Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 32 (Última Semana)

“Ao ouvir a voz de seu amado, Afrodite se aparta de Frederick e olha para Alex, completamente surpresa com a sua presença ali; Ruez e Marieta não gostam de vê-lo; Frederick o encara, sentindo-se vitorioso por ter conseguido conquistar Afrodite; Cidinha se entristece com o acontecido e Afrodite sente-se envergonhada por trair a confiança de Alex, mesmo que contra a sua vontade; Com os olhos marejados, Alex e Afrodite se olham profundamente. Ela triste e ele completamente magoado”
AFRODITE: Alex… Eu não queri…
(Afrodite vai se aproximando de Alex, quando ele se mostra ríspido)
ALEX: Como teve coragem, Afrodite? Mesmo depois daquela nossa noite…
(Surpresos, todos cochicham uns com os outros; Uma perua se aproxima da outra)
PERUA: (cochichando) Esse não é aquele bandido perigoso da Zona Oeste? Mas que escândalo…
(As peruas ficam horrorizadas e prestam atenção no que acontece; Marieta percebe e fica envergonhada)
AFRODITE: Alex, eu preciso explicar… Eu preciso dizer que…
ALEX: Não precisa dizer nada, Afrodite… Eu já vi com os meus próprios olhos. Só achei que depois de tudo, você fosse mais verdadeira.
(Os olhos de Afrodite enchem-se de lágrimas)
AFRODITE: Alex, é tudo um grande mal entendido… Vamos conversar!
ALEX: Não tenho mais nada pra falar com você, Afrodite. Nossa história acaba aqui!
(Marieta se aproxima)
MARIETA: Seguranças… Ponham esse faveladinho pra fora da minha mansão, agora!
(Os seguranças se aproximam e Alex se esquiva)
ALEX: Não precisa… Eu mesmo faço questão de sair daqui com os meus próprios pés.
(Alex ia saindo, mas Afrodite o segura pelo braço)
AFRODITE: Vamos conversar, Alex… Por favor?
(Alex encara Afrodite, friamente, e se retira da sala, deixando-a completamente desolada; Exibida, Maria dos Prazeres desce as escadas e se posiciona no centro da sala)
MARIA DOS PRAZERES: Como governanta dessa mansão, eu peço para a orquestra continuar tocando e as empregadas continuarem servindo os comes e bebes, pois a festa deve continuar… E vocês, seus curiosos, parem de ser mexeriqueiros, ouviu?
(Os convidados ficam indignados; Maria dos Prazeres faz sinal para a orquestra que retorna a tocar; Maria dos Prazeres vai dar ordens às empregadas e irritada com tudo isso, Marieta se aproxima de Ruez)
MARIETA: Ai, que raiva, Ruez… Tudo o que poderia acontecer de ruim, está acontecendo. Até aquele bandido veio aqui, que carma! E que palhaçada é essa de colocar aquela… Incompetente da Maria aqui dentro de novo? Hein?
(Ruez suspira, não sabendo o que responder)
MARIETA: Vamos, Ruez, me fala… Por que você colocou aquela lá aqui dentro outra vez? Não vai falar? Então eu vou tirá-la daqui pelos cabelos… Vou lá agora mesmo!
(Nervosa, Marieta ia até Maria dos Prazeres, mas Ruez a impede, segurando-a pelo braço)
RUEZ: Não vai fazer nada, Marieta… Fiz o que deveria ser feito.
MARIETA: (curiosa) O que, Ruez? Eu quero saber o motivo? O que te levou a fazer essa palhaçada?
RUEZ: É melhor que não saiba, Marieta…
(Ajeitando seu terno, Ruez solta o braço de Marieta)
RUEZ: Pra mim essa festa já deu! Eu vou é dormir, que ganho mais… Com licença!
(Ruez sobe as escadas e Marieta fica intrigada; Com raiva, Marieta olha para Maria dos Prazeres, que está se sentindo a própria dona da Mansão; Atônita, Afrodite se afasta de todos e se aproxima de uma mesa cheia de jarros; Frederick se aproxima de Afrodite e quando ia beijá-la, ela sai correndo e sobe as escadas; Não entendendo, Frederick ia atrás de Afrodite, mas Cidinha entra em sua frente, lhe dá a bandeja com canapés e sobe as escadas, preocupada; Sem ação, Frederick fica com a bandeja nas mãos e umas três crianças pegam alguns canapés e correm pela sala; Sem saída, Frederick come os quitutes que estão na bandeja e fica com o olhar triste)
————————————————————————————————————————————————–
“Mansão dos Smith – Quarto de Bruna”
(Bruna olha pela janela e vê Alex saindo, seguido pelos seguranças)
BRUNA: O Alex, o que será que ele está fazendo aqui? Será que é o que eu estou imaginando?
(Um alegre sorriso surge nos lábios de Bruna, que caminha lentamente pelo quarto)
BRUNA: Se o Alex veio aqui, então ele viu a Afrodite e o Frederick noivando… Mas que magnífico! Logo, ele não vai querer mais nada com ela, não mesmo, ainda mais depois de ter presenciado esse noivado. Em breve, Afrodite e Frederick se casarão e com isso, colocarei as mãos em todo o dinheiro da Afrodite. Bruna, Bruna, você será rica!
(Esnobe, Bruna senta-se na cama e gargalha; Lentamente, Ana entra no quarto, assustando Bruna)
ANA: E desmascarada também, your snake!
(Ana encara Bruna, que a olha, espantada; Bruna tenta disfarçar, passando as mãos no cabelo)
BRUNA: Ana? O que você está fazendo aqui, mocinha? Pensei que estava aproveitando a festa de noivado da sua mãe…
(Debochada, Ana sorri)
ANA: Ai, Bruna, como você consegue ser tão falsa, hein?
BRUNA: Falsa? Do que você está falando?
ANA: Pensa que eu não te conheço? Desde quando você ia nos visitar em New York, sempre desconfiei de você. Pensa que não sei que você odeia a minha mãe e é apaixonada pelo Frederick? Eu percebi isso há tempos.
BRUNA: Você só pode estar doida, menina… Vou voltar para a festa!
(Bruna se levanta e ia saindo, mas Ana entra em sua frente)
ANA: Sabe qual é a minha vontade? Enfiar a mão nessa sua cara… Mas não vou fazer isso não. Sabe por quê? Porque eu tenho certeza que my mammy vai ter o prazer de fazer isso quando descobrir quem você é de verdade.
(Irônica, Bruna ri)
BRUNA: Pensa que eu tenho medo dessas suas ameaças… Negrinha? Eu sou muito mais eu, me garanto, queridinha!
(Bruna ia saindo)
ANA: Deixou a máscara cair, Bruna?
(Bruna para e olha para Ana, fixamente)
BRUNA: E eu só te dou um recadinho: Ai de quem entrar no meu caminho, entendeu?
(Seriamente, Bruna e Ana se encaram por alguns instantes; Bruna ajeita o seu vestido e se retira do quarto)
ANA: Vai, Bruna, vai… Vai até onde você consegue ir, pois quanto mais alto, maior é o tombo. E eu, me deliciarei com a sua queda!
(Decidida, Ana sorri, olha-se no espelho e sai)
————————————————————————————————————————————————–
(Chorando, Afrodite entra em seu quarto e deita-se na cama; Preocupada, Cidinha aparece e senta-se na beirada)
CIDINHA: Ai, minha menininha, não fica assim…
AFRODITE: Acabou, Cidinha… O Alex nunca mais vai querer nada comigo. Logo agora que a gente estava tão bem, fazendo planos para o futuro. Por que será que tudo da errado na nossa história, Cidinha? Hein?
(Afrodite está com a cabeça sobre o colo de Cidinha, que alisa os seus cabelos com as mãos)
CIDINHA: Sei que deve estar sendo difícil pra você, mas… Por que você não contou tudo para ele também?
AFRODITE: Eu tentei, Cidinha, eu juro que tentei, mas sempre que estava prestes a contar, alguma coisa acontecia. Aí o tempo foi passando, eu deixei me levar pelo calor do momento e fiquei com medo de magoá-lo, por isso não tive pulso para continuar o assunto. E agora, será que ele ainda me perdoará. 
CIDINHA: Ele te ama, isso todos veem, mas você vai ter que reconquistar a confiança dele outra vez… Você está disposta a lutar pelo amor da sua vida?
(Afrodite nada responde e Cidinha continua a lhe fazer cafuné na cabeça; Os olhos inundados de Afrodite revelam o medo que ela está sentindo em perder o grande amor da sua vida)


————————————————————————————————————————————————–
“Morro da Paz”
(Caminhando por um beco deserto, Alex está chorando bastante; Tati, que vinha na direção contrária, se surpreende ao vê-lo naquele estado)
TATI: (preocupada) Alex, o que houve? Por que você está chorando?
ALEX: A minha deusa não me ama… Ela mentiu pra mim. Mentiu!
TATI: Você não está bem… Vem até a minha casa, vamos conversar. Você vai se sentir melhor, se desabafar com alguém. Vamos!
(Tati conduz Alex até a sua casa e escondido, Fábio vê a cena, não gostando nada)
————————————————————————————————————————————————–
“Casa de Quinho – Sala”
(Ainda chorando, Alex senta-se no sofá e Tati o dá um copo d’água; Com as mãos trêmulas, Alex bebe em um único gole e depois entrega o copo novamente para Tati, que está sentada no braço do sofá)
TATI: Agora me conta, Alex… O que aconteceu pra você ficar assim desse jeito?
ALEX: Sabe, Tati? Eu não sou muito de falar de sentimentos com os outros, mas eu não dou sorte no amor. Eu só me iludo, o tempo todo. Logo agora que ela voltou pro Brasil, eu pensei que o nosso amor estivesse renascendo e que juntos, seríamos felizes outra vez, mas não… Eu chego lá na mansão dela e ela está noivando com outro. Eu sou um idiota mesmo!
TATI: Não, Alex, não fale desse jeito… Você é o melhor homem que existe nesse mundo. E eu… Eu gosto muito de você.
(Tati se aproxima mais de Alex e alisa o seu rosto; Alex seca as suas lágrimas e olhar para Tati, imagina o rosto de Afrodite; Seu desejo fala mais alto e ele a beija, fogosamente; Tati que sente sonhou com esse momento, abre lentamente o blusa de Alex, deixando-o com o dorso nu e no sofá, eles se entregam à paixão e à luxúria)
————————————————————————————————————————————————–
“Casa de Tico”
(Sentada no sofá, Paula está assistindo ao final de “Joia Rara”; Arrumados, Tico e Jhenyfer aparecem)
JHENYFER: Tô bonita, mãe?
(Jhenyfer vai para a frente da televisão e dá uma rodadinha, irritando Paula)
PAULA: Sai da frente, menina… Quero terminar de assistir a novela!
(Triste, Jhenyfer se aproxima de Tico)
TICO: Não vai no culto não, Paula? A Jhenyfer vai fazer uma apresentação, não é, filha?
JHENYFER: É, eu vou dançar a música da Viuvinha, da Aline Barros.
PAULA: (resmungando) Prefiro ouvir Anitta…
(Tico e Jhenyfer se entreolham)
PAULA: Não, não vai dar… Eu estou com uma dor de cabeça bem chata. Não vai dar mesmo pra eu ir. Orem por mim, tá?
(Debochada, Paula ri; Jhenyfer se despede da mãe, com um beijo no rosto e sai com Tico; Paula olha pela janela e os vê, saindo)
PAULA: Livre… Finalmente!
(Animada, Paula vai até o portão e os vê virando a esquina; Safada, ela acena para uns homens e eles entram na casa, todos diferentes uns dos outros; Paula dá uma piscadela para a câmera e fecha o portão, mordendo o lábio inferior)
————————————————————————————————————————————————–
(Na igreja, Sara e Piolho cantam para alegrar as crianças)
SARA e PIOLHO: (cantando) “Jesus vem, Jesus vem, Jesus vem, Jesus vem, do céu nos buscar… Daí Glória a Deus, Aleluia… Daí Glória a Deus, Aleluia”
(Alegres, as crianças acompanham a música, no mesmo ritmo e os mais velhos batem palmas; Tico e Jhenyfer chegam e Sara fica feliz ao vê-los; Animada, Jhenyfer corre pela igreja e se mistura às outras crianças e acanhado, Tico senta-se no último banco; Maria das Graças se alegra pela presença do filho; Já sentado, Tico sorri ao ver Sara, que para de cantar e o olha profundamente; Ainda cantando, agora desritmado, Piolho olha para Sara e se entristece ao ver Tico; Mesmo distantes, Tico e Sara se olham, apaixonadamente)
————————————————————————————————————————————————–
“Um pouco Depois”
(De peças íntimas, Tati está deitada no sofá, olhando Alex que está em pé, fechando o seu blusão)
TATI: Adorei a nossa noite, sabia? Será inesquecível o que aconteceu aqui.
(Realizada, Tati sorri, balançando seus pés)
ALEX: (arrependido) Isso não deveria ter acontecido, Tati.
TATI: Por que não? Você não gostou?
ALEX: Não, não é isso… É que você agora é casada e…
TATI: Você não me ama. Eu já sei, mas só de te ter aqui, pelo menos pela última vez, já me sinto completamente realizada… Você é o melhor de todos os homens que já foram pra cama comigo, Alex. Isso você pode ter certeza!
(Alex sorri e se aproxima de Tati, sentando-se ao seu lado)
ALEX: Tati, agora nós precisamos conversar… Já que você diz tanto me amar, então por que mentiu lá no tribunal, há 28 anos atrás. Por quê?
(Tati suspira e, enfim, toma coragem para confessar)
TATI: Alex… Eu menti naquele tribunal porque…
(Ansioso, Alex aguarda a resposta; Enquanto fala, Tati olha para a janela e se assusta ao ver Fábio, encarando-a, enquanto segura o seu fuzil; Desesperada, Tati dá um grito e se levanta do sofá, apavorada; Preocupado, Alex também se levanta do sofá)
ALEX: O que aconteceu, Tati?
(Alex olha para a janela, mas Fábio se esconde rapidamente; Trêmula, Tati transparece todo o seu nervosismo) 
ALEX: O que aconteceu, Tati… Por que você gritou? Viu alguma coisa, foi?
TATI: Não, Alex, não é nada… Eu acho melhor… Acho melhor você ir pra sua casa.
ALEX: Por que, Tati? Mas e a nossa conversa?
TATI: Depois, Alex, acho melhor eu não falar mais nada…
(Desconfiado, Alex segura os braços de Tati e olha no fundo dos olhos lacrimejantes dela)
ALEX: Aconteceu alguma coisa, né? Me fala, Tati! Quem sabe assim a gente não pode fazer alguma coisa, sei lá?
(Tati olha para janela e Fábio retorna a encará-la, deixando-a com mais medo; Em seguida, Tati olha para Alex e pega as suas mãos)
TATI: É melhor você ir, Alex… Por tudo o que há de mais sagrado nesse mundo, vá embora! Eu estou implorando.
ALEX: Você está muito estranha, Tati, mas eu vou embora. Mas saiba que ainda não desisti de tirar toda essa história a limpo, hein! Eu vou, mas volto para descobrir tudo.
(Tati controla-se para não chorar; Estranhando tudo, Alex ajeita a sua blusa e sai; Atônita, Tati senta-se no sofá e deixa uma lágrima rolar)
FÁBIO: Buu!
(Fábio dá um chute na porta, abrindo-a bruscamente; Apavorada, Tati se levanta)
TATI: (gritando) Saia da minha casa… Fora!
FÁBIO: Abaixa o tom, sua vadia… Eu não te matei antes, mas posso te matar agora. O que o otário do meu primo tava fazendo aqui? Você não abriu a boca, né? Porque senão…
TATI: Pode ficar tranquilo, Fábio… Eu não falei nada pra ele, mas quer saber? Eu tive vontade! Tive vontade de te desmascarar por completo, pra você pagar por todas as merdas que faz.
FÁBIO: Mas vai ficar caladinha, senão vira churrasquinho, já sabe, né?
(Fábio aperta fortemente o braço de Tati, que o encara mortalmente)
FÁBIO: Agora que já bateu ponto com o meu primo, vai bater comigo!
TATI: (irritada) Eu não bati ponto, pois não sou prostitu…
(Antes que Tati possa concluir a sua frase, Fábio a beija fogosamente e a joga no sofá; Tati tenta escapar, mas Fábio a abusa sexualmente, causando-lhe grande revolta; Enquanto é possuída por Fábio, uma lágrima amarga escorre pelo emburrado rosto de Tati)
————————————————————————————————————————————————–
“Enquanto isso no bairro…”
(O culto acabou e as pessoas saem do templo; Triste, Kelly está sentada no meio-fio, com sua bíblia no colo e passando o dedo na areia da rua; Com um salgado na mão, Lucas se aproxima e senta-se ao lado de Kelly)
LUCAS: Quer? Foi a minha vó que fez…
(Lucas estende o salgado para Kelly, que nega com a cabeça)
LUCAS: Que quê foi? Tá triste?
(Com os olhos abatidos, Kelly olha para Lucas)
KELLY: Saudades da minha mãe. Agora ela deve estar lá, naquele lugar pecaminoso… Tenho medo do que pode estar acontecendo com ela. Sabe? Eu gostaria tanto que ela viesse para cá também… Esse bairro é um lugar tão bom!
LUCAS: Você gosta muito dela, né?
KELLY: Você não sabe o quanto, Lucas? Ela pode ser uma mãe desnaturada, mas o amor que eu sinto por ela é incondicional. Falando em amor fraternal… Lucas, você ama o seu pai? O Quinho?
(Diante dessa pergunta, os olhos de Lucas se lacrimejam e ele fica triste)
LUCAS: Eu-eu-eu.. Eu…
(Nervoso, Lucas se levanta e sai correndo para dentro do chuveiro; Sem entender, Kelly o olha, correndo)
KELLY: Ele gosta…
(Afastadas, Maria das Graças está dentro da cantina e Tânia está no balcão, frente a ela)
TÂNIA: O que será que aquela menina falou pro Lucas, hein, mãe? Sendo filha de quem é, não quero ela muito próxima do meu Luquinhas… Pode ser má influência.
MARIA DAS GRAÇAS: Tânia, o Lucas já tem 28 anos, quase 30… Você devia deixá-lo viver a própria vida, não acha?
(Contrariada, Tânia não gosta muito do que ouve)
MARIA DAS GRAÇAS: E o Tico, hein? Fiquei tão feliz que ele veio no culto, mas… Será que ele nem vai passar aqui pra falar comigo?
(Ansiosas, Maria das Graças e Tânia olham para as pessoas; Uma membra da igreja se aproxima e Maria das Graças a atende; Preocupada com o filho, Tânia bate na porta do banheiro masculino e uns adolescentes acham aquilo estranho)
————————————————————————————————————————————————–
(Meio a tanta gente, Tico e Jhenyfer saem do templo)
TICO: Jheny, vai lá dá um beijo na sua avó e vamos pra casa.
(Sorrindo, Jhenyfer concorda com a cabeça e sai correndo; Contente, Sara se aproxima de Tico e aperta a sua mão)
SARA: Oi, Tico… Fiquei tão feliz que vocês vieram. E aí… Gostou do culto?
TICO: Gostei, gostei muito… Bem animado. Pra quem já estava enferrujado como eu, aquela gincana gospel foi bem legal.
SARA: Foi uma ideia do Piolho… Olha só, de onde ele tirou isso, né? Os velhos sofreram pra correr mais do que as crianças.
TICO: Pois é…
(Espontâneos, Tico e Sara riem; Eles se olham, profundamente, e as risadas vão parando; O clima aumenta, mas é interrompido por Jhenyfer, que chega correndo)
JHENYFER: Já fui! Agora vamos, pai, vamos que eu tô apertada… Vamos!
(Jhenyfer puxa Tico pela mão, que sai sem nem conseguir se despedir de Sara; Sara os observa indo embora e um sorriso surge em seus lábios; Afastado, Piolho olha a felicidade estampada em Sara e fica triste)
————————————————————————————————————————————————–
(Tico e Jhenyfer chegam em casa; Jhenyfer vai correndo para o banheiro e se tranca lá dentro; Feliz, Tico acende a luz)
TICO: Cadê a Paula? Será que ela já foi dormir? Mas ainda nem são 22h… Que estranho!
(Tico joga a chave no sofá e caminha para o quarto, se espantando ao ver Paula na cama, com 4 homens)
TICO: Mas, mas… MAS O QUÊ É ISSO?
(Assustada, Paula se desvencilha dos outros homens e olha para Tico, que está enfurecido)
TICO: Paula, que cachorrada é essa?
(Paula se enrola no lençol e se aproxima de Tico, que está com os olhos marejados)
PAULA: Tico, não é nada disso que você está pensando… É que… Eu… Eu estava aqui, ai o cano quebrou e eu tive que chamar o Márcio. Eu estava com fome e tive que chamar o padeiro, o Ricardo. A televisão do quarto pifou e… Eu tive que chamar o Nandinho. E a lâmpada queimou, aí chamei o Rodrigo, o seu melhor amigo. Não é, rapazes?
TODOS: Ééééé…
PAULA: (cínica) Viu, meu rei? Todos estão aqui para o nosso bem. Só para o nosso bem!
(Quando Paula pronuncia a palavra “bem”, ela dá uma reboladinha e os homens admiram)
TICO: Tá bom! Você chamou o encanador, o padeiro, o eletricista, o trocador de lâmpadas e eu sou o palhaço da história, né?
PAULA: Não, você é o meu rei…
(Paula vai para beijar Tico, que a segura pelo braço, bruscamente)
TICO: Acabou, Paula… O banana aqui acordou. E você… Você vai ver o que é bom pra tosse!
PAULA: (temerosa) O que você está pensando em fazer, Tico?
(Receosa, Paula aguarda a resposta e Tico a encara, raivosamente)
————————————————————————————————————————————————–
(Com ódio, Tico arrasta Paula até a rua e a joga no chão; Fofoqueiros, os vizinhos se aproximam)
TICO: É aí que você merece ficar, sua vadia… Na rua!
PAULA: Não, Tico, me perdoe… Me perdoe!
(Pedindo clemência, Paula segura os pés de Tico, que a ignora; Retornando da igreja, Maria das Graças e Verinha se espantam ao ver tantas pessoas)
VERINHA: Graça, o que será que estão fazendo na frente da sua casa? Será que aconteceu alguma coisa?
(Preocupadas, Maria das Graças e Verinha apertam o passo e se espantam com o que vê)
VERINHA: Minha filha, que você está fazendo caída no chão, nesse estado?
PAULA: Ele, mamãe! O Tico me expulsou de casa… Logo eu! Logo eu que sou uma santa!
(Duvidando, todos emitem são de deboche ao mesmo tempo)
PAULA: (gritando) Que foi, hein? Vão cuidar das suas vidas, lavar umas calcinhas, vão!
(Todos riem, deixando Paula mais nervosa ainda)
VERINHA: Tico, eu não admito que você faça a minha filha passar uma vergonha desse tamanho. Eu ordeno que você a peça perdão de joelhos!
MARIA DAS GRAÇAS: Auto lá, Vera… Se o meu filho fez isso com a Paula é porque alguma coisa ela aprontou. Diga, meu filho, o que aconteceu?
(Emburrado, Tico suspira, encara Paula e depois olha para Maria das Graças)
TICO: Sabe o que é, mãe? Eu chegou do culto todo feliz com a minha filha e sabe o que eu encontro? A vadia da minha mulher com 4 homens na cama.
(Todos ficam boquiabertos)
VERINHA: (decepcionada) Paula, por favor… Diga que isso é mentira!
(Com raiva, Paula encara Tico e se levanta, enrolada no lençol)
PAULA: (gritando) Querem saber a verdade? Querem bando de fofoqueiros… É verdade sim! Eu traia essa banana com todo mundo do bairro… Mulheres, vocês também são todas cornas, sabiam? Não? Ficam sabendo agora!
(Paula gargalha; As mulheres olham para os seus maridos, que disfarçam, olhando para o alto; Debochada, Paula olha para Tico)
PAULA: Tico… Você é o homem mais banana que eu já vi. Só te aturava por causa das coisas que você me dava e por causa do seu dinheiro…
(Os olhos de Tico enchem-se de lágrimas e descontrolado, ele dá um tapa na cara de Paula)
TICO: Meus pais me ensinaram a nunca agredir mulher nenhuma, mas você mereceu. De você, só guardo a minha filha… Agora, suma da minha frente. Suma da minha vida!
PAULA: Com todo o prazer, seu banana!
(Paula sorri, enrola mais o lençol no corpo e passa as mãos no cabelo, para alinhá-los; Em seguida, Paula olha para Maria das Graças)
PAULA: E a senhora saiba, que te aturar é um tormento… Haja paciência!
(Maria das Graças fica indignada; Sob as vaias dos vizinhos, Paula sai, seguida de Verinha; Tico chora e Maria das Graças o abraça; Os vizinhos se comovem com a cena)
————————————————————————————————————————————————–
Depois de uma péssima noite, finalmente o novo dia chega trazendo a promessa de um novo recomeço.
“Mansão dos Smith – Copa”
(O clima em volta a mesa não está nada agradável; Frederick está triste pelo fiasco que foi a festa, Ana e Bruna se encaram; Marieta não gosta da presença de Maria das Prazeres em sua mansão)
MARIA DOS PRAZERES: Cidinha, pare de ser incompetente e faço o seu trabalho decentemente.
CIDINHA: Sim!
(Submissa, Cidinha coloca o café na xícara de cada um, enquanto Maria dos Prazeres a orienta; Impaciente, Ana deixa à mesa e sobe as escadas, sob o olhar desconfiado de Bruna; Chegando no quarto de Afrodite, Ana estranha ao não vê-la)
ANA: Mammy, a senhora está aí?
(Ana a procura pelo grande quarto e não a encontra)
ANA: Ué, mas onde será que ela foi?
(Com os seus pensamentos, Ana fica curiosa)  
————————————————————————————————————————————————–
“Morro da Paz”
(Faz dias que Carlos não tem indo à birosca, por causa das fortes dores que tem sentido no fígado: Teimoso como é, não concorda em ir ao médico; Na sala, Maria das Dores e Alex estão sentados no sofá)
MARIA DAS DORES: Então quer dizer que ela te enganou outra vez?
ALEX: Sim, mãe… Quando eu cheguei lá, era a festa de noivado dela com o mauricinho que queria namorar ela na época do colégio. Eu tive vontade de morrer naquela hora, fiquei sem chão… Sabe?
MARIA DAS DORES: Eu sei, meu filho… Sei como é ruim sofrer por amor!
(Triste, Alex deita a cabeça no colo de Maria das Dores, que lhe faz cafuné; Cansada de subir ao morro, Afrodite aparece na porta; Surpreso ao vê-la, Alex levanta a cabeça e a olha)
ALEX: (surpreso) Você?!
AFRODITE: Alex, nós precisamos conversar!
(Maria das Dores não entende; Alex não gosta de ver Afrodite e faz cara feia)
————————————————————————————————————————————————–
(Alex abre a porta e Afrodite entra no quarto dele e dos irmãos; Afrodite olha cada detalhe e Alex fecha a porta)
ALEX: Só não reparar muito, porque perto do seu palácio, esse quarto é uma lata de sardinha.
(Afrodite ri)
AFRODITE: Imagina, Alex… É um quarto muito bonito!
(Afrodite sorri e Alex continua sério)
ALEX: Creio que você não veio aqui falar de quarto… Então, o que quer?
AFRODITE: Alex, eu vi para conversarmos, colocarmos todas as cartas à mesa e ver o que está dando tão errado na nossa história.
ALEX: Sabe o que está errado, Afrodite? É a falta de confiança que está tendo. Por que você não me contou que ia noivar com aquele… Idiota do Frederick?
AFRODITE: Alex, juro por tudo que há de mais sagrado… Eu tentei te contar, naquele nosso encontro, mas… Você nunca deixava eu terminar.
ALEX: Então a culpa é minha, né?
(Afrodite se exalta)
AFRODITE: Ah, você só sabe julgar… Apontar os meus erros, e quando você duvidou do meu amor, há 28 anos atrás? Foi por causa disso, que tudo aconteceu… Foi por causa dessa sua desconfiança que eu decidi deixar o Brasil e esquecer toda a nossa história, sabia? Foi por causa de você!
ALEX: Engana-se você, Afrodite! Tudo começou quando você suspeitou que eu roubei aquele seu colar… Chegou a suspeitar que eu fosse ladrão, só porque sou pobre… Isso que é ter amor?
AFRODITE: Mas a joia estava no seu bolso, Alex, isso não pode se negar. Eu já te perdoei por isso, já falei isso umas mil vezes… Mas, quem colocaria aquele colar no seu bolso? Hein? É uma história muito mal contada.
ALEX: Eu sei lá quem colocou aquele colar no meu bolso, eu só sei que…
(Alex lembra-se de algo e fica quieto)
AFRODITE: Que foi, Alex? Aconteceu alguma coisa?
ALEX: Agora eu estou me lembrando… Foi a Bruna que me deu a ideia de entrar no seu quarto, então só pôde ter sido ela que colocou esse colar no bolso da minha jaqueta. Claro, tudo se explica!
AFRODITE: A Bruna? Não a Bruna nunca faria isso, ela é minha amiga… Alex, a Bruna me contou uma história que só lembrei agora. Ela disse que foi te visitar na penitenciária e você a agarrou e a estuprou. Eu fico com repulsa só de pensar essa cena… Isso é verdade, Alex? Você tocou na Bruna?
(Alex se choca, com tamanha mentira a seu respeito)
ALEX: Claro que não, Afrodite, eu sempre só tive olhos pra você… A Bruna que sempre ia me visitar, dizendo que gostava de mim e que te achava falsa, esnobe e que só preferiu o Frederick porque ele era rico.
(Atônita e com os olhos marejados, Afrodite senta-se em uma das duas camas)
AFRODITE: Mas então… Então a Bruna é uma grande falsa. Meu Deus, como eu fui burra, que nunca desconfiei. Ela sempre tentou nos separar, Alex… Ela tem algum interesse no meu casamento com o Frederick, o que eu ainda não sei.
ALEX: Nós precisamos desmascará-la, Afrodite… Não podemos mais deixar que ela e nem ninguém interfira no nosso amor.
(Sorrindo, Afrodite se levanta)
AFRODITE: Sim, Alex… Juntos, juntos somos mais fortes. Nós ainda vamos derrubar todas essas barreiras que sempre tentou nos afastar e fortalecer o nosso amor a cada dia.
“Alex também sorri… Ao som de um instrumental suave, Alex e Afrodite se abraçam, fortemente, e se beijam, mais do que apaixonados. Agora que já sabem mais do que a metade, farão de tudo para serem felizes, juntos, assim como sempre sonharam”
(A imagem se congela num tom preto-e-branco)
Continua…

Postar um comentário

0 Comentários