Um Amor e Duas Realidades – Capítulo 33 (Antepenúltimo)

“Ao som de um instrumental suave, Alex e Afrodite se abraçam, fortemente, e se beijam, mais do que apaixonados. Agora que já sabem mais do que a metade, farão de tudo para serem felizes, juntos, assim como sempre sonharam”
(Lentamente, Alex e Afrodite vão parando de se beijar e sorriem um para o outro)
AFRODITE: Ah, como é bom poder te tocar novamente… Te beijar! Por um momento cheguei a pensar que te perderia para sempre, sabia?
ALEX: Também pensei que te perderia, minha deusa… Mas o destino nos uniu outra vez e agora será pra sempre, eu tenho certeza.
(Sorrindo emocionada, Afrodite concorda com a cabeça; Apaixonado, Alex sorri e beija os lábios de Afrodite, de maneira romântica; Instantes depois, eles se afastam do beijo e sentam-se na cama)
AFRODITE: Alex, até agora eu não estou conseguindo acreditar no que a Bruna foi capaz. Será que ela estava de comboio com o Frederick?
ALEX: Você ainda tem dúvidas, Afrodite? Mas é claro que isso é plano dos dois…
AFRODITE: Mas por que será?… Mas isso não importa! Se eles armaram contra a gente, temos que desmascará-los, acabar com isso de uma vez por todas.
ALEX: Vamos lá dar uma surra neles, então! Você pega a Bruna e eu acabo com o Frederick…
(Afobado, Alex se levanta da cama e Afrodite segura a sua mão)
AFRODITE: Calma, Alex, precisamos agir com cautela… Armar uma situação em que eles fiquem sem saída.
ALEX: Sim, mas o que faremos então?
(Afrodite fica pensativa e aos poucos, um sorriso audacioso surge em seus lábios)
AFRODITE: Ah… Mas tive uma excelente ideia…
ALEX: (curioso) Qual?
(Não respondendo, Afrodite desvia o olhar, sorrindo; Alex a observa, bastante curioso)
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“Mansão dos Smith – Sala”
(Contente, Afrodite anda pela sala)
AFRODITE: Frederick, como anda a papelada do nosso casamento?
FREDERICK: Tudo indo de vento e poupa, meu amor!
AFRODITE: Pois agilize logo, quero esse casamento o mais depressa possível!
(Animado, Frederick confirma com a cabeça; Confusas, Marieta, Bruna, Ana, Cidinha e Maria dos Prazeres se entreolham e falam em coro)
TODAS: Como assim?!
ANA: (preocupada) Mammy, a senhora bateu a cabeça? Só pode não estar em seu juízo perfeito, não mesmo…
AFRODITE: Não bati a cabeça não, minha filha, muito pelo contrário… A alegria adentrou o meu ser! Estou mais do que ansiosa para esse casamento, tenho certeza que será maravilhoso.
(Ana não entende nada e retorna a sentar-se no sofá, muito confusa; Radiante, Frederick se aproxima de Afrodite, sorrindo de orelha a orelha)
FREDERICK: Afrodite, você não sabe o quanto fico feliz…
(Frederick vai para beijar Afrodite, que se afasta; Envergonhado, Frederick fica com cara de bobo; Explodindo de felicidade, Afrodite rodopia pela sala)
AFRODITE: Ai, como estou feliz com esse casamento… Muito feliz!
(Sorrindo, Afrodite sobe as escadas, correndo, e Ana e Cidinha vão atrás; Bruna fica desconfiada de que alguma coisa esteja acontecendo; Animada, Marieta se levanta do sofá e se posiciona no centro da sala)
MARIETA: Já que a minha filha, finalmente, caiu em si… Vamos aos preparativos! Maria dos Prazeres, sua incompetente, vou fazer um “menu” com todas as comidas chiques que quero que prepare para a festa. E também umas bebid…
MARIA DOS PRAZERES: Só pra deixar claro, Marieta, eu não sou mais a empregada dessa mansão… Eu sou Maria dos Prazeres Duarte, a governanta! Você não pode me dar esse tipo de ordem, eu hein!… Onde já se viu uma coisa dessas? Você me passa o “menu”, que eu passo as ordem para as cozinheiras. Depois a ignorante aqui sou eu…
(Debochada, Maria dos Prazeres ri e Marieta a encara, com raiva; Ignorando a situação, Marieta olha para Bruna, que está desanimada)
MARIETA: Ai, Bruna, que cara é essa? Não está feliz, querida? Você vai ser a madrinha!
BRUNA: (forçada) Eu estou felicíssima, dona Marieta, a senhora não sabe o quanto!
(Marieta sorri e Maria dos Prazeres deixa a sala; Marieta senta-se ao lado de Bruna, e pega uma revista, que estava jogada pelo sofá)
MARIETA: Eu vou te mostrar uns modelitos nessa revista de moda… Tem cada vestido deslumbrante de gala deslumbrante, um mais lindo que o outro. Olha!
(Marieta folheia a revista e mostra os vestidos para Bruna, que não demonstra muito interesse; Deslocado com a conversa feminina, Frederick se olha no grande espelho na parede, explorando a vaidade)
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“Mansão dos Smith – Quarto de Afrodite”
(Feliz, Afrodite está sentada à penteadeira; Ana e Cidinha aparece)
AFRODITE: Cidinha, ligue para o costureiro e o mande vir para cá agora mesmo… Quero fazer a prova do meu vestido de noiva.
CIDINHA: Sim, Afrodite… Mas, me tire uma dúvida? Por que você mudou de ideia tão repentinamente? Até ontem você estava detestando essa ideia de se casar com o Frederick e agora está aí, soltando rajadas de felicidade…
ANA: É mesmo, mammy, o que aconteceu pra te deixar tão crazzy desse jeito?
AFRODITE: (radiante) A felicidade, minha filha! O casamento já está chegando e eu quero ser a noiva mais linda desse mundo…
(Olhando para o espelho, Afrodite sorri; Cidinha e Ana se entreolham)
ANA: Mammy, eu e a Cidinha precisamos te contar uma coisa.
(Afrodite vira-se, olhando para Cidinha e Ana)
AFRODITE: Mas o que há, minha filha?
(Ana suspira, tomando coragem para falar)
ANA: Eu sei que será um grande choque pra senhora, mas… A Bruna é uma cobra. E está armando com o Frederick para darem o golpe do baú na senhora.
(Surpresa, Afrodite não fala nada)
CIDINHA: É verdade, Afrodite… Essa Bruna é uma falsa, dissimulada. Ela te odeia e eu descobri isso quando vocês voltaram para o Brasil. Desde quando eu a peguei falando mal de você, eu e a Ana nos unimos para descobrir quem ela é de verdade.
ANA: É, mammy, esse casamento é tudo um golpe e depois, eles te darão um chute na bunda. Por favor, diga que não vai se casar com aquele mooncalf do Frederick, né? Se eu fosse a senhora, nem pisaria naquela igreja no dia do casamento.
(Sorrindo maliciosamente, Afrodite vira-se para o espelho e se olha, fixamente)
AFRODITE: Muito pelo contrário, minha filha… Eu faço questão de subir aquele altar. Eu, serei a noiva mais linda e esse casamento vai ficar marcado na história.
(Decidida, Afrodite sorri; Confusas, Cidinha e Ana se entreolham, sem entender)


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“Hospital – Sala Médica”
Maria das Graças chega ao hospital para a consulta que estava marcada há semanas.
(Maria das Graças está sentada à mesa, de frente para o doutor)
MARIA DAS GRAÇAS: (preocupada) Então, doutor… O que deu no exame? É grave?
(O doutor suspira, abaixa a cabeça e em seguida olha para Maria das Graças)
DOUTOR: Dona Maria, o resultado dos exames saiu e foi constatado que a senhora está com cisto mamário.
(Surpresa, Maria das Graças leva um baque, colocando a mão na boca)
MARIA DAS GRAÇAS: Mas… Isso é muito grave, doutor? Tem cura?
DOUTOR: Eu sei que é difícil, dona Maria, mas tente ficar tranquila. O cisto apócrino é uma alteração benigna da estrutura da mama. No caso da senhora, é uma massa redonda, múltipla e muito grande, por isso que a senhora estava sentindo tantas dores em seu seio esquerdo. A senhora precisa tirá-lo o mais rápido possível, antes que se desenvolva mais… E como pelo SUS demorará bastante, te aconselho a fazer uma operação particular, aqui na Santa Casa mesmo.
(Os olhos de Maria das Graças enchem-se de lágrimas e o doutor se compadece)
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(Sentada em um banco do pátio do hospital, Maria das Graças chora pela sua doença; Bené, que acaba de receber alta, se próxima ao vê-la)
BENÉ: (preocupado) Graça, o que houve? Por que você está chorando?
(Ainda chorando, Maria das Graças não olha para Bené)
MARIA DAS GRAÇAS: Bené, não esperava te encontrar aqui…
BENÉ: É que eu acabei de receber alto, do acidente de ônibus.
(Maria das Graças olha para Bené, que ainda está com muitos ferimentos no corpo e o braço direito engessado)
MARIA DAS GRAÇAS: (triste) Ah, que bom que já está melhor… Fico feliz por você.
(Maria das Graças esboça um sorriso, sem vontade; Realmente preocupado, Bené senta-se ao lado de Maria das Graças e pega a sua mão, acentuando-a)
BENÉ: E você, Graça? O que faz aqui… E chorando desse jeito?
(Precisando de apoio, Maria das Graças chora mais e encosta a cabeça no ombro de Bené, surpreendendo-o)
MARIA DAS GRAÇAS: Ah, Bené… Você não sabe o quanto estou triste. Descobri que tenho um cisto no seio e vou ter que operar às pressas.
BENÉ: Operar?
(Maria das Graças se desvencilha de Bené e encha as suas lágrimas)
MARIA DAS GRAÇAS: Sim… E só de pensar que eu nem tenho a quantia necessária. E se eu não operar depressa, o cisto pode crescer mais.
(Bené fica tocado com o sofrimento de sua ex-mulher)
BENÉ: Não precisa se preocupar com dinheiro, Graça… Eu pago a cirurgia pra você.
(Maria das Graças é pega de surpresa)
MARIA DAS GRAÇAS: Você pagar? Não, eu não posso aceitar o seu dinheiro.
BENÉ: Eu faço questão, Graça. Eu vou receber um bom dinheiro de indenização, assim dará pra pagar a sua cirurgia. Por favor, aceite! Assim será uma da maneira de recompensar tudo o que fiz de errado nessa vida, inclusive largar a linda família que tinha.
(Bené sorri para Maria das Graças, que desvia o olhar, não sabendo o que falar)
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“Bairro”
(Com duas grandes bolsas velhas cheias de coisas, Tati chega ao bairro e triste, anda pelas ruas; Vindo da feira, Tânia vem na direção oposta e se surpreende ao ver Tati)
TATI: Tânia, que bom que eu achei uma pessoa conhecida. Eu tô tão perdida nesse lugar…
TÂNIA: Tati, que surpresa… Só não posso dizer que é agradável, pois estaria sendo hipócrita.  
TATI: Tânia, eu sei que você não gosta de mim e tem toda a razão, mas… Eu estou tentando acertar, sabe? Eu também quero ser uma pessoa melhor. E pra começar, eu assumo… Eu ficava com o Quinho quando vocês namoravam.
(Tânia respira fundo e olha para o outro lado)
TÂNIA: Isso você não precisa confessar, Tati, pois sempre soube.
TATI: (envergonhada) E você não sabe o quanto me arrependo… Você me perdoa por isso, Tânia?
(Tânia se surpreende com o pedido de perdão e fica sem palavras)
TATI: Eu sei o quanto você amava o Quinho, não sei se ainda ama… Mas ela nunca te esqueceu, isso eu tenho certeza. Você é e sempre será a pitchula dela. Era assim que ele te chamava, né?
(Tati ri e Tânia não gosta)
TÂNIA: Tati, eu… Eu… Eu não quero mais ouvir o nome daquele idiota. O que ele me fez, me abandonar grávida, isso não tem perdão, não mesmo. Ele fugiu da responsabilidade, me deixou sozinha no momento que eu mais precisava. Você acha isso certo? Claro que não, isso não tem perdão!
TATI: Todos erram nessa vida e pedi perdão é uma tarefa difícil. Eu nunca fui uma pessoa ruim, apenas fora de mim, impulsiva. Me sentir desejada é o que eu mais gostava, mas agora percebi que isso não vale a pena. Tânia, me perdoe, por favor… Eu preciso ser uma pessoa melhor e farei de tudo para conseguir.
(Os olhos de Tati enchem-se de lágrimas e Tânia percebe que ela está sendo verdade)
TÂNIA: Deus nos ensinou a perdoar e como conhecedora da Bíblia, sei que essa é uma atitude nobre. Tudo o que passou, ficou lá trás e você deu um grande passo… Reconheceu o seu erro e pediu perdão. Então, quem sou eu para não te perdoar, né?
(Um alegre sorriso surge nos lábios de Tati e Tânia, que se abraçam fortemente; Lentamente, a câmera vai se afastando e um belo instrumental incide na cena)
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(Tânia leva Tati até a “Pensão Pai, Filho e Espírito Santo” e depois vai embora; Tati acena para Tânia, suspira e entra na pensão; Kelly, que conversava com Sara, vira-se para trás e se alegra ao ver Tati)
KELLY: (contente) Mãe!
(Alegre, Tati sorri e coloca as bolsas no chão; Em câmera lenta, Kelly corre e pula no colo de Tati, abraçando-a fortemente; Sorrindo, Sara observa o lindo momento entre mãe e filha; Piolho, que ia saindo da Pensão, vê Tati e corre para abraçá-la também; O abraço coletivo é marcado por grandes emoções e choros de felicidade; Lentamente, eles se afastam do abraço e secam suas lágrimas)
KELLY: Ai, mãe, eu orei tanto pra senhora sair daquele lugar…
(Tati sorri e beija a bochecha de Kelly; Cavalheiro, Piolho pega as bolsas de Tati)
PIOLHO: (curioso) Tati, o que fez te tirar de lá?
(De repente, Tati fica paralisada e seus olhos enchem-se de lágrimas; Ela relembra o estupro que sofreu de Fábio e todos se chocam; Sentida, Kelly agarra-se à mãe)
PIOLHO: (revoltado) Ah, mas que… Que imbecil! A vontade que eu tenho é de matar aquele desgraçado!
JONAS: Não faça nada de cabeça aberta, irmão… A justiça de Deus é muito superior a dos homens.
(Falando, Pastor Jonas aparece e para ao lado de Sara)
PIOLHO: Tá bom, pastor… O senhor acha certo um infeliz abusar da minha irmã? Eu não tenho sangue de barata não.
(Pastor Jonas olha para Tati, que envergonhada, abaixa a cabeça)
JONAS: Isso é tudo é consequência de uma mentira contada no passado. O que você disse que te aconteceu, fez uma pessoa pagar muito caro, não foi? Eu não sei o que aconteceu, mas Deus está me revelando que ele quer te transformar…
(Tati lembra-se que mentiu no tribunal contra Alex e uma lágrima amarga escorre sobre seu rosto)
JONAS: Senhorita… Te convido para o culto. Aceita?
TATI: Mas eu não tenho roupa decente, só curtas…
JONAS: Isso não importa. Deus verá o seu interior e não as suas roupas. Acredite no que esse velho pastor diz, minha filha… Deus quer te transformar pra melhor, basta você querer.
(Emocionada com as palavras, Tati chora, enquanto é abraçada por Piolho e Kelly)
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“Alguns dias depois…”
(Nos fundos da escola, Alice e Matheus caminham lentamente, enquanto tomam milk-shake)
MATHEUS: O milk-shake que a tia da barraca faz é bom demais, né? O meu é de Ovomaltine, meu preferido… E o seu, é de quê?
ALICE: Morango com mashemallow… Adoro!
(Matheus e Alice riem)
ALICE: Matheus, você é o único menino da escola que fala comigo… Por quê?
(Matheus e Alice param embaixo de uma grande árvore)
MATHEUS: Ah, não sei dizer… Você… Você é uma boa amiga. A menina mais inteligente da sala… E também é muito bonita.
(Diante do elogio, Alice sorri, espontaneamente, e suas bochechas ficam coradas)
ALICE: (encabulada) Você… Você… Você me acha bonita?
(Sorrindo, Matheus concorda com a cabeça; Alice sorri, novamente)
ALICE: Você também é muito bonito… Matheus, vou te fazer um convite. A minha festa de 15 anos está chegando e… Você aceita dançar comigo, ser o meu príncipe?
(Diante do convite, Matheus sorri, animando-se)
MATHEUS: Claro que sim, Alice… Será um prazer!
(Feliz, Alice sorri; Matheus e Alice se olham, profundamente, e iam se beijar, mas umas crianças acabam atrapalhando, deixando-os constrangidos; Matheus dá uma piscadela para Alice, que sorri, encantada)
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(Tomando sorvete, Tico, Sara e Jhenyfer caminham pela rua; Jhenyfer vai correndo na frente e Tico e Sara vão atrás, calmamente)
SARA: Muito obrigada pelo sorvete, Tico… Nesse calor, até que caiu bem.
(Tico e Sara riem, juntos; Sara dá mais uma lambida em seu sorvete e Tico a olha)
TICO: Sara, eu fiz questão de te acompanhar até a pensão, porque tenho uma coisa pra te falar.
SARA: O quê?
(Sara não dá muito importância, pois está se deliciando com seu sorvete; Tico procura as palavras certas para dizer)
TICO: Sara, eu tenho uma coisa pra te dizer, desde quando nos conhecemos. Desde a primeira vez que te vi, eu nunca mais parei de pensar em você, nem por um segundo. E… Agora que nada mais me impede, eu queria dizer que… Estou apaixonado por você!
(Surpresa, Sara se engasga com o sorvete e para de andar; Tico faz o mesmo)
SARA: Tico, eu… Preciso pensar.
TICO: Mas me diga… Eu tenho alguma chance?
(Sorridente, Tico pega uma mão de Sara e a olha nos olhos; O coração de Sara começa a acelerar e seus olhos brilham)
SARA: Eu prometo pensar com carinho, Tico!
(Sara dá um delicado beijo na bochecha de Tico e entra na Pensão; Apaixonado, Tico sorri; Da janela da casa de Verinha, Paula vê tudo e não se satisfaz)
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Anoitece rapidamente e a noite no Rio de Janeiro fica movimentada.
(Do lado de fora do Colégio, Henrique está parado, encostado em seu carro; Com sua bolsa, Tina sai do Colégio e Henrique se aproxima)
HENRIQUE: Boa noite, Tina!
TINA: Boa noite, Henrique!
(Henrique sorri e aperta a mão de Tina)
HENRIQUE: Vai querer uma carona, Tina? Já está bem tarde e ônibus agora só daqui a 2 horas.
(Tina não acha uma boa ideia e olha de um lado para o outro)
TINA: Ah, acho melhor não, Henrique… Acho melhor eu esperar um ônibus mesmo. Até amanhã!
(Educada, Tina sorri e ia saindo, mas Henrique a segura pelo braço)
HENRIQUE: Que foi, Tina, está chateada comigo? Há semanas você não aceita mais as minhas caronas… Aconteceu alguma coisa?
TINA: Não, não é nada disso… E que…
(Enquanto Tina fala, ela se sente muito atraída por Henrique, e vice-versa; Eles se aproximam, quase se beijando; Escondido, Naldo observa a tudo, escondido atrás do grande muro do colégio)
NALDO: Safada… Se ela pensa que eu vou ser corno manso, ela está muito enganada. Se ela pode, eu também posso.
(Emburrado, Naldo se retira e vai à um bordel de esquina; Reprimindo seus desejos, Tina se afasta de Henrique)
TINA: Acho melhor eu ir… Até amanhã, Henrique!
(Com o coração pulsante e as pernas bambas, Tina ajeita a sua bolsa no ombro e sai, apressada)
HENRIQUE: Tina, Tina… Você está me deixando louco, mulher!
(Cheio de desejo, Henrique entra em seu carro e dirige)
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(Na igreja, o culto está rolando e Tati compareceu; Um pouco deslocada, Tati está sentada ao lado de Kelly, que segura fortemente a sua mão; Enquanto isso, Pastor Jonas acaba a pregação e ministra a música “História escrita pelo dedo de Deus – do Thalles Roberto”)
JONAS: (cantando) “Jesus pode escrever a sua história de novo, olha o que ele fez comigo / A chance de dar tudo errado era tudo o que eu tinha em mim / Mas olha o que ele fez comigo”…
(Aquela música toca o coração de Tati e uma lágrima escorre pelo seu rosto)
JONAS: (cantando) …“Arrancou aquela tristeza que doía / Me lavou com o seu sangue, perdoou / A minha festa agora é cheia de sorriso / Olha o que ele fez comigo”
(A essa altura, a música já está na metade e Tati completamente inundada de lágrimas amargas; Kelly, percebendo que é o mover de Deus, segura fortemente a mão da mãe e ora por ela)
JONAS: Quem prestou atenção nessa música, viu o que Deus pode fazer. Você, que já estás cansado, desiludido, amargura… Venha, venha correndo para os braços do Pai. Deus, Deus quer escrever a sua história de novo.
(Pastor Jonas faz o apelo e algumas pessoas vão à frente, para aceitarem a Jesus; Tati relembra tudo o que fez de errado na sua vida e percebe que não é assim que quer continuar; Completamente emocionada, Tati sai do seu banco e vai à frente também; Felizes, Kelly e Piolho se entreolham e sorriem; Com as mãos para o alto e prostrada no chão da igreja, Tati entrega o seu coração para Deus fazer morada: Ali é o início de sua nova história)
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“Alguns dias depois”…
“Universidade – Sala de Aula”
(A sala está lotada e a Suzete, a professora, está ouvindo as apresentações; O penúltimo grupo termina e a professora se levanta)
SUZETE: Bom, as apresentações sobre as obras de Willian Shakespeare segue excelentes, agora ouviremos a última apresentação.
(Lucas fica completamente nervoso e Ana o levanta, arrastando-o até na frente da sala; Todos prendem o riso)
ANA: Teacher, como nós ficamos sem grupo, faremos só nós dois mesmo. Bom, falaremos sobre a trágica história de Romeu & Julieta.
(Animada, Suzete sorri e senta-se à sua mesa para prestar atenção na apresentação)
ANA: “A Trágica História de Romeu e Julieta” é um poema narrativo, publicado pela primeira vez em (…) Agora o Lucas vai falar mais sobre a história em si.
(Encarando a turma, Lucas está trêmulo e com as mãos suando; Seu nervosismo ataca e ele não consegue pronunciar palavra alguma; Ana olha para Lucas e Suzete não entende)
SUZETE: Você está bem, Lucas?
ANA: (cochichando) Vai, Lucas… Você consegue!
(Lucas respira fundo, tomando coragem para prosseguir com a apresentação)
LUCAS: (gaguejando) É, uma-uma-uma his-his-história de a-a-a-amor, que…
(Enquanto apresenta, Lucas olha para a turma e vê que todos riem; Envergonhado, os olhos de Lucas enchem-se de lágrimas e ela sai da sala correndo; Todos riem e Ana os encara, saindo em seguida; Nervosa, Suzete se levanta)
SUZETE: O que é isso? Viraram crianças de 3º ano? Que tipo de educação vocês receberam no Ensino Médio? Saiba que fiquei muito chateada com a atitude de vocês diante da dificuldade de um colega de vocês. Em um ambiente escolar é preciso ter empatia, se colocar no lugar do outro, tentar entendê-lo. Saiba que estou muito magoada com essa turma e agora vamos escrever.
(Revoltada, Suzete vai até a grande louça e escreve um gigantesco texto, enquanto alguns alunos se arrependem, como outros não; Chorando, Lucas está prestes à sair da faculdade, quando Ana o impede)
ANA: Calma, Lucas, não fique assim… Vamos conversar!
LUCAS: Como não ficar assim? Você viu? Todo mundo riu de mim, eu sou mesmo a chacota da turma.
ANA: Não fala assim, Lucas… Você é o melhor homem desse mundo. Eu gosto de você!
(Lucas se surpreende e sorri, espontâneo)
LUCAS: Você…
(Ana beija a bochecha de Lucas, deixando-o um pouco mais alegre)
ANA: Venha, vamos lavar esse rosto e tomar um suco lá na cantina.
(Ana puxa Lucas pela mão, sem deixá-lo com direito de escolha)
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Vários dias se passam e chega o dia do casamento de Afrodite e Frederick.
(Com seu vestido de noiva, Afrodite se admira no grande espelho na parede)
AFRODITE: Finalmente… Chegou o grande dia!
(Sem entender, Cidinha e Ana a observam; Ana está sentada na cama e Cidinha está em pé, a olhando)
ANA: Mammy, ainda não acredito que a senhora ainda vai se casar com o Frederick… Ainda mais depois de tudo o que sabe.
AFRODITE: Minha filha, eu farei o que tem que ser feito. Eu vou entrar naquela igreja ao som da marcha nupcial e ponto final.
(Ana fica emburrada e Afrodite sorri)
AFRODITE: E a senhora, Cidinha… O que faz ainda de uniforme? Porque não está arrumada para o casamento.
CIDINHA: A sua mãe me pediu para que ficasse aqui, preparando as coisas para a festa.
AFRODITE: (indignada) Mas de jeito nenhum… A senhora vai sim. Eu quero que todos prestigiem esse momento!
(Virando-se para o espelho, Afrodite sorri, alisando o seu vestido; Ana e Cidinha ficam cada vez mais intrigadas)
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“Casa de Maria das Dores – Quarto de Alex, Luís e Solange”
(De frente para o espelho, Alex coloca um terno preto e Maria das Dores arruma a sua gravata)
ALEX: (preocupado) Mãe, o pai está mesmo com aquilo?
MARIA DAS DORES: Sim, meu filho… Está com cirrose. Também, bebendo daquele jeito há anos, não podia ser diferente, né?
(Alex e Maria das Dores se entristecem; Arrumado, Alex se afasta)
ALEX: Estou bonito, mãe?
(Alex dá uma voltinha e Maria das Dores o admira)
MARIA DAS DORES: Está um príncipe, meu filho… Mas ainda não entendi. O que você vai fazer nesse casamento?
ALEX: A Afrodite faz questão da minha presença, até me deu esse terno. Também não entendi!
MARIA DAS DORES: (desconfiada) Estranho, né?
(Alex fica intrigado)
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“Catedral Católica – Centro da Cidade”
(A Catedral é imensa e muito bela, com decoração arcaica, além de colunas gregas e arcos romanos; Marieta está do lado direito no altar e os pais de Frederick estão do lado esquerdo; Bruna se solta do padrinho do casamente e se aproxima de Frederick, que está radiante de felicidade)
BRUNA: Está feliz, Frederick?  
FREDERICK: Claro, é o que sempre quis… Finalmente a Afrodite será minha.
(Debochada, Bruna sorri)
BRUNA: E eu colocarei as mãos na fortuna dela.  
FREDERICK: Ai, Bruna, como você é, hein… Só pensa em dinheiro? Pelo menos poderia estar feliz com a minha felicidade, né?
BRUNA: Não sou hipócrita, lindo… Se não te terei pra mim, pelo menos sairei ganhando com essa união.
(Frederick não gosta do que ouve; Maliciosa, Bruna sorri e volta para sua posição, ao lado do padrinho do noivo; De repente, a marcha nupcial começa a tocar e todos os convidados se levantam; Duas daminhas de honra entram jogando pétalas de rosas vermelhas, fazendo caminho para Afrodite, que entra de braços dados com Ruez; Ela sorri para todos os convidados e quando seus olhos cruzam com os de Alex, que está no primeiro, ela controla-se para não chorar; Ruez entrega Afrodite para Frederick, aperta a sua mão e vai para o lado de Marieta; Frederick e Afrodite ajoelham-se perante o padre, que realiza a cerimônia)
PADRE: (…) Frederick Campanello Marques, você aceita Afrodite Smith Castanhares como a sua legítima esposa?
FREDERICK: (radiante) Sim, aceito, aceito!
(Frederick sorri para Afrodite, que retribui de maneira discreta)
PADRE: Afrodite Smith Castanhares, você aceita Frederick Campanello como seu legítimo esposo?
(Sorrindo maliciosamente, Afrodite causa suspense; Todos ficam aguardando; Ansioso, Frederick aguarda a resposta)
FREDERICK: (resmungando) O padre já fez a pergunta… Responda, meu amor, responda!
(Afrodite nada responde e Frederick ri de nervoso)
FREDERICK: Ela não ouviu, seu padre… Pode perguntar novamente, por favor?
PADRE: Vou fazer novamente a pergunta… Afrodite Smith Castan…
AFRODITE: Não precisa repetir, seu padre, eu já entendi… E a minha resposta é…
(Todos esticam a cabeça, esperando a resposta)
AFRODITE: (docemente) Não!
(Todos se chocam e cochicham um com os outros; Cidinha e Ana se entreolham e comemoram; Feliz, Alex sorri)
FREDERICK: Afrodite, você não pode estar falando sério… Fala que isso é uma brincadeira. Fala que é o Telegrama Legal, do Domingo Legal.
(Todos os convidados riem)
FREDERICK: (nervoso) Afrodite, Afrodite…
AFRODITE: Não, Frederick… Eu já disse! Eu não aceito me casar com você.
FREDERICK: (lamentando) Eu não acredito…
(Afrodite se levanta)
AFRODITE: E sabem por que eu não aceito? Sabem? Não? Então eu conto! Sabiam… Esse casamento era tudo um golpe para arrancarem o meu dinheiro. Um golpe do Frederick e daquela cobra ali, ó!
(Afrodite aponta para Bruna, que finge indignação)
BRUNA: Afrodite, o que você está falando? Isso tudo é uma mentira!
AFRODITE: Ai, Bruna, mas como você é falsa… Uma cínica! Sua máscara caiu!
(Bruna força choro)
BRUNA: Nossa, que decepção, Afrodite… Eu nunca pensei que você poderia desconfiar de mim. Logo de mim, que sempre fui a sua melhor amiga.
AFRODITE: (impaciente) Ah…
(Intrometendo-se, Ana se levanta)
ANA: Isso é verdade, people… Essa Bruna é uma snake, uma cobra. Eu peguei ela falando que depois do casamento, ia fugir com o dinheiro de my mammy.
TODOS: (chocados) Ooooh!
FREDERICK: É verdade, Afrodite… A Bruna é uma falsa mesmo, uma cobra. Mas eu, eu sempre te amei.
BRUNA: Oh, como ousa me trair, Frederick? Ele te ama sim, Afrodite, para o meu desgosto, mas também sempre quis colocar a mão no seu dinheiro.
FREDERICK: Mas eu desisti desse plano, Afrodite, porque eu te amo. Vamos continuar o casamento.
(Frederick se levanta e pega a mão de Afrodite, que continua séria)
ALEX: Você a ama, mas ela me ama.
(Alex se levanta do banco e vai para o meio da igreja)
MARIETA: Não pode ser, não pode ser… Isso só pode ser o apocalipse!
(Emocionada, Afrodite sorri para Alex)
AFRODITE: Alex…
“Alex também sorri e beija Afrodite, romanticamente; Todos aplaudem e Marieta desmaia, sendo acudida por Ruez; Cidinha e Ana se abraçam, contentes; Com ódio, Frederick encara Bruna, que está com raiva de ter sido descoberta; Mesmo acudindo Marieta, Ruez fica com ódio; Sob os aplausos, Alex pega Afrodite no colo e a tira da igreja”
(A imagem se congela num tom preto-e-branco)
Continua…

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