baixo para cima, admirando os seus atributos)
NALDO: Nossa Senhora, hein! Assim você para o trânsito de todo o Rio de Janeiro.
RENATA: Tem Kombi pra sair, Naldo?
NALDO: Pra você tem a qualquer hora… Aquela ali vai sair agora.
RENATA: Muito obrigada, gato!
(Renata sussurra algo no ouvido de Naldo e põe um papelzinho em sua mão; Renata se afasta, olhando para Naldo e esbarra em Tina, que vinha caminhando com Alice, sua filha)
TINA: Ei, não olha pra onde anda não?
(Apressada, Renata entra rapidamente em uma Kombi; Tina se recompõe e se aproxima de Naldo, junto com Alice)
TINA: Naldo!
(Naldo se assusta e rapidamente guarda o papelzinho no bolso da sua bermuda)
NALDO: Tina… Nem sabia que você estava aí.
TINA: (enciumada) E que papelzinho que você estava lendo, hein? Posso saber?
NALDO: Era… Era… Era só um recibo, Tina. Ih, deixa de neurose.
TINA: Sei! Vim aqui pra pedir dinheiro pra eu ir ao salão.
NALDO: Já vai querer me extorquir mais uma vez? Não tenho dinheiro não.
TINA: Naldo, eu não posso começar no trabalho com esse cabelo de vassoura piaçava. Posso?
NALDO: E por acaso você vai comer cabelo no final do mês? Não né?
TINA: (irritada) Ai, que raiva, Naldo! Então leva essa menina pra escola, que eu estou sem cabeça!
(Tina larga a mão de Alice e sai, emburrada)
NALDO: (gritando) Ei!…
(Naldo chama Tina, que não o dá atenção)
ALICE: E agora, pai, quem vai me levar pra escola?
(Naldo não sabe o que fazer; Vindo da feira com um sacolão de verduras e frutas, Verinha passa na rua e se aproxima)
VERINHA: Bom dia, meus amores… Como passam?
(Alice abraça fortemente a avó)
NALDO: Mãe, faz um favorzão pra mim? Leva a Alice na escola?
(Verinha faz cara de pensativa, mas logo sorri e Alice a abraça novamente; Naldo respira aliviado, por ter se livrado dessa responsabilidade)
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“Casa de Tico – Quarto do Casal”
(Paula está dormindo e Tico está se arrumando para o trabalho; Apressada, Jhenyfer entra)
JHENYFER: Mãe, mãe, mãe… Me leva na escola, vamos logo, já tô atrasada!
(Jhenyfer balança Paula, que se vira na cama)
PAULA: (sonolenta) Tico, leva ela na escola pra mim.
TICO: Ah, não vai dar, Paula… Eu já estou atrasado por trabalho. Por que você mesma não leva?
(Emburrada, Paula abre um único olha e encara Tico)
PAULA: Se não levar ela, fica sem aquilo meu.
JHENYFER: (curiosa) Sem aquilo o quê?
TICO: (disfarçando) Nada, você não pode saber… Vamos, vou te levar na escola e vou direto para o trabalho.
(Tico e Jhenyfer saem do quarto; Rapidamente, Paula se levanta da cama e pega a carteira de Tico, que fico sobre a cabeceira)
PAULA: O banana esqueceu a carteira (risos). Isso aqui é pras compras de casa, pros biscoitos da Jhenyfer e pra compra do mês.
(Paula guarda as notas entre seus seios e um sorriso malicioso surge em seu rosto)
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“Casa de Maria das Graças – Quarto de Lucas”
(Lucas está guardando o seu material escolar e Tânia entra, lentamente e senta-se na cama)
TÂNIA: Ansioso pra começar na faculdade, meu filho?
(Triste, Lucas deixa os seus materiais de lado e senta-se ao lado de Tânia)
LUCAS: Ainda não, mãe… Eu, eu… Eu tenho medo.
TÂNIA: Medo? Medo de quê, meu filho?
LUCAS: A senhora sabe… Eu sou gago!
(Envergonhado, Lucas fica cabisbaixo e Tânia se compadece)
TÂNIA: Você não é gago, meu filho… Viu, como você fala perfeitamente?
LUCAS: Mas qua-qua-quando eu fico nervoso… Eu não consigo falar. Eu tenho medo que riem de mim, igual no ensino médio.
TÂNIA: Não vão rir, meu filho… Sabe por quê? Porque o pessoal da faculdade é mais maduro, tem mais experiências e a maioria é da sua faixa etária. É só quando você for falar, respirar e confiar em Deus. Vai dar tudo certo, meu filho… É só ter fé!
(Lucas continua triste; Carinhosa, Tânia dá um delicado beijo na bochecha de Lucas, que sorri)
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“Mansão dos Smith – Quarto de Ana”
(Afrodite se levanta da cama e se aproxima de Ana, que está se arrumando)
AFRODITE: Vamos logo, minha filha… Você está se arrumando para ir à faculdade, e não para uma festa.
ANA: Sabe, mammy? Eu sempre gostei de desfilar, fotografar, mas sempre quis mesmo é fazer uma faculdade de Letras. Precisei vir ao Brasil para realizar o meu sonho.
AFRODITE: Me sinto tão orgulhosa em ouvir isso de você, minha filha. E a UFRJ é uma das melhores universidades do Rio de Janeiro, se não for a melhor. Você tem sorte de estar lá.
(Ana sorri)
AFRODITE: Agora vamos, minha filha, o Adamastor já deve estar nos esperando!
(Apressada, Afrodite ia saindo, mas Ana a segura pelo braço)
ANA: Espera aí, mammy… A senhora não está pensando em me levar na faculdade, né? That monkey!
AFRODITE: (rindo) Deixa de bobagem, menina, isso não é mico coisa nenhuma. Vou te levar sim, senhora! E agora vem, que você já está atrasada.
(Afrodite puxa Ana pela mão e elas saem)
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(Maravilhada, Bruna anda pelo quarto de hóspede)
BRUNA: Que maravilha de quarto… Que maravilha de mansão. Tudo isso… Tudo! Tudo ainda será meu deveria ser a Afrodite. Eu…
(Alucinada, Bruna desfila pelo grande quarto, imaginando estar em uma longa passarela)
BRUNA: (invejosa) Eu que era pra ser dona de tudo isso aqui. Eu que era para ser a famosa. Eu que era para ser a Afrodite… Eu era pra ser a Afrodi…
(Lentamente, Cidinha entra no quarto e se surpreende ao ver Bruna naquele estado; Ao ver a empregada, Bruna leva um susto)
BRUNA: Ai, dona Cidinha, que susto… Não sabia que a senhora estava aí.
CIDINHA: É que a porta estava encostada, aí eu entrei… Bruna, você estava falando da Afrodite?
BRUNA: Eu, falando da Afrodite? Eu não, dona Cidinha… Que isso?
CIDINHA: Estava sim, que eu ouvi muito bem. Só não sei se é bem ou mal… Mas que você estava falando da minha menininha, ah, isso estava sim.
(Irritada, Bruna encara Cidinha e vai se aproximando dela, lentamente)
BRUNA: (nervosa) Se eu falei que não estava, é porque não estava… Ou a senhora vai querer debater comigo agora?
CIDINHA: Calma, não precisa se alterar… Se a senhora falou que não estava, eu não sou ninguém para contrariá-la. Como sempre foi a melhor amiga da Afrodite, sei que não estava falando mal dela. Perdoe-me, não está mais aqui quem falou.
(Bruna percebe que se exaltou e tente disfarçar, rindo de nervoso)
BRUNA: Que isso, dona Cidinha, não precisa se desculpar, que isso. A senhora é um anjo.
(Ainda intrigada, Cidinha sorri apenas por educação)
CIDINHA: Ah, já ia me esquecendo… Vim pra avisar que o café já foi servido e a dona Marieta e o Frederick estão te esperando à mesa.
BRUNA: Tá bem, muito obrigado por avisar, Cidinha. Os avise que só vou me trocar e já vou, por favor!
CIDINHA: Sim, senhora!
(Bruna sorri e Cidinha sai, ainda muito desconfiada; Atônita por quase ser descoberta, Bruna senta-se no sofá)
BRUNA: Ufa, essa foi por pouco… Quase que essa velha esclerosada me pega. Eu preciso tomar mais cuidado nessa mansão… Preciso agir com mais cautela.
(Bruna se recompõe do susto, senta-se à penteadeira e se maquia)
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A cidade maravilhosa, a querida Rio de Janeiro, está bastante movimentada e cheia de vida. O dia está bastante ensolarado, porém com o clima agradável. 
(Dirigindo a Kombi, Alex se mistura aos farofeiros que estão indo à alguma praia e canta um pagode junto com eles, batucando o volante)
ALEX: (cantando) “Eu não sei se vale a pena, aceitar esse teu jeito…”
(Alex continua dirigindo enquanto canta, enquanto os farofeiros butucam nos bancos e no ritmo, batem palmas)
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(Enquanto Adamastor dirige um belíssimo automóvel da família Smith, Ana observa as paisagens cariocas, enquanto Afrodite lhe explica todos os pontos turísticos)
AFRODITE: Aquele ali é o Cristo Redentor… É lindo, né?
(Ana concorda e admira a gigante estátua de braços abertos sobre a Baía de Guanabara; O sinal fecha e Adamastor para o carro)
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(Distraído com a cantoria e não vê o semáforo vermelho; A Kombi bate e Alex arregala os olhos; A cantoria para imediatamente)
ALEX: Ih…
(Alex sente-se lascado)
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(Dentro do automóvel, Adamastor, Afrodite e Ana sentam um tremor)
ANA: O que foi isso?
ADAMASTOR: Acho que bateram no carro… Eu vou lá ver.
(Adamastor sai e se assusta ao ver a traseira do carro amassada)
ADAMASTOR: Meu Deus… O seu Ruez vai me esfolar quando ver esse estrago.
(Aflito, Adamastor continua analisando o amasso)
ALEX: Desculpa, eu não queria provocar isso… É que eu estava distraído…
(Desesperado, Alex sai da Kombi e choca-se ao ver o estrago que causou)
AFRODITE: Adamastor, o que está acontecen..,
(Falando, Afrodite sai do carro e se aproxima; Ao ouvir aquela voz que lhe soa familiar, Alex olha para Afrodite e se surpreende ao vê-la; Os olhares de Alex e Afrodite se atraem e seus corações ardem a paixão de adolescência, que foi reacendida)
ALEX: (encantado) Afrodite?
AFRODITE: Alex…
“Timidamente, Alex e Afrodite sorriem um para o outro… O destino se encarregou de colocá-los frente a frente novamente e com esse reencontro inesperado, todo o amor que estava adormecido no coração de ambos, desperta ardentemente. Depois de 28 anos, Alex e Afrodite são flechados pelo mesmo cupido que os presenteou lá no passado”  
(A imagem se congela num tom preto-e-branco) 
Continua…

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