Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 30

“Alex e Afrodite continuam a se olhar… Seus olhares estão atraídos e seus corações, pulsantes. Todo aquele amor construído no passado reaparece suntuosamente, deixando-os totalmente apaixonados um pelo outro, assim como em seus tempos de adolescentes… O amor é exatamente o mesmo”
(Sorridentes e com os olhos brilhando, Alex e Afrodite estão um de frente para o outro, estagnados; Aflito, Adamastor se aproxima)
ADAMASTOR: Desculpa quebrar o clima, gente… Mas e o prejuízo do carro? O seu Ruez vai ficar uma fera quando você que um dos seus automóveis mais caros ficou nesse estado.
(Retornando à realidade, Alex se frustra ao ver o prejuízo que causou no luxuoso automóvel; A essa altura, o trânsito já está completamente engarrafado)
ALEX: Eita ferro… E agora, seu Adamastor? Essa peça deve ser muito cara… Eu não tenho como pagar?
(Adamastor não sabe o que fazer, quando Afrodite intervém)
AFRODITE: Não precisa se preocupar, Alex! Adamastor, o papai deve ter um monte de peças lá na automobilística… Podem ficar despreocupados!
(Alex suspira aliviado)
ADAMASTOR: Já que a senhora está falando… Lavo minhas mãos.
(Adamastor volta para o carro e o estaciona próximo à praia, liberando um pouco o trânsito)
ALEX: Eu não saberia como pagar uma peça tão cara… Muito obrigado, Afrodite! Muito obrigado mesmo!
(Agradecendo, Alex pega as mãos de Afrodite e as beija, sucessivamente; Encantada, Afrodite admira essa gentileza com um belo sorriso nos lábios)
MOTORISTA: (gritando) Sai da pista… Querem morrer?
(Impaciente, um motorista braba e rapidamente, Alex e Afrodite sobem a calçada; O trânsito começa a fluir normalmente; Depois de olhar para os carros que percorrem a estrada, Afrodite retorna a olhar para Alex)
AFRODITE: Agora… Eu preciso ir!
(Afrodite ia saindo, mas Alex a segura pelo braço)
ALEX: Calma, Afrodite… Fica mais um pouco! Vamos conversar.
AFRODITE: Não posso, tenho compromisso. Vou acompanhar a minha filha até a faculdade.
ALEX: (surpreso) Filha?!
AFRODITE: Sim, é uma longa história. Mas agora eu preciso ir mesmo.
(Afrodite ia saindo novamente, mas Alex entra em sua frente; Escondido, alguém fotografa a cena)
ALEX: Então, meu encontre aqui… Nesse mesmo lugar, de noite. Pode ser?
AFRODITE: À noite? Não, não sei se devo…
ALEX: Por favor, Afrodite, é que a gente tem muito o que conversar, você não acha?
(Afrodite concorda; Alex sorri)
ALEX: Então está combinado. À noite, te espero aqui nessa mesma praia, ok?
(Sorrindo, Afrodite concorda com a cabeça e corre para carro; Adamastor pilota o carro e abobado, Alex sorri com o olhar aéreo; Impacientes, os farofeiros chamam por Alex, que para de sorri e corre para a Kombi)
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(Dentro do carro, Adamastor dirige tranquilamente e no banco traseiro, ao lado de Ana, Afrodite está pensativa)
ANA: (curiosa) Mammy, com por que a senhora demorou pra voltar ao carro? E com quem a senhora estava conversando?
AFRODITE: Com alguém que eu não espera encontrar nessa situação, minha filha… Não mesmo!
(Adamastor as olha pelo espelhinho retrovisor; Ana não entende; Melancólica, Afrodite reposiciona-se no banco traseiro e pensa em Alex)


“Mansão dos Smith – Copa”
A mesa está repleta de guloseimas deliciosas e bebidas matinais de todos os tipos.
(Ruez levanta-se da mesa, beija Marieta, se despede de Frederick e segue para o seu trabalho; Bruna chega e senta-se à mesa)
BRUNA: Bom dia, dona Marieta! Bom dia, Frederick!
(Comendo um pão, Frederick apenas acena)
MARIETA: Bom dia, querida… Como passou a noite?
BRUNA: Maravilhosamente bem, dona Marieta… Senti-me uma rainha! O colchão daquele quarto é maravilhoso. Me senti dormindo em plumas.
MARIETA: É importado, querida… Custou o olho da cara.
(Bruna sorri; Em gestos, Marieta orienta Cidinha a colocar o café de Bruna e a empregada obedece)
BRUNA: Muito obrigada, Cidinha!
(Falsa, Bruna sorri e bebe um gole de seu café; Somente por educação, Cidinha retribui o sorriso)
MARIETA: Frederick, querido, do que falávamos mesmo?
FREDERICK: Do meu noivado com a Afrodite. A senhora disse que tinha uma ideia para me contar.
MARIETA: Ah, sim, o noivado. Eu sei que vocês já noivaram em Nova York, mas eu faço questão de preparar uma enorme festa aqui em casa, de dar inveja a toda sociedade carioca. (risos) Eu estava na decoração toda prateada e também…
(Marieta continua expondo as suas ideias e Frederick as ouve, atentamente; Entediada com a conversa, Bruna bebe mais uma golada de seu café, enquanto Cidinha lhe observa, ainda muito desconfiada)
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“Escola Primária Raios de Luz”
A escola é pequenina e os muros trazem gravuras de bichinhos.
(Como excelente educadora que é, Sara trata os seus aluninhos com muito carinho)
SARA: Vamos, crianças… Meninos pra direita e meninas pra esquerda, do menor para o maior.
(Animadas, as crianças se arrumam em filas indianas como a professora orienta; Puxando Tico pela mão, Jhenyfer chega correndo e para na fila; Exausto, Tico chega bufando de cansaço)
SARA: Chegou atrasada, Jhenyfer… Pensei que faltaria logo no primeiro dia de aula.
JHENYFER: (brincalhona) É o meu pai que nem aguenta mais correr… Também, com essa pança toda.
(Todos riem e Tico se envergonha pela forma desleixada que adquiriu com o tempo)
TICO: É… Professora, que horas é a saída?
SARA: Às 17 horas, em ponto.
TICO: Ah… Essa hora eu não vou ter chegado do trabalho ainda, mas a minha mulher vai vir buscá-la.
SARA: Tudo bem!
(Sara e Tico sorriem um para o outro: Nesse momento, eles sentem uma coisa diferente no coração, como uma leve brasa que arde apaixonadamente; Tico acena para Jhenyfer e se retira; Sorridente, Sara o observa saindo; O sinal toca)
JHENYFER: Tia, já tá na hora da gente entrar… O sinal já tocou!
(Sara retorna à realidade e ajeita os seus alunos)
SARA: (cantando) 1, 2, 3, 4…
(Sara puxa a música e seus alunos completam)
ALUNOS: (cantando) 4, 3, 2, 1… Marcha soldado cabeça de papel…
(Cantando em coro, Sara adentra à escola com os seus alunos)
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“Um pouco mais tarde”
“Escola Secundária Liberdade – Quadra Poliesportiva”
(Alice está na quadra, junto com seus colegas de turma, ouvindo as instruções do professor de Educação Física)
PROFESSOR: Agora vamos fazer um aquecimento antes do jogo. Um aluno vai correr até o final da quadra e quando voltar, vai o outro… Entenderam, pessoal?
TODOS: Sim!
PROFESSOR: Então vamos começar… Agora!
(O professor apita e os alunos fazem o percurso; Assim que se aproxima a vez de Alice, ela fica mais nervosa; Matheus dá a partida e ao voltar, bate na mão de Alice, que faz o mesmo; Velozmente, Alice corre, mas devido ao seu sobrepeso, suas pernas ficam bambas e ela cai no chão, ralando-se todas; Todos os alunos a cercam e começam a ri, escarnecendo-a; Somente Matheus sente compaixão dela; Encarando todas aquelas risadas, Alice não consegue se controlar e chora compulsivamente)
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“Universidade Federal do Rio de Janeiro”
(Diversos estudantes, de diferentes tipos, entram na universidade: Sejam em grupos ou sozinhos; Apressados, Tânia e Lucas descem do ônibus e se aproximam, correndo; Calmamente, Afrodite e Ana descem do carro e se aproximam do portão; Enquanto corria, Lucas não vê Ana e acaba esbarrando nela, deixando seus livros caírem)
ANA: Ei, boy, não olha pra onde anda não, é?
(Nervoso, Lucas nada consegue responder)
ANA: E ainda nem se prontifica a pegar meus livros… Que tipo de homem é você?
(Indignada, Ana se abaixa para pegar seus livros, mas Lucas faz o mesmo e suas cabeças acabam se chochando)
ANA: Ai, minha cabeça!
(Estressada e com a mão na cabeça, Ana pega seus livros e se levanta; Lucas faz o mesmo; Ana encara Lucas)
ANA: O que foi? Perdeu a língua? Esperava pelo menos ouvir um pedido de desculpa, um… Sorry, Darling! Você não acha?
(Lucas nada consegue falar e Tânia se intromete)
TÂNIA: Ele não perdeu a língua não, mocinha… Ele é gago! E quando fica nervoso, não consegue falar.
(Envergonhado, Lucas abaixa a cabeça; Ana e Afrodite se compadecem)
ANA: Que peninha, eu não sabia… Você me desculpa, boy?
LUCAS: (irritado) Eu não quero a sua pena!
(Lucas encara Ana e emburrado, entra na faculdade; Numa mistura de arrependimento e tristeza, Ana corre atrás dele; Não gostando, Tânia e Afrodite observam)
AFRODITE: (envergonhada) Desculpe a minha filha, por favor… Ela não tem papas na língua. Tem certeza que ela não fez por mal.
TÂNIA: Ela deveria ser mais paciente com os outros, né? Gagueira é uma coisa séria! Mas relevarei…
(De repente, Tânia começa a reparar em Afrodite, deixando-a constrangida)
TÂNIA: Engraçado… Parece que eu te conheço de algum lugar, mas não me lembro de onde.
AFRODITE: ah, deve ser da mídia… Eu fui modelo internacional há muitos anos atrás. Mas pra falar a verdade, eu também estou lhe reconhecendo. O seu rosto me é familiar!
TÂNIA: Estranho, né? (risos) Agora deixa eu ir, que tenho que fazer um monte de coisa ainda… Tchau!
(Tânia se despede e se retira, embarcando no ônibus logo em seguida; Afrodite fica pensativa)
AFRODITE: Bota estranho nisso… De onde será que nos conhecemos?
(Tentando lembrar, Afrodite entra no carro e Adamastor dirige)
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O sol se põe e a noite chega, juntamente com a Lua e suas inseparáveis estrelinhas.
(De frente para a Escolinha, Sara e Jhenyfer estão conversando, sentadas no meio-fio; Tico, que vinha do trabalho, que espanta ao ver a filha)
TICO: Jhenyfer, o que você ainda está fazendo aqui? A sua mãe não veio te buscar?
(Jhenyfer nega com a cabeça; Prontamente, Sara se levanta)
SARA: Eu queria levá-la em casa, mas fiquei com medo que não tivesse ninguém. Então fiquei esperando alguém aparecer.
TICO: (resmungando) Ah, mas a Paula vai ouvir… Ah, se vai!
SARA: Desculpa a indiscrição, mas… Você é o filho da irmã Graça, né? Ela é lá da minha igreja.
TICO: Sim, sou sim… Meu nome é Tico!
SARA: Prazer… Sara!
(Sara estica a mão para Tico, que sente vergonha de apertá-la)
TICO: Desculpa, mas as minhas mãos estão sujas de graxa.
SARA: E as minhas estão sujas de giz! Não importa, pois é fruto do nosso trabalho.
(Tico sorri e lentamente aperta a mão de Sara; Nesse simples aperto de mãos, seus corações disparam na mesma proporção; Os sorrisos vão ficando tímidos e os olhares brilhantes)
JHENYFER: Bora logo, pai… Tô com fome e quero ver “Chiquititas”!
(Reclamando, Jhenyfer se levanta e se aproxima de Tico; Rapidamente, Sara e Tico soltam as mãos e se afastam)
TICO: Vamos, vamos…
SARA: Antes de irem… Jhenyfer, sábado vai ter culto das crianças lá na igreja. Por que você não vai? Ele o seu pai junto, se quiser!
JHENYFER: (animada) Ah, pai, vamos, vamos… Eu quero muito ir, vamos, por favor! Vamos!
TICO: Tá bom, a gente vai!
(Sara e Jhenyfer sorriem, animadas)
TICO: Agora vamos pra casa, vamos, que também estou morrendo de fome (risos) Tchau, Sara… E muito obrigado por tomar conta da minha filha!
SARA: Que nada, foi um prazer… A sua filha é um anjo!
(Orgulhoso, Tico sorri; Sapeca, Jhenyfer sorri para Sara, que lhe dá uma piscadela; Apressada, Jhenyfer sai puxando Tico pela mão, que sai olhando para Sara; Feliz, Sara suspira e sorri, completamente encantada)
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“Colégio Estadual Mário de Andrade”
(Em sua apertada sala, Tina faz o seu ofício de secretária, digitando formulários e assinando papeladas; Em um velho computador, Tina tecla rapidamente)
TINA: Droga, esqueci de pegar as notas do terceiro ano para lançar no Conexão Estudantil.
(Irritada, Tina sai da sua sala e apressada, caminha pelo longo corredor, que está praticamente deserto; Com uns papeis nas mãos, Henrique aparece e segue Tina)
HENRIQUE: Com licença… Eu gostaria de uma informação!
TINA: O senhor vai ter que me desculpar, mas eu estou ocupada.
HENRIQUE: Desculpe, mas é que…
(Tina continua andando e insistente, Henrique a segue)
TINA: Eu já falei, senhor… Espere lá no banquinho, que eu já atenderei o senhor.
HENRIQUE: Eu só quero uma informação, bem rapidinha. É que eu sou o novo professor de Química e gostaria de saber onde fica a minha sala.
(Surpresa, Tina pare e dá atenção a Henrique)
TINA: Ah, então você que é o novo professor de Química? Me perdoe, é que eu estou atolada de serviço e…
HENRIQUE: Não precisa se desculpar, eu que não soube chegar, não é mesmo? Prazer, meu nome é Henrique!
TINA: E o meu é Tina. Antes que me pergunte, não é de Cristina, é Tina mesmo. É que a minha mãe adora combinar os nomes, meus outros irmãos se chamam Tânia e Tico… Tudo com “T”, acredita nessa cafonice?
(Tina e Henrique riem e apertam as mãos; Tina continua rindo, espontaneamente, e Henrique a olhando, profundamente)
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“Casa de Tico”
(Entediada, Paula está assistindo televisão)
PAULA: Ai, essa “Além do Horizonte” é um porre… Depois de “Avenida Brasil” a Globo não fez mais nenhuma novela que preste… Que droga!
(Sem nada que lhe prenda, Paula troca de canal freneticamente; Agitada, Jhenyfer aparece, senta-se no sofá, pega o controle das mãos de Paula e troca de canal)
JHENYFER: Já começou “Chiquititas”?
PAULA: Me dê esse controle aqui, sua peste!
(Paula e Jhenyfer brigam pelo controle)
TICO: Paula, posso saber por que você não foi buscar a Jhenyfer lá na escola? Ela estava lá até agora com a professora, se você não sabe.
PAULA: Por mim essa peste mora lá, já que não me dá nenhum tempo de paz.
(Jhenyfer se entristece e Paula puxa o controle de sua mão, trocando de canal)
TICO: Não fala assim com a nossa filha, Paula… A Jhenyfer só tem 9 anos.
PAULA: Ai, Tico, você é mesmo um banana… Essa menina nem te respeita e você ainda arranja saco pra defendê-la? Me poupe, né?
(Os olhos se Jhenyfer enche-se de lágrimas e Tico se compadece; Irritado, Tico sai da sala, mas rapidamente volta, com a carteira na mão)
TICO: Paula, você pegou dinheiro da minha carteira outra vez?
PAULA: Claro que sim, Tico… Eu tinha que comprar as coisas de casa, eu hein!
(Irritado com a vida infeliz que leva, Tico sai de casa, batendo fortemente a porta; Chorando, Jhenyfer vai correndo para o quarto; Satisfeita, Paula sorri e retorna a assistir televisão)
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(Algumas horas se passam e completamente bêbado, Tico caminha pela rua, segurando uma garrafa de cachaça)
TICO: Eu quero beber mais… Quero beber… Beber pra esquecer a desgraçada da Paula que… Que não me ama.
(Tico dá mais um gole em sua cachaça e se desequilibra, caindo no chão)
TICO: A Paula não me ama mais… A Paula não me ama… Mais…
(Com a cara no asfalto, Tico chora; Sara, que retornava da casa de um de seus alunos faltosos, passa pela rua e se assusta com o que vê)
SARA: Meu Deus, o que é aquilo? É um homem caído?
(Solidária, Sara se aproxima e tenta ajudar Tico a se levantar)
SARA: Moço, o que houve com… Tico?!
(Sara tenta levantá-lo, mas não consegue)
SARA: (gritando) Socorro! Alguém! Me ajudem!
(Com a bíblia debaixo do braço, Piolho que passava pela rua, corre ao ouvir os pedidos de socorro)
PIOLHO: Sara, o que foi? O que houve?
SARA: O Tico está caído no chão… Está bêbado, pelo jeito.
(Rapidamente, Piolho ajuda a levantar Tico)
PIOLHO: (enciumado) Você o conhece?
SARA: Sim, ele é pai de uma das minhas alunas, mas isso não importa agora, Piolho. Vamos levá-lo pra casa da mãe dele… A irmã Graça vai saber o que fazer.
(Sara demonstra muita preocupação; Mesmo com ciúmes, Piolho ajuda a levar Tico)
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“Morro da Paz”
(No pico do morro, Quinho está se drogando, como sempre; Irritado, Fábio aparece com seu fuzil e puxando Tati pelos cabelos; Quinho se assusta)
FÁBIO: Cadê o meu dinheiro, seu bosta?
QUINHO: Eu ainda não tenho, Fá… Quer dizer, “Todo Poderoso”. Mas…
FÁBIO: Nada de mais. Se não der o dinheiro que deve das droga toda, a vagabunda aqui morre.
(Quinho olha para Tati, que está visivelmente apavorada)
QUINHO: Calma, “Todo Poderoso”… Eu não tenho o dinheiro agora, mas eu vou arrumar. Papo de homem.
FÁBIO: Eu quero a merda do dinheiro agora!
(Raivosamente, Fábio puxa o cabelo de Tati, fazendo-a cair no chão)
FÁBIO: Por causa de você, seu bosta, a vadia aqui vai morrer.
(Fábio prepara-se para atirar, quando uma ousadia sem tamanho invade o íntimo de Tati)
TATI: Fábio, quando eu te olho assim… Eu não entendo porque você foi pra esse lado, cara. Você era bom, e quando nós era crianças, a gente brincava tudo lá na pracinha… Eu, você, o Alex… Não sei por que você tão mal desse jeito. Você não era assim e sei que não é ruim, apenas está doente.
FÁBIO: (gritando) Cala boca, piranha… Eu vou atirar, eu já disse que vou!
TATI: Então atira Fábio, atira se tiver coragem… Só que você vai estar fazendo a coisa mais errada desse mundo, mas atira.
(Fábio ficou tocado com as palavras de Tati, mas o seu ódio obsessivo gritam mais alto; Fábio puxa o gatilho e Quinho se desespera; O grito de Tati ecoa na cena, que se apaga completamente)
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(Ainda no morro, Kelly retorna do seu cursinho, com seus cadernos na mão e se assusta ao ter que passar em um beco completamente escuro; Kelly vê um bandido parado, com os braços cruzados, e seu medo aumenta mais; Ela suspira e tenta se controlar)
KELLY: Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, a sombra do Onipotente descansará…
(Em voz baixa, Kelly põe-se a orar e trêmula, passa pelo beco; O bandido a agarra por trás, deixando-a completamente imóvel)
KELLY: (gritando) Me solta… Socorro!
(Relutando, Kelly tenta se soltar, mas o bandido é mais forte; O bandido tapa a boca de Kelly com uma de suas mãos e a leva até uma pracinha abandonada; O bandido joga Kelly no chão e maliciosamente, sorri para ela)
KELLY: (amedrontada) O que você vai fazer comigo? Por favor, meu deixa ir embora…
BANDIDO: O seu pai não quis pagar a droga, então é você que vai pagar… E de um jeito bem gostoso!
(O bandido sorri sarcasticamente e se aproxima de Kelly, abrindo o zíper da sua bermuda; Completamente amedrontada, Kelly vai se afastando)
FÁBIO: (gritando) Tira as mãos da minha filha, p****!!
(Do nada, Fábio aparece e dá dois tiros na cabeça do bandido, que morto, cai em cima de Kelly; Apavora, Kelly cata os seus cadernos e se levanta, muito assustada; Lentamente, Fábio se aproxima de Kelly)
FÁBIO: (preocupado) Você está bem?
KELLY: (confusa) Do que você me chamou? Eu não sou a sua filha… Eu não sou… A sua… Filha!
(Completamente apavorada com tudo o que aconteceu, Kelly sai correndo pelo morro, chorando, e Fábio pensa ir atrás; Com ódio, Fábio dispara uma rajada de tiros contra o cadáver do bandido)
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(Saindo da faculdade, Lucas vai para o ponto de ônibus, esperando a sua condução chegar; Lentamente, Ana aparece e para ao lado de Lucas)
ANA: Você ainda está chateado comigo, boy?
(Ignorando-a, Lucas vira para o outro lado)
ANA: Ai, para de ser boring, please… Eu já pedi desculpas um milhão de vezes hoje, mas que coração de pedra você tem, hein!
LUCAS: É que eu não gosto que tenham pena de mim.
ANA: Prometo que não vou ter mais, ok? É que eu fiquei nervosa, pois você não falar nada… Sorry me, é que esse é o meu jeito. Amigos?
(Lucas sorri e concorda com a cabeça; Alegre, Ana dá um beijo na bochecha de Lucas e sai correndo, olhando para ele; Sorridente, Lucas passa a mão sobre o rosto onde beijou, levemente; Sentada no meio-fio enquanto espera seu motorista, Ana passa levemente a mão em seus lábios e um belo sorriso surge em seus lábios)
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“Mansão dos Smith – Quarto de Afrodite”
O quarto está completamente idêntico de quando era em 1985. As paredes estão pintadas em um tom de rosa bebê e os móveis são brancos.
(Sentada à penteadeira, Afrodite olha-se no espelho, enquanto Cidinha lhe faz um penteado)
AFRODITE: Cidinha, você acha que eu estou bonita?
CIDINHA: Você já me fez essa pergunta mais de 20 vezes, minha menininha… Já disse, você está linda. Como sempre!
(Afrodite sorri)
CIDINHA: Posso saber aonde você vai tão bem produzida assim?
(Afrodite olha para a porta, para se certificar que não tem ninguém, além das duas)
AFRODITE: Pra você eu posso contar, Cidinha… Vou a um encontro! Com o Alex…
CIDINHA: Com o Alex?
(Sorrindo, Afrodite concorda com a cabeça; Feliz com a notícia, Cidinha fica boquiaberta e coloca as duas mãos na boca; Feliz, Afrodite tira a sua aliança de noivado e a guarda em seu porta-joias; Com um doce sorriso em seus lábios, Afrodite vê o seu reflexo no espelho)
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(Na sala de estar, Marieta, Frederick e Bruna conversam, sentados no sofá; Afrodite desce as escadas e Cidinha vem logo atrás)
FREDERICK: Afrodite, mas como você está linda… Parece até uma princesa!
(Educada, Afrodite sorri)
MARIETA: Realmente está divina… Vai sair, minha filha?
AFRODITE: Sim! Vou aproveitar que o Adamastor vai buscar a Ana na faculdade para matar a saudade do Rio.
FREDERICK: Vou com você, meu amor. Não estou com saudade desse lixo de cidade, mas vou te fazer companhia.
(Sorridente, Frederick se levanta e se aproxima de Afrodite)
AFRODITE: Desculpa, Frederick, mas eu prefiro ir sozinha. Até mais, gente!
(O sorriso de Frederick some ao perceber que Afrodite não quer a sua companhia; Marieta, se despedindo da filha; Sorrindo, Afrodite acena e Bruna repara que ela está sem a sua aliança de noivado; Afrodite sorri mais uma vez e sai)
FREDERICK: (triste) Ela nem quis a minha companhia… Onde será que foi? Você sabe, Cidinha?
(Sem pestanejar, Cidinha nega com a cabeça e rapidamente se retira da sala; Curioso, Frederick senta-se no sofá e Marieta continua a conversar com ele)
BRUNA: (pensamento) Afrodite sai sem a aliança de noivado e misteriosamente… Onde será que ela foi, hein?
(Com seus pensamentos, Bruna tenta alcançar alguma resposta)
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“Praia de Copacabana”
(Depois de comprar em um quiosque, Alex se afasta e bebe a sua água de um coco bem verdinho, admirando o mar, que tem muitas ondas; Com uma trança lateral e um largo vestido que se balança com o vento, Afrodite aparece sorrindo, e venda os olhos de Alex, com as suas mãos; Imediatamente, um belo sorriso surge no rosto de Alex, que apalpa as delicadas mãos de Afrodite)
ALEX: Pelas mãos delicadas e pelo perfume doce, só pode ser a minha Deusa do Amor… Acertei?
(Triste por todo o passado vir à tona, Afrodite tira as suas mãos e Alex se vira, sorrindo alegremente)
ALEX: Sabia que você vinha… Mas… Que carinha triste é essa?
AFRODITE: Quando você me chamou daquele jeito, eu me lembrei do nosso namoro… Tanta coisa deu errada naquele tempo, né?
ALEX: Pra que falar do passado agora, Afrodite… Vamos viver o presente!
(Sorrindo, Alex se prepara para beijar Afrodite; Escondido, alguém fotografa a cena; Afrodite se afasta de Alex, ficando de costas para ele)
AFRODITE: Como não lembrar o passado, Alex? Foi lá que o nosso namoro deu errado, foi lá que você duvidou do amor que eu sentia por você.
(Alex põe-se frente à Afrodite)
ALEX: E foi lá que você duvidou do meu caráter também, esqueceu? Mas… Como disse, não vemos lembrar o passado. Vamos aproveitar o nosso reencontro.
AFRODITE: Mas muitas coisas acontecerão de lá pra cá e…
(Afrodite olha para a sua mão direita, preparando-se para falar do seu noivado com Frederick)
ALEX: Afrodite, desde aquele tempo, eu nunca mais me esqueci de você. Todos os equívocos, tudo o que aconteceu de errado na nossa história, nada, nada mesmo, nada era mais forte do que o nosso amor… E… Ei ainda te amo.
(Um espontâneo sorriso incide no rosto de Afrodite)
AFRODITE: Eu também nunca te esqueci, Alex. Eu fui para fora do país, virei modelo, fiquei famosa e… Alex, eu preciso te falar uma coisa. Eu não posso voltar com você porque…
(Afrodite não consegue confessar e Alex fica triste)
ALEX: Não precisa dizer mais nada, eu já sei… Você não pode voltar pra mim porque é famosa e eu sou um ex-presidiário, né?
(Afrodite pega o rosto de Alex e o alisa, sentindo sua rala barba roçar a sua fina mão; Escondido, a pessoa misteriosa fotografa a cena)
AFRODITE: Não, não é isso… Eu ainda te amo muito, pode ter certeza. É que eu est…
ALEX: Viu, Afrodite? Você ainda disse que me ama. Definitivamente, vamos esquecer todos os desenganos do passado, tudo aquilo o que deu errado lá trás deve ser enterrado por nós dois. Vamos aproveitar que o destino se encarregou de nós colocar frente-a-frente depois de quase 3 décadas e vamos tentar acertar? Ainda me lembro de quando nos esbarramos no pátio daquele colégio. Desde aquele dia, eu senti uma coisa dentro do meu coração. Eu senti, e sinto mais ainda, que você é a mulher que Deus preparou para mim. Você é e sempre vai ser a minha Deusa do Amor, a minha princesa, a dona do meu coração… Sinta! Sinta o quanto ele bate por você!
(Lentamente, Alex pega a mão de Afrodite e coloca em seu coração, que pulsa fortemente; Emocionada, Afrodite fecha os olhos e sorri com o ritmo agradável que o coração de Alex; Sorrindo, Afrodite puxa Afrodite, colando o seu corpo no dela; Seus olhos se fecham e em seguida, eles se beijam; Suas línguas balam num sincronismo perfeito a linda canção do amor entoada pelo cupido que os flechou há 28 anos; Alex e Afrodite caem e se beijam pela fina areia da praia; Novamente, a pessoa fotografa a cena)
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Amanhece lentamente e um belo seu desponta no céu.
“Gráfica”
(Impaciente, a pessoa misteriosa aguarda; Um funcionário aparece e coloca umas fotografias sobre o balcão)   
FUNCIONÁRIO: Prontinho! As fotos já estão prontas.
(A pessoa misteriosa se alegra e paga pelas fotografias; Se afastando lentamente da Gráfica, a pessoa misteriosa se deslumbra com as fotografias)
PESSOA MISTERIOSA: Perfeitas! Essas fotos… Essas fotos serão a chave para a minha vitória!
“Sentindo-se vitoriosa, a pessoa misteriosa sorri maliciosamente, põe seu óculos escuros e retorna a admirar as fotografias”
(Uma fotografia do beijo entre Alex e Afrodite se congela num tom preto-e-branco)
Continua…

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